quinta-feira, 27 de setembro de 2018

TITO MADI


CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO LÊ
Tito Madi, dele, "Sonho e Saudade"
trecho do filme "Amor para três" (Dir.: Carlos Hugo Christensen, 1959/1960)
https://www.youtube.com/watch?v=IoPBL_AHhfM


     Passei algumas noites da semana assistindo, pelo "youtube", aos depoimentos, histórias e entrevistas que foram feitas com o Tito Madi. Ao mesmo tempo, deixei no meu carro um pequeno pacote contendo suas gravações em CD, para que eu pudesse ouvi-las quando quisesse. Ainda hoje, enquanto eu dirigia para o trabalho, ele "veio" comigo cantando e recontando suas histórias vividas em Pirajuí (SP) - sua terra natal.

     "Chove lá fora"* é sua música mais conhecida. Ela foi gravada, inclusive, pelo famoso grupo vocal norte-americano "The Platters".

     Lembro-me de que, no final da década de 70, um colega que tive na universidade ganhou de presente, de uma colega sua, sobrinha do Tito Madi, um autógrafo dele, especificamente destinado ao meu amigo. Achei o presente genial.


Tito Madi (1929-2018)
http://www.plugadosnanoticia.com/2018/09/compositor-tito-madi-morre-aos-89-anos.html

     Gosto de ouvir suas gravações. Gosto de sua fala, de seu canto. Gosto de saber da existência de um alaúde dependurado em uma das paredes de sua casa...

     Tito Madi faleceu ontem (26/09), no Rio de Janeiro, aos 89 anos de idade. Hoje, "a noite certamente vai estar fria"... e, muito provavelmente, estará "chovendo lá fora".

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*"Chove lá fora" (canção gravada em 1957, pela Continental, no álbum com o mesmo título) - foi o maior sucesso na carreira de Tito Madi - Versos introdutórios: "A noite está tão fria, chove lá fora...")

terça-feira, 18 de setembro de 2018

A CASA DA ESQUINA


CLIQUE NA SETA PARA OUVIR DURANTE A LEITURA
Baden Powell - "Por Causa de Você" (Tom/Dolores)
https://www.youtube.com/watch?v=2wLmOZdiSu0


     Sou a memória de um tempo. Já tive flores em meus jardins. Minhas janelas viviam abertas. Por minhas portas entravam amigos...


Palacete Camilo de Mattos - esquina R Duque de Caxias c/ Tibiriçá, em frente à Praça XV
(Ribeirão Preto, SP) - Fonte: arq. pessoal (09/2018)


     Hoje, em minha vizinhança, há somente agências bancárias e lojas de departamentos: todas impessoais. Por suas portas entram apenas clientes. Em lugar de flores, há anúncios luminosos. Em lugar de janelas abertas, há vidros blindados e dispositivos de segurança...

     Guardiã de memórias que teimam em sobreviver, a despeito de sua suposta inutilidade, resisto à frieza funcional. Meu abandono está escancaradamente exposto... minhas janelas estão destruídas... minhas flores estão mortas: sou apenas um imóvel cadastrado em uma repartição pública.

     Acompanhada de antigos fantasmas, na escuridão da esquina movimentada  eu olho para a praça principal da cidade grande... dessa cidade tão cheia de pressa para ir... para ir não se sabe para onde...

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

BRANCA


CLIQUE NA SETA PARA OUVIR
Jacques Klein e Ezequiel Moreira - "Branca" (Zequinha de Abreu)
https://www.youtube.com/watch?v=OpzPmQQlRXU


     Vou contar uma história. Uma história de gente de cidade pequena. De gente que passa muitos anos da vida remoendo, em segredo, um sentimento amoroso que se assemelha a um sofrimento. Trata-se, portanto, de uma história de amor. De um amor que, tendo brotado de um coração sensível, floresceu em valsa, encantou e virou filme.


Tônia Carrero e Anselmo Duarte (no filme "Tico-tico no fubá" - Dir, Adlofo Celi, 1952)
Fonte: http://bonavides75.blogspot.com/2013/08/filme-tico-tico-no-fuba-de-1952.html


     Assisti no cinema. Começa o filme com a chegada de um circo a uma cidadezinha do interior do Brasil. Dentre os diversos artistas que com ele chegam, está Branca - uma bela amazona. Por ela, Zequinha, um jovem funcionário público municipal e também pianista amador, apaixonou-se. Por poucos dias viveram um grande amor.

     Mas, encerrada a temporada do circo naquela cidade, encerrou-se, também, o relacionamento amoroso entre Branca e Zequinha. Cada qual seguiu sua vida. 

     Anos mais tarde, em uma cidade grande, Zequinha, agora pianista profissional, reencontrou sua antiga namorada. Logo após revê-la, e, para ela ter executado a valsa "Branca", por ele composta, sentiu-se mal, foi para a rua, e, no chão, terminou sua história.

     Assim é o enredo do filme.

     A história, contada no cinema, foi inspirada na vida e na obra de Zequinha de Abreu*. Das composições de sua autoria, é da valsa "Branca" que mais gosto. Sempre que a ouço, fico pensando se Branca foi uma musa verdadeira, ou se foi simplesmente fruto de sua imaginação.

     Pelo que se conta**, Branca realmente existiu. Conta-se que ela era filha do chefe da estação ferroviária de Santa Rita do Passa Quatro (SP) - um senhor que também era músico da orquestra regida por Zequinha de Abreu. Não se pode afirmar, ao certo, se houve ou não paixão de Zequinha por Branca. O que se conta é que ela casou-se (não com Zequinha), teve uma filha, separou-se, foi professora de violão e piano, e morreu em 1980 aos 74 anos de idade.

     "Branca" (a valsa) foi gravada no ano de 1931, no mesmo disco que lançou "Tico-Tico no Fubá" - choro que deu título ao filme comentado. Em Santa Rita do Passa Quatro, "Branca" é nome de rua... e Zequinha de Abreu, célebre compositor da música popular brasileira, é um cidadão imortal.


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(PEQUENO TRECHO DO FILME)
"Tico-tico no fubá" - (Brasil, 1952. Dir.: Adolfo Celi)
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=PYyM594V8lA
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*José Gomes de Abreu (Zequinha de Abreu) - (1880-1935) - compositor, natural de Santa Rita do Passa Quatro (SP). Faleceu de ataque cardíaco em um hotel no centro de São Paulo.
**Pesquisa: http://www2.carosouvintes.org.br/o-imortal-zequinha-de-abreu-%E2%80%93-parte-2/