- ... veja o Van Gogh, por exemplo. Pobretão, solitário, dependente do irmão, carente, um jeito meio maluco...
Esse juízo a respeito do artista, contudo, é proveniente de uma lógica muito simplista. Incompleta, moldada por um olhar desatento e superficial, ela traduz a visão de quem não enxergou, de quem permaneceu distante.
Ao nos aproximarmos de Van Gogh, ao procurarmos ler a sua alma exposta em sua obra, nós nos deparamos com um homem bonito, visitamos seus apegos. Para ele, penso eu, não foi nada fácil suportar a cegueira que reinava ao seu redor.
Ao pensar na história de vida de van Gogh, sinto que não posso permanecer distante daquele a quem observo, se quero conhecê-lo bem. Chegar mais perto e "mergulhar", é a única maneira de compreender as mensagens de amor - ou desamor - emitidas por alguém.
Nossas manifestações, nossos posicionamentos, nossas palavras, são o retrato fiel daquilo que somos: apaziguadores ou beligerantes? agregadores ou segregacionistas? compreensivos ou radicais? interessantes ou desprezíveis? inspiradores ou vazios? Não sei, somente olhos e corações atentos podem tentar avaliar o que procuram compreender...
- Mas.... e você, consegue ler a obra que produz?
Pensando bem....
- Que bobagem! Para que alguém iria querer gastar seu precioso tempo investigando aquilo ou aquele "que diz tudo em poucas palavras", ou que "dá o recado" em uma única imagem, ou ainda que consegue tirar suas conclusões por uma simples leitura?
Quanto a mim, não consigo permanecer indiferente às publicações e às mensagens daqueles que me são próximos, ou daqueles a quem fui movido a querer conhecer. Elas me afetam. Elas mexem comigo. Elas me transformam. Elas me contam o que há na mente e no coração do autor. Elas têm o poder de promover o meu desejo de aproximação ou de afastamento daquele que a tornou pública. Dedico algum tempo para ir além da simples leitura dos textos que chegam aos meus olhos. Quero compreender a obra. Minha vontade é de que venha desprovida de juízos superficiais e destrutivos; de que promova aproximação; que propague uma mensagem de paz, do mais profundo sentimento de amor e compreensão por tudo e por todos... pois que tudo e todos merecem compreensão - e uma boa dose de compaixão.
No final, porém, percebo que a tendência de querer olhar além nos coloca cada vez mais sozinhos.
- Mas, e então? E você, já parou para pensar no que diz a sua própria obra?
Vincent (Don McLean)
Starry, starry night Paint your palette blue and gray Look out on a summer's day With eyes that know the darkness in my
soul
Shadows on the hills Sketch the trees and the daffodils Catch the breeze and the winter chills In colors on the snowy linen land
Now I understand What you tried to say to me And how you suffered for your sanity And how you tried to set them free
They would not listen, they did not
know how Perhaps they'll listen now
Starry, starry night Flaming flowers that brightly blaze Swirling clouds in violet haze Reflect in Vincent's eyes of china
blue
Colors changing hue Morning fields of amber grain Weathered faces lined in pain Are soothed beneath the artist's
loving hand
Now I understand What you tried to say to me And how you suffered for your sanity And how you tried to set them free
They would not listen, they did not
know how Perhaps they'll listen now
For they could not love you But still your love was true And when no hope was left in sight On that starry, starry night
You took your life, as lovers often do But I could've told you Vincent This world was never meant for One as beautiful as you
Starry, starry night Portraits hung in empty halls Frame-less heads on nameless walls With eyes that watch the world and
can't forget
Like the strangers that you've met The ragged men in ragged clothes The silver thorn of bloody rose Lie crushed and broken on the virgin
snow
Now I think I know What you tried to say to me And how you suffered for your sanity And how you tried to set them free
They would not listen, they're not
listening still Perhaps they never will |
Vincent
Estrelada, noite estrelada Pinte sua paleta de azul e cinza Olhe os dias de verão lá fora Com olhos que conhecem a escuridão da
minha alma
Sombras nas colinas Esboce as árvores e os narcisos Sinta a brisa e os arrepios do inverno Nas cores da terra coberta de neve
Agora eu entendo O que você tentou me dizer E como você sofreu por sua sanidade E como você tentou libertá-los
Eles não te ouviam, não sabiam como Talvez agora eles te ouçam
Estrelada, noite estrelada Flores flamejantes que brilham em
chamas Nuvens que giram na neblina roxa Refletem nos olhos azuis de Vincent
Cores mudando de tom O amanhecer nos campos de grãos âmbar Rostos cansados e marcados pela dor São suavizados pelas mãos carinhosas
do artista
Agora eu entendo O que você tentou me dizer E como você sofreu por sua sanidade E como você tentou libertá-los
Eles não te ouviam, não sabiam como Talvez agora eles te ouçam
Pois eles não conseguiam te amar Mas mesmo assim seu amor era
verdadeiro E quando não havia mais esperança Naquela noite estrelada
Você tirou sua vida, como amantes
costumam fazer Mas eu poderia ter dito a você,
Vincent Esse mundo não foi feito Para alguém maravilhoso como você
Estrelada, noite estrelada Retratos pendurados em paredes vazias Cabeças sem porta-retratos em paredes
sem nomes Com olhos que observam o mundo e não
esquecem
Como os estranhos que você conheceu Os homens arrasados com roupas
esfarrapadas O espinho prateado de uma rosa
sangrenta Esmagado e quebrado na neve virgem
Agora eu acho que entendo O que você tentou me dizer E como você sofreu por sua sanidade E como você tentou libertá-los
Eles não te ouviam, e ainda não ouvem Talvez nunca ouçam |