CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO LÊ
Pauline Malbaux (oboe ); Marc Benzekri (violin)
French Chamber Orchestra (Paris) Horst Sohm (Conductor/Leitung)
Johann Sebastian Bach: Concerto for Oboe and Violin in D Major (BWV 1060)
(Na última sexta-feira, dia 17 de janeiro, foi realizada uma cerimônia na Câmara Municipal de Guará: as Sras. Denise L. R. Antônio e Sherri A. R. Cavasisni foram agraciadas com o título distintivo de "Cidadãs Honorárias de Guará". Na mesma cerimônia, o Sr. Sahid Elias Antônio e eu recebemos a "Medalha do Mérito Legislativo". Na oportunidade, com as seguintes palavras expressei meu contentamento e minha gratidão.)
Da esq. p/ direita: Presidente da Câmara, Vereadora Regina; Vereadora Bibi, com filho; Sr. Sahid Elias (sentado); Dra. Denise; Sra. Sherri; Elias; Vereadora Maria Amélia; Vereador Rafael
Foto: Câmara Municipal
Exma. Sra. Presidente da Câmara Municipal de Guará, Regina Coelho;
Senhores homenageados ocupantes da Mesa;
Senhores vereadores;
Senhoras e senhores;
Meus amigos e amigas:
Fiquei
muito surpreso com a notícia de que receberia esse título na noite de hoje.
Nunca imaginei que a minha ligação afetiva com Guará pudesse levar a tanto. E o
responsável, certamente, é o espírito generoso da vereadora Bibi. A vereadora
Bibi, com sensatez e nobreza de gestos, consegue enxergar bondade e
comprometimento com o Município em cada uma das pessoas que por ela passam. Foi
a vereadora Bibi, portanto, quem inspirou os membros desta Casa a me verem
merecedor desta distinção, que vai muito além do meu merecimento. Por tudo
isso, Bibi, te agradeço: muito obrigado.
Reconheço que nunca me distanciei de
Guará. Não consigo me distanciar daqui. A cidade e os habitantes que conheci, e que
conheço, foram e são responsáveis pela minha formação. Deram-me uma identidade.
Sou parte de Guará, e Guará é parte de mim.
Por isso, por onde quer que eu vá, eu
me expresso com o aprendizado colhido aqui. E esse vínculo que tenho com a cidade
me é tão caro, que procurei traduzi-lo no meu primeiro livro, exclusivamente
dedicado a Guará, e que foi lançado no ano retrasado (inclusive aqui na Câmara).
Na verdade, não somente eu, mas ninguém
consegue se desvencilhar do local onde as próprias raízes estão fincadas. Se as
vezes me sinto confuso, é a lembrança do quintal de minha casa, e a paz da rua
onde nasci, aqui de Guará, que conseguem me acalmar; se as vezes me vejo triste
e desesperançoso, é a imagem dos sorrisos amigos que recebo em Guará que me dão
um novo alento; se as vezes levo um tropeção pelos caminhos da vida, são os
exemplos de superação e as referências que tenho em Guará que fazem com que eu
me recupere.
Muitas vezes saio caminhando pela
cidade simplesmente para rever as casas, as árvores e as esquinas com as quais
desenvolvi uma grande cumplicidade. Pisar o mesmo solo por onde passaram tantas
pessoas queridas, que ainda vivem em mim e comigo, é recuperar energias para poder
seguir em frente. Por isso estou sempre por aqui.
Todo ser humano precisa respeitar e se
abastecer dos ensinamentos de sua ancestralidade. Aquele que deixa de lado a
terra que o viu nascer, joga fora a sua identidade, o seu patrimônio cultural e
afetivo, e segue os rumos do vazio.
Assim, quero agradecer e louvar aos membros
desta Casa. Vocês, após debates que celebram a necessária e construtiva
divergência de ideias, com decisões nem um pouco fáceis, promovem a afirmação da
identidade de um povo, e a construção de uma cidadania participativa.
Reconhecer
e apresentar os méritos dos habitantes de uma comunidade é, também, uma função
dos administradores públicos. O homem desenvolve sua autoestima quando se
conhece, quando aprende a valorizar as referências que tem, e quando toma suas
decisões auxiliado por elas.
As histórias da cidade, dos guaraenses,
das muitas decisões administrativas aqui tomadas, sempre passaram pela esquina
da Deputado João de Faria com a antiga estrada de ferro Mogiana – mais
precisamente pela loja de calçados do Sr. Milim. Sem nunca ter ocupado qualquer
cargo público, seja por eleição ou nomeação, o Sr. Milim vive de amores pela
cidade. Por intermédio dele, muitos jovens obtiveram bolsas de estudo para que
pudessem se preparar para a vida; o desenho urbano da cidade tomou forma em
decorrência de estudos propostos inclusive por ele; a arborização da cidade recebeu
a intervenção do Sr. Milim e de seus irmãos, os quais deixaram seus nomes em
duas das escolas aqui existentes. Além disso, nomes, personagens e fatos edificantes
ocorridos em Guará foram levados à televisão, nas telenovelas “O Casarão”, da
TV Globo, e “Cidadão Brasileiro”, da TV Record, em virtude dos vínculos de
amizade do Sr. Milim com o celebrado escritor Lauro Cesar Muniz.
O sr. Milim, sem dúvida, é um dos
nossos grandes marcos referencias. Por tal motivo, a homenagem a ele prestada
configura o justo reconhecimento que ele merece. Como guaraense, parabenizo
mais uma vez a vereadora Bibi pela iniciativa. Você, Bibi, está contribuindo
com a elevação da autoestima do guaraense, por proporcionar a exposição dos bons
exemplos do Sr. Milim. Da mesma forma, além de parabenizar, e em nome de minha
família, quero te agradecer pela distinção outorgada a este grande
guaraense: o meu tio Milim.
