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Chet Baker - "Almost blue"
https://www.youtube.com/watch?v=z4PKzz81m5c
Eis-me aqui, meu amigo, de olho em você, que me aparece bem ao lado direito da tela do meu computador. Sua foto me conta que estás bem. Nela você sorri. Seu sorriso me alegra. Ao lado de sua foto o sinal verde me diz que estás acessível. Sinto-me motivado a enviar-lhe uma mensagem dizendo que estou contente por vê-lo. Detenho-me por um instante. Fico olhando seu rosto sorridente com as marcas dos ensinamentos trazidos pelo tempo:
- "Já não somos mais jovens..." - penso.
- "Já não somos mais jovens..." - penso.
Os minutos se sucedem e continuo te olhando. Penso no quanto ficaria contente se subitamente surgisse em minha tela alguma mensagem sua endereçada a mim. Certamente aí onde você se encontra o sinal que indica meu status, ao lado de minha foto, também lhe diz que estou acessível. Apesar de distantes no tempo e no espaço estamos acessíveis um ao outro.
Outros minutos foram consumidos e continuo ansiando por uma manifestação sua, alguma mensagem, qualquer coisa pessoal, que me conte de você, que me fale de seus projetos e de suas aflições... que pergunte de mim...
Esboço no espaço de mensagens a minha saudação: "Olá, como vai?" Ao mesmo tempo me vem o receio de parecer ridículo e inconveniente por puxar papo em um dia útil, por incomodá-lo no seu trabalho. Crescemos juntos. Hoje somos dois senhores amadurecidos, responsáveis e atarefados. Apago o meu rascunho e permanecemos assim, eu e você, acessíveis, sem nada dizermos. Permanecemos "on"... estamos silentes...
Retomo os compromissos do meu trabalho com a intenção de continuar a fazer o que é preciso que seja feito. Mas não consigo parar de pensar no nosso silêncio.
- "Estávamos acessíveis... nada dissemos..." - fico pensando.
- "Estávamos acessíveis... nada dissemos..." - fico pensando.
Fonte - https://ria.ru/incidents/20131022/971709860.html
Nada tínhamos a dizer? Estamos anestesiados? Não nos importa saber o que temos feito de nossas vidas? Houve um tempo em que éramos tão próximos, tão amigos, conversávamos todos os dias...
Sim, há muito o que ser dito e conversado!
Decidido a te ler e a te ouvir paro novamente o meu trabalho. Procuro sua foto dentre as muitas outras que me sorriem do lado direito da tela. Quero perguntar de você, falar de mim, de nossas famílias, de nossos amigos, conversar sobre nossos sucessos, expectativas e fracassos... quero rir... quero falar bobagem... Sinto-me alegre ao imaginar o conteúdo de sua resposta à mensagem que ainda nem te enviei.
Não importa, meu amigo - meu velho e querido amigo. Bateu saudade. Tens que me ouvir; tens que me ler. O que estiver fazendo deverá ser interrompido para que possamos nos comunicar instantaneamente. A atenção, o carinho, as histórias comuns são mais importantes que quaisquer outras coisas.
Procuro por você novamente no lado direito da tela. Já não te vejo. Já não estás mais ali... já não estás acessível. Perdemos a oportunidade de pelo menos nos cumprimentarmos, de dizermos "olá, como vai? estou aqui!"
Procuro por você novamente no lado direito da tela. Já não te vejo. Já não estás mais ali... já não estás acessível. Perdemos a oportunidade de pelo menos nos cumprimentarmos, de dizermos "olá, como vai? estou aqui!"
Mais uma vez fui consumido pelo receio de estar sendo infantil ao atrapalhar o trabalho de alguém de quem tanto gosto - e que talvez tenha pensado o mesmo em relação a mim; mais uma vez deixei que nos perdêssemos nos elétrons que viajam dentro dos fios metálicos, nas ondas invisíveis que nos (des)conectam pela internet...
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