sexta-feira, 18 de outubro de 2013

VINÍCIUS DE MORAES, CEM ANOS

 
Se estivesse vivo, o Vinícius de Moraes estaria completando cem anos amanhã, 19 de outubro. A respeito dele muito já foi dito, escrito, lido, cantado, estudado... Eu não poderia acrescentar mais nada. 

Por isso, não me animei em fazer qualquer postagem aqui no blog à respeito dele. Ficaram comigo os meus pensamentos em relação à data. Aliás, ficariam... 

Ainda agora, começo de noite, vindo da rua e entrando no meu escritório para pegar minha bolsa e começar o final de semana, ouvi - não sei vindo de onde - os acordes da "Valsa de Eurídice".

Como não sou insensível a esses sinais, antes de sair peguei na estante um dos livros do Vinícius, abri-o em uma página qualquer, e li para mim mesmo em voz alta o primeiro poema que encontrei: "A Terra". Seria minha singela homenagem a ele... 

II - A TERRA*


Um dia, estando nós em verdes prados 
Eu e a Amada, a vagar, gozando a brisa 
Ei-la que me detém nos meus agrados 
E abaixa-se, e olha a terra, e a analisa 

Com face cauta e olhos dissimulados 
E, mais, me esquece; e, mais, se interioriza 
Como se os beijos meus fossem mal dados 
E a minha mão não fosse mais precisa. 

Irritado, me afasto; mas a Amada 
À minha zanga, meiga, me entretém 
Com essa astúcia que o sexo lhe deu. 

Mas eu que não sou bobo, digo nada... 
Ah, é assim... (só penso) Muito bem: 
Antes que a terra a coma, como eu.  

Caraca...! Mas esse Vinícius era danado mesmo! 

Pensando bem, é um ótimo começo para o final de semana... Como é bom ficar relendo suas coisas... 

Mas não resisto: mesmo tarde - e antes de ir embora -, abro o computador e venho homenageá-lo aqui nos seus cem anos. 

E no embalo dos versos acima, aqui vai um papo descontraído do Chico com o Toquinho. Eles comentam o que o Vinícius disse que queria de diferente em si mesmo se pudesse voltar à vida depois de sua morte...



(CLIQUE PARA ASSISTIR)


* De "Os Quatro Elementos" - escrito em Montevidéu em 1960

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