sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

PORTO DAS CAIXAS

 

Irma Álvares e Henrique Bello, em "Porto das Caixas" - cena do filme
https://arthurtuoto.com/2018/03/27/porto-das-caixas-1962/

    Fui rever ontem, pelo YouTube, o filme “Rio, 40 graus”. Ao final, e sem que eu tivesse programado, um outro filme nacional começou a ser exibido: “Porto das Caixas” (1962, Saraceni). Com realismo intimista e com um toque de neorrealismo italiano, chamou-me a atenção a música tema para o filme: nada mais nada menos do que uma composição do Tom Jobim em parceria com o Vinícius de Moraes - e executada pelo próprio Tom: "Derradeira primavera". Que maravilha!

Mônica Salmaso - "Derradeira Primavera" (Tom/Vinícius)
https://www.youtube.com/watch?v=M_SJYPQV7hM

Põe a mão na minha mão
Só nos resta uma canção
Vamos, volta, o mais é dor
Ouve só uma vez mais
A última vez, a última voz
A voz de um trovador

Fecha os olhos devagar
Vem e chora comigo
O tempo que o amor não nos deu
Toda a infinita espera
O que não foi só teu e meu
Nessa derradeira primavera

    Embalado pelo trabalho que vi na tela, e pela sua trilha sonora, fui descobrir, em pesquisa, que o filme, baseado em obra de James M. Cain (“O carteiro sempre bate duas vezes”), já fora adaptado outras duas vezes para o cinema: “Obsessão” (1943, Visconti), e “O destino bate à sua porta” (1949, Garnett). Dois grandes "clássicos"!

    Em “Porto das caixas” (1962), com argumento de Lúcio Cardoso, um crime ocorrido no interior do Estado do Rio de Janeiro foi adaptado para o filme. Paulo Cesar Saraceni, diretor desse que foi o seu primeiro longa-metragem, tempos depois, fez dois outros filmes baseados em histórias de Lúcio Cardoso - os quais, juntamente com "Porto das Caixas", compuseram a chamada “Trilogia da Paixão”: “Porto das caixas” (1962), “A casa assassinada” (1971), e “O viajante” (1998).

    É, meus amigos... O cinema brasileiro, que sempre foi tratado com imenso e injusto descaso, ensina, celebra, motiva e inspira. Relaciono a seguir alguns filmes nacionais, independentemente de fase, mas com ênfase nos mais antigos, que não me canso de rever (muitos, acessíveis pelo YouTube), para que você, meu raríssimo leitor, possa dar um mergulho significativo em nossas inteligentes produções. 


"Noite vazia" (1964; Dir.: Walter Hugo Khouri)

"O menino e o vento" (1967; Dir.: Carlos Hugo Christensen)

"Rio, 40 graus" (1955; Dir.: Nelson Pereira dos Santos)

"Toda nudez será castigada" (1973, Dir.: Arnaldo Jabor);

"São Paulo, sociedade anônima" (1965, Dir.: Luis Sérgio Person);

"Viagem aos seios de Duília" (1964, Dir.: Carlos Hugo Christensen);

"O som ao redor" (2013, Dir.: Kleber Mendonça Filho);

"A coleção invisível" (2013; Dir.: Bernard Attal)

"Tico-tico no fubá" (1952; Dir.: Adolfo Celi);

"Barravento" (1962; Dir.: Glauber Rocha)

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