terça-feira, 3 de setembro de 2024

DO SENA AO SAPUCAÍ: A EPOPEIA DE UM NAVEGANTE

 

Abertura dos Jogos Olímpicos, 2024 - Rio Sena
Foto: publicada na página Olympics, do facebook, postada em 23/01/24

para o Rui

Na abertura das Olimpíadas de Paris, o rio Sena foi a "avenida" pela qual desfilaram as delegações dos diversos países participantes. As ruas, as avenidas e os grandes rios foram, ao longo do tempo, e continuam sendo, os locais onde acontecem grandes desfiles cívicos, religiosos, comemorativos... e também muitas manifestações políticas.

Por caminhos batidos por animais, procurando trajetos mais curtos, desviando dos incômodos do calor do sol, dos acidentes do relevo, os homens vão se locomovendo, fazendo nascer ruas que, inicialmente estreitas e sinuosas, dentro de um povoado, são o embrião das grandes avenidas das cidades. De forma análoga, dos pequenos cursos de água, córregos, riachos, regatos, ribeirões, os rios. Assim, por ruas e avenidas, riachos e rios, vamos nos deslocando no espaço público.

"Fado Tropical" - Chico/Ruy Guerra
https://www.youtube.com/watch?v=NfjaFMah7sE

Depois de ter assistido à abertura das Olimpíadas, e depois de ter lido alguns comentários a esse respeito, fiquei imaginando muitas impossibilidades que poderiam até fazer algum observador sensato duvidar da minha sanidade... O curso dos rios, o traçado das ruas… sonhando estar em um pequeno barco, acompanhando o fluxo das águas… do Sena ao Thames, cruzando o Canal da Mancha no mesmo barco; seguindo ao sabor dos ventos até o Danúbio, da Floresta Negra até o Mar Morto… depois até o Reno, navegando dos Alpes até o Mar do Norte… por fim encontrando o Tejo… que, em trajetória inversa à cantada no "Fado Tropical" (Chico/Ruy Guerra), “numa pororoca, depois de cruzar o Atlântico, deságua no Rio Amazonas…”. Do Rio Amazonas, descendo pelo Tapajós, Araguaia, São Francisco, por rios riachos e corredeiras... pelo Paranaíba, pelo Rio Grande... num barquinho muito valente, em "dias de luz, festa de sol”, encontro-me no Rio Pardo... E sigo remando, remando... até que o Pardo, de alguma forma, encontre o Sapucaí. Daí, plantada às suas margens, a cidadezinha… a Cachoeira do Yamaguchi… o pequeno rancho… onde, por tantas vezes, deitado preguiçosamente no chão, olhava o céu… até adormecer de cansaço… sonhando navegar, um dia, pelas águas do Rio Sena…

O Rancho do Yamaguchi, às margens do Sapucaí
Foto: acervo pessoal (década de 70)

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