(CLIQUE PARA ASSISTIR E OUVIR)
("Summertime in Venice", de Alessandro Cicognini - Tema do filme "Quando o coração floresce")
"You only live twice,
one life for yourself,
and one for your dreams"*
Com 25 títulos, a Folha de São Paulo lançou a coleção "Grandes Astros" (do cinema). Semanalmente nas bancas, cada título traz um pequeno livro que conta a vida profissional de um artista de destaque. Acompanha-o o DVD de um filme no qual atuou, e que foi marcante em sua carreira. Assim, todas as segundas-feiras vou às bancas em busca do "astro" da vez.
Na última semana saí à procura de Katharine Hepburn - volume 12 da coleção. E foi então que, ao ver o filme do volume 12, chamou-me logo a atenção o seu título: "Quando o coração floresce" (Dir. David Lean, 1955). De imediato lembrei-me de uma conversa que havia tido com a Dona H. - uma vizinha de setenta e poucos anos de idade, que vive só, e que está viúva há mais de vinte anos. Ela me contava com entusiasmo que tinha visto pelo jornal que seria lançada a coleção "Grandes Astros", e que queria assistir novamente "Quando o coração floresce" - que seria um dos filmes que acompanharia um dos volumes.
Na última semana saí à procura de Katharine Hepburn - volume 12 da coleção. E foi então que, ao ver o filme do volume 12, chamou-me logo a atenção o seu título: "Quando o coração floresce" (Dir. David Lean, 1955). De imediato lembrei-me de uma conversa que havia tido com a Dona H. - uma vizinha de setenta e poucos anos de idade, que vive só, e que está viúva há mais de vinte anos. Ela me contava com entusiasmo que tinha visto pelo jornal que seria lançada a coleção "Grandes Astros", e que queria assistir novamente "Quando o coração floresce" - que seria um dos filmes que acompanharia um dos volumes.
Separei então dois livrinhos com os DVDs do filme: um para mim e outro para dar de presente a ela. Mas, antes, resolvi perguntar a ela, por celular, se já o havia comprado. Entusiasmada com a notícia e com o telefonema, não só me solicitou que comprasse o filme, como também me explicou:
- Nele, atua o Rossano Brazzi.
Não entendi muito bem o motivo que a levou a me dar aquela explicação. Mas ela mesma continuou:
- "O Rossano Brazzi era lindo, e quando o filme foi lançado, o meu namorado não queria que eu fosse vê-lo - não sei se por ciúme ou por causa das insinuações amorosas que eram avançadas para a época. Mas eu fui... e terminamos o namoro. Depois voltamos. Passado um tempo nos casamos."
(Katherine Hepburn e Rossano Brazzi em cena de "Quando o coração floresce" - fonte: http://cdn2-b.examiner.com/sites/default/files/styles/image_content_width/hash/45/03/450340e265ab53b338e5290ab4f35dcc.jpg?itok=E7gq8yW3)
Em casa, naquela noite, fui assistir o filme. Gostei. É uma fantasia de amor na qual Jane (Katharine Hepburn) - uma solteirona americana - viaja
sozinha para Veneza. Lá chegando, depois de instalar-se em uma pensão, conhece e se apaixona por Renato (Rossano Brazzi) um italiano
sedutor, dono de um antiquário.
(Rossano Brazzi - fonte: http://1.bp.blogspot.com/_1XbCsR5voz8/S_Qh8wlWdwI/AAAAAAAAHmc/RushTRTuvck/s1600/summertime2.jpg)
De fato, no filme, ele atua com perfeição. Elegantemente vestido, aparece um tanto quanto romântico e aristocrático. Imagino que, na época em que o filme foi lançado, o quanto sua figura alimentou as fantasias das jovens de então. E para a Dona H., parece que não foi diferente. Penso que no final daqueles anos 50, apesar de nunca ter viajado para o exterior, por intermédio do filme ela esteve na Itália, passeou pelas ruas e canais de Veneza, caminhou pela praça de São Marcos, e lá viveu com o Rossano Brazzi um grande romance... E isso trouxe a ela a possibilidade de sonhar, de viver sua outra vida embalada por fantasias que trouxeram cor à sua vida real.
- O que, senão um livro ou um filme, naquela época, poderia proporcionar a alguém uma viagem tão linda como a que ela viveu em sonhos? - pergunto eu a mim mesmo.
- O que, senão um livro ou um filme, naquela época, poderia proporcionar a alguém uma viagem tão linda como a que ela viveu em sonhos? - pergunto eu a mim mesmo.
Os sonhos e as fantasias são necessários. Infelizes aqueles que não podem ou não conseguem sonhar, que não conseguem olhar para as estrelas - para além delas. Os livros e o cinema proporcionam tudo isso sem que seja preciso sair do lugar. Afinal, como na letra do tema do filme "Com 007 só se vive duas vezes"** (gravado por Nancy Sinatra), em se tratando de vida, temos apenas duas: uma para nós mesmos, e outra para os nossos sonhos.
Poucos dias depois de ter dado o filme à Dona H., fiquei sabendo que seus netos e netas adolescentes estiveram em sua casa, e lá ficaram conhecendo - além do Rossano Brazzi - a cidade de Veneza... onde a Dna. H. revendo a cidade e a sua história de amor, em duas semanas, já esteve por pelo menos três vezes (sem ter deixado a poltrona de sua sala de estar).
Poucos dias depois de ter dado o filme à Dona H., fiquei sabendo que seus netos e netas adolescentes estiveram em sua casa, e lá ficaram conhecendo - além do Rossano Brazzi - a cidade de Veneza... onde a Dna. H. revendo a cidade e a sua história de amor, em duas semanas, já esteve por pelo menos três vezes (sem ter deixado a poltrona de sua sala de estar).
("Terrace cafe in Venice" - fonte: http://www.book530.com/painting/160480/Terrace-Cafe-in-Venice.html)
- * "Você vive somente duas vezes: uma vida para você mesmo, e outra para os seus sonhos"
- **"Com 007 só se vive duas vezes" - Reino Unido, 1967 - Dir. Lewis Gilbert. Música tema "You only live twice", escrita por Leslie Bricusse e John Barry.