Sr. Sahid Elias Antônio (Milim)
Foto: arq. pessoal
Foto: arq. pessoal
Sou também testemunha de uma história de
amor e de apego envolvendo a nossa cidade. Quem poderia dizer que uma jovem
estudante, lá do frio e longínquo hemisfério Norte, que tivesse visitado Guará
em meados dos anos 70, aqui retornasse todos os anos desde então? Isso seria
algo inimaginável! Afinal, o que poderia fazer com que uma jovem
norte-americana se autoproclamasse guaraense desde que aqui pisou? Não tenho
dúvidas de que o afeto, o carinho, o calor humano do povo de Guará, e em
especial, o acolhimento que lhe foi dado pela família Cavasini, foram os
responsáveis por isso. Pois foi assim que se deu: em 1974 a Sherri veio a
Guará, na qualidade de participante de um programa de intercâmbio do Rotary,
criou laços afetivos, identificou amigos, e aqui quis viver. Sou testemunha. A
Sherri, nos anos 80, viajou pela região como integrante do grupo musical os
Mongóis, realizou trabalhos voluntários, buscou trabalho por aqui, simplesmente
para poder estar perto de Guará. A Sherri, enfim, assimilou a cultura, os
valores e os hábitos cotidianos de nossa cidade e de nosso povo. E mais: em sua casa, em
Shelter Island, nos Estados Unidos, recebeu e hospedou muitos guaraenses. Esse
seu apego à Guará, que já conta com mais de 46 anos, é algo digno de ser
eternizado em nossa história. Serve, também, como uma grande referência para as
futuras gerações. Eu aplaudo e parabenizo a vereadora Regina, proponente do
projeto, por ter tomado a devida providência de fazer com que essa história
seja para sempre lembrada.
Na
qualidade de guaraense, te saúdo Sherri, minha querida amiga: você é, como
sempre quis ser, guaraense.
Sherri A. R. Cavasini
Foto: Câmara Municipal de Guará
Foto: Câmara Municipal de Guará
Da mesma forma, a Denise. Começou a
namorar um guaraense, passou a vir à cidade em finais de semana, conheceu os
amigos de seu namorado, foi mineiramente se aproximando, se enfronhando nos
valores da cidade, e quando o namorado abriu os olhos, ela já era tão querida
pelos guaraenses quanto era por ele mesmo. Em meados dos anos 80, a Denise vinha a
Guará todas as noites de sexta-feira, e aqui ficava à espera de seu namorado,
que trabalhava até o início da tarde de sábado na antiga "Elekeiróz". Para
aproveitar as manhãs de sábado, a Denise, então médica residente no Hospital
das Clínicas de Ribeirão Preto, dedicava seu tempo para atender, na Santa Casa,
aqueles que necessitavam de cuidados médicos ligados à sua área de formação – a
psiquiatria. E essa dedicação não se resumiu a isso: mesmo depois, a Denise
abriu diversas portas para que muitos guaraenses pudessem ser atendidos e
internados lá no HC. Por gestos assim é que a Dra. Denise é
merecedora da distinção que hoje lhe é atribuída. Espero que seus gestos,
Denise, totalmente despretensiosos e humanitários, sejam seguidos por todos
aqueles que vierem a conhecer a sua história. Como guaraense, parabenizo e
agradeço ao vereador Rafael e à vereadora Maria Amélia pela apresentação do
projeto. Como marido e admirador de seu trabalho, digo a minha esposa: minha
cidade, que agora também é sua, te recebe de braços abertos.
Dra. Denise L. R. Antônio
Foto: Câmara Municipal de Guará
Foto: Câmara Municipal de Guará
Na administração pública, os atos
administrativos são praticados visando fins diversos. Alguns deles buscam
aproximar e agradecer autoridades. São atos de gestão política, naturais à
própria natureza da administração. Há outros atos, no entanto, que visam simplesmente
apresentar aos administrados exemplos edificantes, que constroem uma
identidade. Ambos são dotados da mesma nobreza, e precisam ser compreendidos.
Lembro-me de ter lido, certa vez, que, dois
brasileiros receberam, em uma mesma cerimônia, medalhas oferecidas pelo governo
francês. Um deles era um funcionário do consulado brasileiro em Paris, que
deveria receber a medalha como representante do governo brasileiro; e o outro
era o Pelé, que iria receber a medalha em nome próprio. A outorga da medalha,
ao representante do governo brasileiro, era um ato puramente político; a
medalha entregue ao Pelé, era o reconhecimento de uma distinção pessoal.
As
medalhas oferecidas na noite de hoje são exemplos de premiação pelos exemplos
pessoais, dignificantes e construtivos, que nos são dados pelo Sr. Milim, pela
Sherri e pela Dra. Denise.
Quanto
a outorga do título a mim, fico imaginando que, em algum momento, uma eventual
revisão deste ato administrativo possa vir a acontecer. E aí, então, torço para
que os ocupantes das cadeiras desta Casa continuem tendo bons motivos para
seguirem se orgulhando da decisão que tomaram.
Eu
estou muito contente. Muito obrigado.
Elias Antônio Neto e Mesa da Câmara, durante a solenidade
Foto: Câmara Municipal de Guará
Foto: Câmara Municipal de Guará
Guará, 17 de janeiro de 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário