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(Eydie Gormé e Trio Los Panchos - "Sabor a mi", do mexicano Alvaro Carillo)
O bolero teve origem em Cuba quase no final do século 19, e ficou conhecido popularmente como "canção romântica mexicana". Com tradição em toda a américa latina, influenciou inclusive o nosso samba-canção.
Mas se o bolero nasceu para o mundo há tanto tempo, e em outro país, para mim nasceu no início da década de 70, bem pertinho de casa - exatamente no salão do clube da cidade.
Lembro-me que, terminado um baile de carnaval nesse clube, alguns poucos casais permaneceram em suas mesas. E, com o salão já quase vazio, como que tomados por uma inspiração deslocada no tempo, os músicos recomeçaram a tocar. Mas não eram mais ritmos de carnaval. Eram boleros e ritmos antigos, compassados e lentos... e aqueles poucos casais se abraçaram e começaram a dançar.
Fiquei parado à beira do salão, observando aquele outro baile, ouvindo aquelas outras músicas...
Em poucos minutos a euforia de carnaval, dos movimentos incansáveis de corpos suados, de braços e olhos bem abertos, era transformada em movimentos compassados, contidos, que uniam por (a)braços dominadores e corpos dominados os casais que juntos dançavam de olhos fechados.
http://rebloggy.com/post/dancing-romance-dance-slow-dancing-dancing-gif-dance-gif-fifthbitch-romance-gif/48069125796)
A partir daí dediquei atenções também ao bolero e não apenas ao pop norte americano, ao rock, aos sambas tradicionais e às marchinas de carnaval. Descobri que aquele gênero musical traduzia exatamente o nosso universo latino: sensual, ciumento, passional e possessivo; que suas letras e seu ritmo são dedicados àqueles que amam despudoradamente e que se entregam a paixões inteiras.
Por isso, desde aquela época, tenho em casa a gravação de boleros que aprendi a gostar.
Dentre os que ouço com frequência está uma bela seleção do Trio Los Panchos - da qual destaco "Sabra diós", "El dia que me quieras", "La barca" e "Mi ultimo fracaso".
Gosto também de dois CDs da Nana Caymmi - "Bolero" e "Sangre de mi alma" -, nos quais ela gravou "Tu me acostumbraste", "Contigo en la distancia", "La puerta", "Sinceridad", "Encadenados" e "Acércate más". Além desses dois CDs, ouço também o Lucho Gatica e artistas consagrados em outros gêneros musicais que gravaram boleros - em especial a Elis Regina e o João Bosco cantando "Dois prá lá, dois prá cá".
Mas de todas as gravações que tenho, e de todos os gêneros musicais de que gosto, há em casa um CD muito especial. Chama-se "Amor", e foi gravado pela Eydie Gorme com o Trio Los Panchos, em 1964. E é só bolero da mais alta qualidade! Ali ouço "Nosotros", Piel Canela", "Y", "Sabor a mi", "Noche de Ronda", "Caminito", "Cuando vuelva a tu lado", "Di que no és verdad", "La ultima noche", "Historia de un amor", "Media vuelta", e "Amor".
Capa do Disco
fonte: http://www.submarino.com.br/produto/5249573/cd-eydie-gorme-e-trio-los-panchos-amor#
fonte: http://www.submarino.com.br/produto/5249573/cd-eydie-gorme-e-trio-los-panchos-amor#
Ainda agora, ouvindo esse CD, abri o encarte de um outro, o "Sangre de mi alma" da Nana Caymmi, e nele li a apresentação feita pelo Daniel Filho, e que diz o seguinte:
"Sente-se confortavelmente à meia-luz, uma taça de vinho, escute, viaje, lembre: Se estiver acompanhado(a) "Acércate más", e dance, cole os corpos, eles irão aos poucos ficando mais juntos, os dedos vão cruzar, enquanto os braços caem num abandono, pernas se entrelaçam soltas, o rosto levemente roça o outro, sem perceber, as mãos se largam e envolvem o corpo num abraço, "Encadenados". A nuca se expõe para o beijo inevitável... são "Dos almas"... É o bolero... "Dois pra lá, dois pra cá"..."
Assim, meu amigo, minha amiga, seja lá o que for que você estiver fazendo agora, pare tudo. Nada será mais importante. Siga as instruções do Daniel Filho. Acomode-se, respire, e aumente o som. Ouça a Eydie Gormé cantando com o Trio Los Panchos e se deixe levar. Depois quero ouvir você me dizer se devo ou não, como um autêntico latino que sou, temperado com uma boa dose de sangue árabe, ter ou não ciúme desse CD inteiro - como se todo ele fosse "sangre de mi alma".
(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO PENSA)
(Eydie Gormé e Trio Los Panchos - "Historia de un amor", do panamenho Carlos E. Almáran)
Como sempre parabéns Elias.
ResponderExcluirObrigado, Beto. Fico contente que tenha gostado.
ExcluirElias, eu adoro bolero. Quando escuto, ou danço essas musicas com minha esposa, sinto minha alma mais leve e mais romântica.
ResponderExcluirEfeito do amor e da poesia cantada ao ritmo de bolero.
Parabéns e vou ficar aqui escutando a tarde toda. Valeu e boas dicas.
Você é um romântico. Obrigado pelo comentário. Abração.
ExcluirMeu caro Poeta Elias...
ResponderExcluireste ritmo musical, pra mim, sem dúvidas é o que exprime as maiores sensações amorosas, com muito calor, sensualismo, onde o é amor passional, possessivo e muito quente, etc. Por isso é o mais romântico dentre todos os outros ritmos musicais existentes. Abração Poeta.
De fato, o bolero é tudo isso... mas depende muito da sensibilidade de quem ouve: e você sabe ouvir. Abração.
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