Minha intenção é publicar aqui as coisas que leio, vejo, penso ou observo, e que me fazem sentir que acrescentam. Afinal, as coisas só se tornam inteiramente bonitas quando podem ser compartilhadas e se mostram repletas de significados comuns.
("Piano Recital" - Sera Knight - fonte: http://www.seraknight.co.uk/music-paintings/IMGP0558_550.jpg)
"A vida é breve,
mas cabe nela muito mais
do que somos capazes de viver"
(José Saramago)
(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO LÊ E PARA ASSISTIR EM SEGUIDA)
(Judith Jáuregui - Valsa da Dor, de Villa-Lobos)
Buscando mensurar a verdade contida nesse axioma do José Saramago, em epígrafe, penso no infinito imaterial de que somos dotados, todos nós em somatória, e cada um de nós individualmente. Lá dentro tudo é possível, tudo é desejado e tudo é imediato!
Mas a alma infinita habita o corpo limitado. Daí a necessária compreensão de que há algo além, inatingível, utópico. Se assim não fosse, se não vivêssemos movidos pelas utopias, não haveria sentido em nada... e a vida, então vazia de encantos, perderia o seu sentido... Ao interpretar "A valsa da dor", do Villa-Lobos, a pianista espanhola Judith Jáuregui saiu de si mesma. Transcendeu. Foi transportada sabe Deus para onde, e para que tempo. Mas estou certo de que, no momento em que tocava a valsa, a partir daquela sala e naquele piano, tão longe e tão perto, o lugar onde esteve foi também aqui e agora, onde me encontro... Aqui e agora, nessa pequena sala onde ouço a gravação de sua interpretação, e de onde parto para muito além do que posso imaginar.
Outro dia pus para tocar no carro um pendrive que ganhei de um amigo. Havia ali Elis Regina, Paulo Moura, Georges Moustaki, Olivia Byington, Tom Jobim, Itzak Perlman e muitos outros. Uma bela salada musical! Mas o que mais me agarrou no pensamento foi uma gravação de "Uma valsa e dois amores", do Dilermando Reis, no violão do Raphael Rabello.
("Uma valsa e dois Amores", de Dilermando Reis - violão: Raphael Rabello)
Nesses meus cinquenta e poucos anos de vida, não faz muito tempo que ouvi essa valsa pela primeira vez - e desde então fiquei maravilhado com ela. Foi em uma das minhas aulas de violão com o professor Geraldo. Atrasado, do portão de entrada, sem que me visse, eu a ouvi sendo tocada por ele. Fiquei parado, imóvel, quieto... e decidi que também precisava aprender a tocá-la. Ele que se virasse para fazer com que as notas brotassem do meu violão!
(O Professor Geraldo - foto publicada no facebook)
E ele conseguiu; as notas brotaram. Depois de alguns meses de estudo eu já estava pronto para tocá-la por inteiro. Daí prá frente, sempre que pegava o violão, a primeira coisa que me vinha aos dedos eram suas notas introdutórias: "mi... si dó# mi sol# si dó#..."
Mas o tempo passou e o violão ficou meio de lado.
Pois naquele dia, ouvindo no carro o Raphael Rabello, veio-me a vontade de tocar novamente a valsa. A noite, em casa, peguei o violão e procurei pelas notas no seu braço. Não as encontrei. Fugiam-me todas! Os dedos buscando, uma por uma, acorde por acorde... e nada...
Mesmo sem tocá-lo, o meu violão ali no canto da sala de casa guarda em si muito do que eu sou e do que eu fui. Afinal, ele está comigo há 38 anos; desde 1975. O simples fato de eu poder vê-lo todos os dias já me é um alento para as tormentas da vida. Mas sei que ele também sente... e ao fazer fugir de mim as notas que guarda, finge que me esquece.
Corri para as minhas pastas de partituras e fui à procura de "Uma valsa e dois amores". E ali estava, inteirinha, algumas anotações minhas, outras do meu professor, como que a me perguntar por onde andei...
("Uma valsa e dois amores" - partitura. Fonte: arq. pessoal)
Devagarinho, remontando tudo, na cozinha, fiquei tentando reencontrar a harmonia na sequência de notas. Não conseguindo achá-las com a mesma destreza de antes fui me deitar, já tarde, pensando nas coisas que gosto e que tenho deixado para trás...
Hoje, analisando os caminhos que tenho seguido, tantos deles acompanhados do mesmo violão, fui em busca de um vídeo para ver e ouvir música. Encontrei a Ana Moura cantando o fado "Ouvi dizer que me esqueceste"... E, ao ouvi-lo, penso e o dedico ao meu violão - companheiro paciente no canto da sala...
OUVI DIZER QUE ME ESQUECESTE
(Jorge Fernando)
Guitarra triste, ouvi dizer que me esqueceste
no teu gemido tão magoado.
