A singrar teias do destino, desato as amarras das minhas caravelas. Velejo em direção ao horizonte, além de onde outros ventos sopram novos ares.
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Mariza - "Há uma música do povo"
Não fossem bravura e coragem, não teria sido ampliado o Velho Mundo. A inquietação lusitana, depois de vencer indescritíveis tormentas, desembarcou no paraíso para transformar em civilizado o que era puro.
Mas aqui dentro do peito, meu coração permanece ancorado em portos seguros. Ainda assim, conduzindo a mesma saudade e os mesmos sonhos dos que, um dia, do lado de lá, acenavam seus lenços de despedida para os que partiam para cá, enfrento minhas próprias tormentas e vou além-mar: retomo palavras que ilustram os meus anseios, e solto a voz a entoar meu novo fado...
Há uma música do povo
(Poema de Fernando Pessoa, musicado por Mário Pacheco)
Há uma música do povo,
Nem sei dizer se é um fado —
Que ouvindo-a há um chiste novo
No ser que tenho guardado...
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser...
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver...
E ouço-a embalado e sozinho...
É essa mesma que eu quis...
Perdi a fé e o caminho...
Quem não fui é que é feliz.
Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção...
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração...
Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido...
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!
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