sábado, 22 de junho de 2013

O FUTEBOL E SUAS LIÇÕES



(fonte: ferraztaticas.blogspot.com.br)


O futebol inspira uma série de reflexões. Inclusive, promove comparações em relação às formas de condução dos diferentes povos.

Fiquei pensando nisso outro dia enquanto assistia um jogo pela Copa das Confederações. A disposição dos times no gramado e a forma tática de jogar eram totalmente diferentes. Os jogadores de um time jogavam valorizando a troca de passes curtos, evoluindo e envolvendo o adversário sem prender a bola; os jogadores do outro recebiam a bola, conduziam-na, prendiam-na, buscavam o drible ou procuravam um passe longo na esperança de despertar a "fúria" individual de algum jogador talentoso.

No jogo uma seleção, valorizando o toque rápido e o passe de bola, mostrava o valor do conjunto, de cada jogador individualmente como parte importante do todo, construindo uma equipe. Na outra seleção os jogadores correndo com a bola, indo "na raça", esperando a "explosão" de algum talento isolado, evidenciava o culto à individualidade. 

As diferentes formas de jogar refletem a cultura de cada país. E exatamente como mostra o futebol - penso eu -, em países instáveis a política tem se desenvolvido - e as instituições (não) têm funcionado.

Nas instituições, assim como no futebol, é necessário que impere a impessoalidade do coletivo. É claro que, eventualmente, alguém mais habilidoso faz a diferença - como fez Pelé, como tem feito Messi no futebol... Mas isso é raro, circunstancial... Porque precisamos ficar na expectativa do surgimento de um ser único, de um talento individual, que faça as coisas funcionarem bem?

As instituições são a nossa maneira de nos protegermos da personalidade e dos abusos de poder. Mas, internamente, o que temos visto é a prevalência da pessoalidade. Nossa cultura e nossa ordem social está construída em torno do indivíduo, e não em função de um coletivo impessoal.  

Mas, voltando ao futebol: e a seleção brasileira? é pelo coletivo ou pelo individual? Os jogadores formam um conjunto que evolui com a participação de todos, ou o sucesso do grupo está dependendo da "explosão" do talento de um só? 

E ainda, por extensão, o que esperamos de nossas instituições? Que sejam compostas por agentes que trabalham coletivamente sob os critérios de impessoalidade, ou que sejam um aglomerado de indivíduos isolados que podem a qualquer momento, e por algum de seus agentes, na raça, na marra, no grito e no peito, "chutar o pau da barraca" e reinventar o Brasil?   

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