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("Paciência" - Lenine)
"O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência"
(Lenine)
E então nos sentamos em torno de uma mesa comprida. Sete senhores. Na ponta, uma cadeira vazia. Na sala pequena, sob nossos olhares, abre-se a porta e entra um candidato. Jovem, contido, inseguro. Pretende ser escolhido para uma bolsa de estudos. Aguarda, observa, pergunta com o olhar. Depois de sentar-se, e a pedido de um dos sete senhores, começa a ler em voz alta um texto seu previamente elaborado. O texto trata de coisas vagas... Os sete senhores se olham. O candidato termina a leitura. Aguarda comentários - que não são feitos. Pergunta novamente com o olhar perdido... É solicitado para que fale de si. Apresenta-se; apresenta a família, o trabalho, a vida pregressa, os motivos que o movem a concorrer à bolsa. Passa a ser questionado. Cada um dos sete senhores lança diversas perguntas... Nas respostas o candidato despe o seu universo cheio de vida e anseios... Aguarda... Faz-se silêncio. Fim.
- "Um mundo ficou suspenso no ar", penso. "Será que aquele mundo contribuiu para que cada um dos mundos ali presentes, nas demais cadeiras em torno da mesa, seja reexaminado?", me pergunto. "E se contribuiu para isso, que tipo de transformação esse reexame será capaz de promover?"
O candidato levanta-se e agradece. Leva consigo perguntas no olhar. Deixa seu universo exposto.
Um outro candidato entra e ocupa a mesma cadeira. Os sete senhores repetem o mesmo procedimento...
A cada resposta, a cada mundo desnudado, revejo o meu. Me emociono; revisito antigos ideais e me redescubro... mas não só me redescubro: me incomodo e me inquieto...
- "Não consigo pensar em mim mesmo sem, no final, sentir um certo desespero" - disse uma vez Clarice Lispector em um dos seus livros...
Tomo um gole de água e retomo minha lucidez.
Formulo e faço perguntas aos candidatos... Refaço-as, silenciosamente, a mim mesmo.
- "Não tenho respostas prontas... e nem sei se saberia responder as perguntas formuladas pelos demais senhores", penso.
A cada resposta, a cada mundo desnudado, revejo o meu. Me emociono; revisito antigos ideais e me redescubro... mas não só me redescubro: me incomodo e me inquieto...
- "Não consigo pensar em mim mesmo sem, no final, sentir um certo desespero" - disse uma vez Clarice Lispector em um dos seus livros...
Tomo um gole de água e retomo minha lucidez.
Formulo e faço perguntas aos candidatos... Refaço-as, silenciosamente, a mim mesmo.
- "Não tenho respostas prontas... e nem sei se saberia responder as perguntas formuladas pelos demais senhores", penso.
Sem que possam me ouvir, agradeço a cada um dos candidatos por me permitirem conhecer seu mundo; agradeço por me mostrarem o quanto somos iguais em nossas diferenças e o quanto precisamos uns dos outros para nos ampararmos.
E continuo pensando...
- "O que será de cada um desses jovens? O que será desses senhores? O que será de mim? O que será...?"
E continuo pensando...
- "O que será de cada um desses jovens? O que será desses senhores? O que será de mim? O que será...?"
No final, com todos reunidos na mesma sala, e desejando que sejam felizes independentemente de resultados, com muita gratidão me despeço de cada um com um aperto de mão... e com mil outras perguntas que só o tempo é capaz de responder...
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