(Tenório Júnior - "Nectar")
Na década de 70 o Vinícius de Moraes, com seu jeito generoso e sua facilidade de fazer amigos, já havia caído nas graças de todas as plateias do Cone Sul e era assíduo em Buenos Aires. Na época estava casado com a “Martita” – jovem estudante e poetisa argentina. Juntamente com o Toquinho, acompanhado pelo baterista Mutinho, o baixista Azeitona e o pianista Tenório, fizeram duas apresentações em um dos teatros da cidade.
Na madrugada de 18 de março de 1976 o Tenório (Francisco Tenório Cerqueira Júnior) saiu do hotel onde estava hospedado com os demais músicos, e deixou um bilhete:
“Vou comprar cigarros e um remédio. Volto logo.”
Não voltou.
Apesar das imediatas mobilizações feitas pelo Vinícius para localizá-lo – consulado, embaixada, habeas corpus – o Tenório não voltou nunca mais.
O misterioso desaparecimento só foi revelado anos depois quando um suboficial argentino declarou ter participado do sequestro do músico. Segundo seu relato, Tenório foi sequestrado por quatro homens, levado a uma delegacia e, depois, à Escola de Mecânica da Armada onde, segundo testemunhas, foi assassinado. Ainda segundo seu relato, Tenório, que falava bem espanhol, foi sequestrado pelos seus cabelos compridos, barba, e aspecto desalinhado – um típico intelectual de esquerda.
Seis dias depois do sequestro um golpe de Estado derrubou a presidenta Maria Estela Martinez de Perón (Isabelita Perón), e instalou-se uma Junta Militar no governo da Argentina - tendo Jorge Rafael Videla assumido o poder nos dias que se seguiram. Nesse período de ditadura (1976/1983), na Argentina, foram muitos os “desaparecidos”: Tenório, brasileiro, foi um dos primeiros.
Na madrugada de 18 de março de 1976 o Tenório (Francisco Tenório Cerqueira Júnior) saiu do hotel onde estava hospedado com os demais músicos, e deixou um bilhete:
“Vou comprar cigarros e um remédio. Volto logo.”
Não voltou.
Apesar das imediatas mobilizações feitas pelo Vinícius para localizá-lo – consulado, embaixada, habeas corpus – o Tenório não voltou nunca mais.
O misterioso desaparecimento só foi revelado anos depois quando um suboficial argentino declarou ter participado do sequestro do músico. Segundo seu relato, Tenório foi sequestrado por quatro homens, levado a uma delegacia e, depois, à Escola de Mecânica da Armada onde, segundo testemunhas, foi assassinado. Ainda segundo seu relato, Tenório, que falava bem espanhol, foi sequestrado pelos seus cabelos compridos, barba, e aspecto desalinhado – um típico intelectual de esquerda.
Seis dias depois do sequestro um golpe de Estado derrubou a presidenta Maria Estela Martinez de Perón (Isabelita Perón), e instalou-se uma Junta Militar no governo da Argentina - tendo Jorge Rafael Videla assumido o poder nos dias que se seguiram. Nesse período de ditadura (1976/1983), na Argentina, foram muitos os “desaparecidos”: Tenório, brasileiro, foi um dos primeiros.
Em novembro do ano passado, por iniciativa de um deputado portenho (Raul Puy), foi descerrada uma placa na fachada do Hotel em Buenos Aires de onde Tenório saiu para nunca mais voltar. Na placa, o seguinte texto:
FRANCISCO TENORIO CERQUEIRA JÚNIOR, TENORINHO
Aqui se hospedo en su última visita a Buenos Aires este
Brillante musico Brasileño de Toquinho y Vinicius
Brillante musico Brasileño de Toquinho y Vinicius
Luego víctima de la dictadura militar.
(1941/1976)
HOMENAJE DE LA LEGISLATURA DE LA CIUDAD DE BUENOS AIRES
(Detalhe das placas na entrada do Hotel Normandie - foto: arq. pessoal)
Nós velhinhos , vamos treinando nossa memória. Lembro vagamente.
ResponderExcluirObrigado, Honório, pela visita ao blog e pelo comentário postado. Penso que, de tempos em tempos, precisamos comentar fatos passados para que as novas gerações não se esqueçam de que nem tudo foi só poesia. Grande abraço.
ExcluirAdorei o texto meu querido amigo! O nosso querido Tenorio Jr merece todas as nossas homenagens!Esses absurdos vergonhosos ocorridos na época da Ditadura jamais serão esquecidos..Perdas irreparáveis..Fraqueza humana desses torturadores insanos..Deprimente..
ResponderExcluirObrigado, Kamyla, pela visita ao blog e pelos seus comentários. Fiquei muito contente por você ter gostado do texto.
ExcluirA homenagem é muito importante pois o homem e músico não pode ser esquecido. Importante também para evidenciar a todos, de todas as idades, o perigo que ditaduras trazem à humanidade. Se Tenório estiver nos vendo : - amigo, dá um Sol Maior aí, por favor!
ResponderExcluirDe fato... o homem, o músico, e fatos passados. Em tempos de descartabilidade e imediatismo, conhecer o passado é começar a construir um futuro (melhor). Obrigado pela visita ao blog e pela postagem de seus comentários. Quanto ao acorde pelo Tenório, começo em sol maior, dou sequência em lá menor e continuo em ré com sétima... Grande abraço!
ExcluirAcabo de assistir o filma "Os Desafinados" onde o personagem vivido pelo ator Rodrigo Santoro é sequestrado por torturadores argentinos quando havia saído para comprar cigarros. Acredito que tenha sido uma homenagem do Walter Lima Jr. (diretor) a este triste e vergonhoso acontecimento.
ResponderExcluirOlá João. Ainda não assisti "Os Desafinados", mas gosto do tema... gostei da sugestão. Vou procurar o filme para vê-lo. Tudo indica que, de fato, a homenagem ao Tenório tenha sido feita em "Os Desafinados". Interessante que, na madrugada de sábado, eu também estava assistindo um filme à respeito do mesmo assunto: "Visões" ("Imagining Argentina", título original), de 2002, do diretor Christopher Hampton (gostei bastante). Obrigado pela visita ao blog. Volte sempre! Grande abraço.
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