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("Morning has broken" - Cat Stevens)
“Sou o mesmo Cat
Stevens. Só estou mais evoluído espiritualmente”
(Cat Stevens, em entrevista
à revista “Veja”)
É feriado na cidade. Não saí de casa. Fiquei
na sala lendo, escrevendo e ouvindo as gravações do Cat Stevens. No meio da tarde fui à
cozinha fazer um café artesanal bem forte e doce. Enquanto mexia o café ainda na panela, pensava no Cat Stevens e na sua curiosa história
de vida.
O Cat Stevens é inglês; fez muito sucesso no Brasil e no mundo no final dos anos 60 e nos anos 70. Já famoso contraiu tuberculose e submeteu-se a um longo
tratamento; quase incógnito, morou no Rio de Janeiro por três anos; compôs uma
música instrumental em homenagem ao Milton Nascimento*. Converteu-se ao islamismo e, por alguns anos, deixou a vida artística. Voltou a gravar com outro nome
artístico. Em 2004, com o mundo ainda assustado com os atentados de onze de
setembro, foi impedido de ingressar nos EUA. Atualmente vive em Londres e passa
muitas temporadas em Dubai - nos Emirados Árabes.
Em uma entrevista publicada na revista Veja** ele
contou que, ainda nos anos 70 quase morreu afogado em uma praia dos Estados
Unidos; que no momento daquela quase tragédia ele pediu a Deus que não o
deixasse morrer; que passaria o restante de sua vida a servi-lo se
conseguisse se livrar daquele afogamento. Depois disso converteu-se ao islamismo em 1977, e logo em seguida adotou o nome de
Yusuf Islam.
(Yusuf -
Fonte: http://www.express.co.uk/celebrity-news/515263/Scalpers-prompt-Yusuf-Islam-to-cancel-New-York-show)
Em 2013 veio ao Brasil para fazer dois shows em
São Paulo e um no Rio. A mídia aplaudiu os shows e celebrou o artista com carinho.
Lembro-me que, na época, fiquei muito contente ao ler as reportagens publicadas
nos jornais e revistas em torno das suas apresentações e de sua passagem por
São Paulo.
A conversão ao islamismo e o sumiço do mundo artístico por um tempo me fez pensar que o artista havia deixado de ser quem era. No
entanto, quando reapareceu, encontrei o mesmo Cat Stevens que sempre gostei. Na referida
entrevista publicada na revista "Veja" ele falou de si mesmo:
- “Sou o mesmo Cat Stevens. Só estou mais evoluído espiritualmente”.
E ao falar assim a respeito de si mesmo ele fala de todos nós: somos os mesmos que sempre fomos. Contudo, com o passar do tempo, vamos nos transformando espiritualmente; vamos adquirindo a capacidade de ampliar a compreensão que temos das pessoas que nos cercam, sem a necessidade de julgá-las, e de observar com gratidão os encantos que a natureza nos proporciona. E o exercício dessa capacidade, sem dúvida, é o que podemos chamar de evolução.
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*"Nascimento" - do disco "Back to Earth", de
1978
** Revista VEJA, edição 2340, 25 de setembro de 2013