Guitarra triste, perdi a vez e tu perdeste
o ceu oculto onde anoitece e nasce o fado.
O meu peito se apequena como se a alma atormentada
entre as cordas vibrando se quisesse esconder.
Fecho os olhos e triste sigo a voz desesperada
que como eu está gritando toda a dor de viver.
Guitarra triste, ouvi dizer...
..............................
Não vou querer repartir com mais ninguém a solidão
escondida de mim no teu triste trinado
O meu traído amor calou a minha dor dessa traição
Foi por isso que enfim nunca mais cantei fado.
Guitarra triste, ouvi dizer....
............................
("Ouvi dizer que me esqueceste" - Jorge Fernando - voz Ana Moura)
(Monumento aos Voluntários de Guará, na Revolução de 1932 - foto: arq. pessoal)
Nove de Julho é feriado somente no Estado de São Paulo. Esse feriado nos faz lembrar - a nós, paulistas - que no ano de 1932 o Estado deu início à chamada "Revolução Constitucionalista". Seu objetivo era o de fazer com que o governo provisório, instalado no poder por golpe de estado, providenciasse a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para a elaboração de uma nova Constituição.
Derrotado no confronto armado, São Paulo foi vencedor nos ideais: a Assembleia Constituinte foi instalada em 1933, e no dia 16 de julho de 1934 foi promulgada a primeira Constituição da era Vargas (segunda do período republicano; terceira brasileira).
Para lembrar a data, a praça principal da minha terra natal (Guará, SP) foi denominada "Praça Nove de Julho". Ali, em um dos seus canteiros, há um fuzil, um capacete e uma placa em homenagem aos guaraenses-voluntários que lutaram na Revolução.
Descerrada a placa em 09 de julho de 1998, na gestão do então Prefeito César Antônio Moreira, ficaram perpetuados os seus nomes para que sempre sejam lembrados:
Arthur Affonso Bini
Attílio Gomes de Mello
Américo Migliori
Halley Henares
João Nogueira
Joaquim Dias dos Santos
José Nogueira Reis
Manoel Rodrigues
Mário de Paula
Mathusalém Carvalho Silva
Nilo Conceição (Dr.)
Olympio de Souza
Renato Amaral Muniz
Valentim Alves da Silva
Vitelbo Nogueira
(Detalhe do Monumento: A placa com os nomes - foto: arq. pessoal)
Conheci pessoalmente alguns desses voluntários. E foi da seguinte maneira que estes ficaram na minha memória:
- Arthur Affonso Bini - meu vizinho e meu primeiro professor de violão - um ser brilhante e diferenciado;
- Américo Migliori - um senhor muito simpático que sorria, falava baixo e dirigia uma caminhonete. Dele muitas vezes ganhei balas de goma no bar do seu irmão - Sr. Alberto;
- Halley Henares - preocupado em dar a cada um aquilo que lhe era de direito, muitas vezes, na companhia de meu pai, criticava dispositivos do Código Civil; - João Nogueira - o "seu Zico" - frequentei muito sua casa. Dele, guardo a lembrança de seus ares de bondade, seu espírito de tolerância e retidão;
- José Nogueira Reis - meu tio Nogueira. De chapéu meio de lado, vivia assobiando. Ao seu lado não havia tristeza. Gostava de vê-lo em casa;
- Manoel Rodrigues - marido da minha tia-avó "Cida" e chamado em família de "tio Manezinho". Era sério, discreto e de muita paz;
- Mathusalém Carvalho Silva - alto, magro, distribuía sorrisos pela cidade em percursos de bicicleta.
A todos esses guaraenses, e em especial aos que conheci pessoalmente, a minha homenagem.
(Alguns dos Voluntários: José Nogueira Reis, Américo Migliori, Mathuzalém, Manoel Rodrigues, "Quinzote" e voluntário não identificado - foto cedida pelos Drs. Marco Aurélio e Romeu Franco, e postada no facebook por Marco Antônio Migliori)
(Voluntário João Nogueira, o "Seu Zico", recebendo título de cidadão guaraense - detalhe de foto postada por Helena Maria Baroni no facebook)
(Versos alusivos à Revolução de 1932, escritos e assinados pelo Voluntário João Nogueira - seu Zico - fonte: postagem de Helena Maria Baroni no facebook)
(Certificado de recebimento de Medalha da Constituição - outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ao "seu Zico" - fonte: postagem de Helena Maria Baroni no facebook)
(Annie Girardot - "Vivre pour vivre" do filme com o mesmo nome. Dir. Claude Lelouche, 1967)
Todo mundo sabe que bolsa de mulher é igualzinho a uma partida de futebol: uma caixinha de surpresas. Isso porque nunca se sabe o que pode ser encontrado ali dentro. São coisas sempre inesperadas: desde documentos, estojos de maquiagem, vidrinhos de esmalte, lixa de unhas, garrafinhas de iogurte, balas, pendrives, clipes, até giz e apagadores de lousa - coisa que eu mesmo já encontrei mexendo onde não devia.
