Antônio Maria (1921-1964)
Fonte: http://culturafm.cmais.com.br/diario-da-manha/musica-escrita-e-boemia-estiveram-na-historia-de-antonio-maria
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Nora Ney - "Menino Grande" (Antônio Maria)
https://www.youtube.com/watch?v=SBzfQT7reok&list=RDSBzfQT7reok&start_radio=1
Pernambucano, Antônio Maria chegou ao Rio de Janeiro em 1940. Tinha 19 anos de idade. Foi locutor esportivo, trabalhou em rádio, jornais, revistas... Foi cronista e colunista social. Era muito amigo de Fernando Lobo, Dorival Caymmi, Rubem Braga e outros brasileiros notáveis. Viveu uma vida muito desregrada. Ao mesmo tempo, era muito querido. Falava de amores e da angústia de viver. Foi um ser humano talentoso e sedutor. Esteve sempre rodeado de mulheres. Contudo, vivia tomado por um sentimento de profunda solidão. Emocionalmente desamparado, era carente de afetos, alto e gordo. Sofria muito com os empréstimos financeiros que contraía - e não conseguia pagar. Em um diário* que escreveu por alguns meses, em 1957, anotou:
"estou gordo",
"vou morrer cedo",
"minha casa é feia",
"me sinto só",
"preciso de alguém mais forte";
"eu não estava nervoso... e sim bêbado, sem nenhuma infelicidade especial";
"sou um cronista, nada mais que um cronista frívolo";
"bebi um pouco, mas não cheguei a sentir nada de melhor".
Como se todo esse perfil auto-depreciativo já não bastasse, também anotou em seu diário:
"Mariinha anda triste. Tenho a impressão de que ser minha mulher acaba com a vida de uma pessoa".
"Valsa de uma cidade" e "Canção da volta" foram compostas por ele, em parceria com Ismael Neto; "Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu", em parceria com Luiz Bonfá; "As suas mãos" e "Se eu morresse amanhã", com Pernambuco; "Preconceito" e "Ninguém me ama", com Fernando Lobo. Com Vinícius de Moraes compôs "Quando tu passas por mim" e "Dobrado de amor a São Paulo".
"estou gordo",
"vou morrer cedo",
"minha casa é feia",
"me sinto só",
"preciso de alguém mais forte";
"eu não estava nervoso... e sim bêbado, sem nenhuma infelicidade especial";
"sou um cronista, nada mais que um cronista frívolo";
"bebi um pouco, mas não cheguei a sentir nada de melhor".
Como se todo esse perfil auto-depreciativo já não bastasse, também anotou em seu diário:
"Mariinha anda triste. Tenho a impressão de que ser minha mulher acaba com a vida de uma pessoa".
"Valsa de uma cidade" e "Canção da volta" foram compostas por ele, em parceria com Ismael Neto; "Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu", em parceria com Luiz Bonfá; "As suas mãos" e "Se eu morresse amanhã", com Pernambuco; "Preconceito" e "Ninguém me ama", com Fernando Lobo. Com Vinícius de Moraes compôs "Quando tu passas por mim" e "Dobrado de amor a São Paulo".
A carência afetiva de Maria era tão grande que, um dia, compôs um samba-canção com traços de "cantiga de ninar". Ele queria que esse samba-canção fosse cantado para ele mesmo. E, assim, "Menino grande", cuja primeira gravação foi feita por sua amiga Nora Ney, expõe, além de sua fragilidade, a necessidade de carinho e proteção que sempre sentiu.
Boêmio e brigão, sua angústia de viver terminou numa madrugada do ano de 1964, em uma calçada do bairro de Copacabana, no Rio. Vítima de um ataque cardíaco, Antônio Maria foi dormir seu sono de menino grande: tinha, então, 43 anos de idade.
Gosto do Antônio Maria. Gosto de sua figura simpática, desencontrada e desregrada. Leio tudo o que escrevem a seu respeito**. Gosto de saber que seres assim, inteiros e honestos consigo mesmos, passaram por aqui e deixaram escancaradas suas histórias de amor e de sofrimento; mas que, ao mesmo tempo, muito nos ensinaram com suas histórias de lutas, de conquistas e de fidelidade às suas próprias verdades.
_________________________________
*Maria, Antônio. O diário de Antônio Maria: apresentação de Joaquim Ferreira dos Santos. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002
**Em especial, admiro o trabalho feito pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, que vem organizando e publicando as crônicas e as histórias de Antônio Maria.
Gosto do Antônio Maria. Gosto de sua figura simpática, desencontrada e desregrada. Leio tudo o que escrevem a seu respeito**. Gosto de saber que seres assim, inteiros e honestos consigo mesmos, passaram por aqui e deixaram escancaradas suas histórias de amor e de sofrimento; mas que, ao mesmo tempo, muito nos ensinaram com suas histórias de lutas, de conquistas e de fidelidade às suas próprias verdades.
Menino Grande
(Antônio Maria)
Eu gosto tanto do carinho que ele me faz
Faz tanto bem o beijo que ele me traz
As horas passam, ligeiras, felizes
Sem a gente sentir
Ele está ao meu lado, com o corpo cansado
Precisa dormir.
Dorme, menino grande
Que eu estou perto de ti
Sonha o que bem quiseres
Que eu não sairei daqui
Oh vento, não faça barulho
Meu amor está dormindo
E o mar, não bata com força
Porque ele está dormindo
Dorme, menino grande
Que eu estou perto de ti
Sonha o que bem quiseres
Que eu não sairei daqui
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*Maria, Antônio. O diário de Antônio Maria: apresentação de Joaquim Ferreira dos Santos. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002
**Em especial, admiro o trabalho feito pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, que vem organizando e publicando as crônicas e as histórias de Antônio Maria.