A um desconhecido que, sem saber,
numa noite de segunda-feira,
proporcionou momentos de beleza
a um senhor que passava pela praça central
da cidade anestesiada.
(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR DURANTE A LEITURA)
A
caminho do teatro, passei ontem à noite pela praça central. Em passos
apressados tentava evitar os dissabores que as regiões centrais das cidades
grandes têm nos oferecido. Mas fui surpreendido. A “Melodia Sentimental” do Villa-Lobos
e Dora Vasconcelos, linda, lindíssima, vinha do chão, do subsolo, e cobria de
encantos todos os canteiros. Eu estava diante de um chafariz enorme, majestoso,
tomado de beleza. Não pude me deixar vencer pela pressa. Parei. Sozinho. Os
jatos de água, sob o foco de luzes coloridas tingiam de cor e vida a enorme
praça. Ficamos todos ali parados e entregues por alguns instantes: eu, meus
braços, minhas pernas, minha cabeça e os meus pensamentos... Ao fundo da porção
de água mais distante iluminada de branco, e propulsionada pelo jato central,
contrastava o azul escuro do céu da noite. Lindo “de morrer”! Por uns instantes
detive-me ali na praça deserta, formando um todo harmônico com as plantas, com
as árvores, e com os monumentos de granito às celebridades do passado. Éramos
uma plateia calada, maravilhada, extasiada... nós e a lua, no céu distante...
("Fonte Luminosa" da Praça 9 de julho, em Guará. Foto: Flávia Nogueira, postada no facebook)
Procurei um banco para me recompor e acalmar meu
deslumbramento. A música tomando a praça, somada às cores dos focos de luz,
trouxe-me moças de outros tempos vestidas de domingo, caminhando aos pares ao
redor do chafariz. Diante de mim e de todos nós ali, parados, elas aparentemente
nos cumprimentavam desfilando sua beleza.
Fiquei assim por alguns instantes, olhando as
cores, dançando com as águas, revendo meus fantasmas - até que a música cessou,
as luzes do chafariz se apagaram, e a noite se acomodou:
- “Queira
Deus que essa noite se desdobre em muitas outras, pintando de cores a triste
escuridão da praça deserta... e que muitos outros senhores, em sua pressa de caminhar,
detenham-se para admirá-las”.
Pensando
assim levantei-me apaziguado, agradeci por aquele espetáculo e, devagar, segui
caminhando sem me importar para onde...
RP, 26jun2012
RP, 26jun2012
Elias, bom ler suas palavras e ver cada detalhe descrito.Sua facilidade em trazer as imagens me fez viajar... E a emoção veio junto com a alegria de saber que nossa memória pode ir longe, mas sempre temos boa companhia!!
ResponderExcluirGrata por compartilhar! Abraço
Guta (Ahh... Gostei também por ser a data do meu aniversário!rs)
Cinco anos passados, só agora vejo este seu comentário. Desculpe-me, Guta. Sei que às vezes sou desatento. Te agradeço pelo comentário postado e pelo carinho de sempre. E aproveito para te cumprimentar pelo 31 de outubro de 2017, desejando a você saúde, felicidades, muitos anos de vida.
ExcluirAmo o que transparece nos seus escritos, pura poesia,e lembranças que nos faz voltar ao tempo, sonhar e reviver bons momentos, grata meu amigo por poder chama- lo de meu amigo. Grande abraço.
ResponderExcluirSou eu que agradeço, Ana Cristina. Muito obrigado, e um grande abraço.
ExcluirGosto muito do que vc escreve e sempre me impressiono com tudo o que vc diz.E me reportei ao Guarazinho e A fonte lumionosa de onde ,além das águas ,saía tb uma música que me encantava. Parabéns!!!
ResponderExcluirObrigado, Rose Marie. De fato, água, luzes e música na praça...
ExcluirElias, como sempre, suas palavras nos remetem aos momentos agradáveis e belos que outrora já vivemos.Você faz o tempo ir parando aos poucos e aí nossas memórias boas vão surgindo.
ResponderExcluirParabéns, poeta. Abraço.
Elias, como sempre, suas palavras nos remetem aos momentos agradáveis e belos que outrora já vivemos.Você faz o tempo ir parando aos poucos e aí nossas memórias boas vão surgindo.
ResponderExcluirParabéns, poeta. Abraço.