Mas outro dia, sozinho em casa, vi ao meu lado uma bolsinha da minha mulher. Era preta, pequena, de couro, e com uma alça enorme. O que poderia caber ali? Tão pequena em relação aos modelos atuais! Fiquei imaginando e comparando o seu conteúdo com o conteúdo das bolsas enormes que vejo dependuradas no ombro das mulheres nas ruas. Como bom curioso que todo mundo é - e eu também -, e por estar totalmente desocupado naquele momento, tomei-a nas mãos. Estava leve; parecia vazia. Fiquei avaliando seu peso, volume, material utilizado na sua produção; e ainda, como bom engenheiro que um dia imaginei ser, fiquei pensando nas linhas de produção das fábricas de bolsas, no corte do couro, no setor de costura, na colagem, no controle de qualidade, e nas diferenças entre o custo de produção e o preço de venda ao consumidor...
Como tudo isso não foi o bastante, ao examinar o fecho abri-o sem querer: e vi uma porção de "bilhetinhos" cuidadosamente agrupados.
É verdade que nos nossos anos de namoro escrevi muitos bilhetes de amor que sei que foram guardados na época... mas, já se passaram mais de vinte anos... continuarem guardados com todo cuidado, por tanto tempo, me parecia pouco provável.
Bom, mas também poderiam não ser bilhetes escritos por mim...
- "Uai, se não por mim, bilhetes de quem ela teria guardado? E se fossem de um outro? ou de outros? Meu Deus, mas que idéia!" - pensei.
E foi aí que minha mente, naquele momento desocupada, passou a funcionar conforme sentencia a sabedoria popular: "Uma mente desocupada é oficina do diabo!"
Tremendo de inquietação fui tirando da bolsa, um por um, os papeizinhos que ia encontrando. Para minha surpresa, vi registros... registros de nosso tempo e de nossas atividades culturais: eram ingressos de alguns shows e exposições que fomos juntos, eu e ela...:
("A bolsa e os segredos" - foto: arq. pessoal)
-Renoir, o pintor da vida - exposição no MASP, maio/2002;
-Fundación Teatro Colón - visitas guiadas, julho/04;
-Toquinho e Paulinho da Viola - Teatro Pedro II, 24/08/98;
-João Bosco: as mil e uma aldeias - Teatro Pedro II, 22/09/98;
-Vinho do Porto Concert: Maria Bethânia e Mísia - Teatro Pedro II, 27/09/98;
-Caxambu - Parque das Águas - bilhete de entrada;
-Ney Matogrosso - "Olhos de Farol" - Teatro Pedro II, 23/maio/99;
-Chico Buarque - "As Cidades" - Teatro Pedro II, 30/07/99;
-Nana Caymmi - Teatro Pedro II, 13/10/99;
-Leila Pinheiro e banda - "Reencontro" - Teatro Municipal, 19/11/00;
-Catia Campos Academy: "Cinderela" -Ballet -Teatro Municipal 18/11/00;
-MPB-4 e a Nova Música Brasileira - Teatro Pedro II, 10/agosto;
-João Bosco - "Na Esquina" - Teatro Pedro II, 14/09/01;
-Egito Faraônico - Terra dos Deuses - MASP, 24/10/01;
-Museu de Arte Sacra de Ouro Preto - recibo de ingresso, sem data;
-Orquestra Sinfônica de Rib. Preto - solistas: Duo Assad; Regente Cláudio Cruz, Teatro Pedro II, 19/04/03;
-Orquestra Sinfônica de Rib. Preto - solista: Fábio Zanon; Maestro Mateus Araújo, Teatro Pedro II, 10/04/04;
-Vânia Bastos canta Clube da Esquina - Teatro Pedro II, 12/06/04;
-Orquestra Sinfônica de Rib. Preto - solista: Dori Caymmi; Maestro Mateus Araújo, Teatro Pedro II, 07/08/04;
-Coral de Câmara "Camerata Vocalis" da Universidade de Tübingen, Alemanha, Teatro Pedro II, 11/03/05;
-"Uma Noite em Buenos Aires" - Teatro Pedro II, 24/08/05;
-"Carmina Burana" - Cia. Minaz - Teatro Pedro II, 07/10/05;
-Verônica Ferriani - "Do samba ao Jazz" - Teatro Pedro II, 28/10/05;
-Miúcha - SESC Rib. Preto, 03/03/06;
-The Beatles Songs" -Cia. Filarmônica de São Paulo -Teatro Pedro II, 04/03/06;
-"Os Saltimbancos" - Khorus Einstein - Teatro Pedro II, 17/09/06;
-Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo -OSESP-, regência John Neschling; solista Antônio Meneses, Teatro Pedro II, 22/10/06;
-Chico Buarque - "Carioca" - Teatro Pedro II, 02/12/06;
-Paulinho da Viola - Teatro Pedro II, 14/12/06;
-Paulinho Nogueira no SESC Rib. Preto - sem data;
-Ópera do Malandro - Cia. Minaz - Teatro Pedro II, 23/03/07;
-"NDR Bigband e João Bosco" - Teatro Pedro II, 16/05/07;
-"As turca" - Teatro Municipal, 26/maio;
-Zizi Possi - "Per Amore" - Teatro Pedro II, 28/outubro;
-Marisa Monte - "Universo Particular" - Teatro Pedro II, 29/04/07;
-Bachiana Chamber Orchestra - maestro João Carlos Martins - SESI, 15/06/07;
-Quarteto em Cy canta Tom Jobim - SESC Araraquara, 25/04/07;
-Orquestra Sinfônica de Rib. Preto - "Beethoven para Pensar" - reg. Reginaldo Nascimento, 04/08/12;
-Sebastião Tapajós - Franca - Teatro Municipal;
-Caetano Veloso - "Cê" - Teatro Pedro II, 17/06/07;
-Mercedes Sosa - no Via Funchal, São Paulo, 18/10/07;
-Johnny Rivers and Band: "Do you wanna dance" - Teatro Pedro II, 04/05/10;
-The Australian Bee Gees e Orquestra Sinfônica Villa Lobos - Teatro Pedro II, 14/05/10;
-Yamandu Costa - "Mafuá" - Teatro Pedro II, 13/10/11;
-DUOFEL "The Beatles" - SESC Rib. Preto, 15/02/12;
-Orquestra Sinfônica de Rib. Preto - regente: Gian Luigi Zampieri; coro e solistas Cia. Minaz, 07/04/12; - ..........
Essa bolsinha guarda coisas de um valor inestimável. Como eu poderia imaginar toda essa riqueza ali dentro? Prá você ver, meu amigo: em uma pequena bolsa de mulher pode caber até as maiores coisas do mundo - o registro de muitos dos momentos felizes de um homem, inclusive.
Do talento, da sensibilidade e da delicadeza humanas nasceu essa música: "He ain't heavy, he's my brother". Gravada pelo grupo "The Hollies" em 1969, fez muito sucesso no início dos anos 70. Foram muitas as vezes que a ouvi por acaso. Um dia comprei o "compacto" e a pus prá tocar até me cansar. O meu disco sumiu... mas nunca, nunca em todos esses anos que a ouvi e cantei "mecanicamente" havia me atentado para suas palavras.
Há pouco tempo, em uma madrugada, enquanto tentava dormir, eu a ouvi baixinho pelo rádio. Acordei no dia seguinte "com a música na cabeça", tentando decifrar a mensagem que ela transmitia. Colhi uma por uma de suas palavras, montei as frases, e a compreendi: não era uma "água com açúcar" qualquer feita unicamente para os muitos "bailinhos" de antigamente; mas trazia uma mensagem de amor, de solidariedade, de doação - feito um conto de Natal.
Na postagem de "He ain't heavy..." acima, no youtube, li essa historinha:
O fato que inspirou essa canção é o seguinte: Certa noite, em uma forte nevasca, na sede de um orfanato em Washington DC, um padre plantonista ouviu alguém bater à porta. Ao abri-la ele se deparou com um menino coberto de neve, com poucas roupas, trazendo em suas costas, um outro menino mais novo. A fome estampada no rosto , o frio e a miséria dos dois comoveram o padre. O sacerdote mandou-os entrar e exclamou : - Ele deve ser muito pesado. Ao que o que carregava disse: - Ele não pesa, ele é meu irmão. (He ain't heavy, he is my brother) Não eram irmãos de sangue realmente. Eram irmãos da rua. O autor da música soube do caso e se inspirou para compô-la . E da frase fez-se o refrão. Esses dois meninos foram adotados pela instituição"Missão dos Orfãos", em Washington, DC
Porque a música me reapareceu de repente, e porque a sua redescoberta me trouxe sentimentos bons eu não sei. Talvez tenha trazido o sabor da juventude daquele tempo... Ou talvez tenha vindo para me alertar de que as mensagens nascidas da
realidade do nosso mundo precisam ser conhecidas e avaliadas; e que principalmente continuem tocando o coração de quem as ouve: isso dá sinais de que não estamos anestesiados. Por isso eu a coloco
para tocar novamente, releio sua letra e, sensibilizado, eu a compartilho por intermédio dessa postagem.