Baalbek sempre foi, para mim, um aperto no peito, um afeto distante, um sentimento inspirado nas imagens existentes em um anel dourado e negro, exibido no dedo anular da mão esquerda do Sr. Houssain - um imigrante libanês que viveu na minha terra natal e que, carinhosamente, dirigia-se a mim chamando-me "beduíno"... E Baalbek também foi o olhar impreciso do jovem libanês Chafic que, então recém chegado à minha cidadezinha, declamava versos de Khalil Gibran e procurava cuidar de sua própria construção.
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Baalbek, além da estampa no anel do sr. Houssain ou do olhar distante do Chafic, é uma cidade fenícia situada a Noroeste de Beirute, capital do Líbano, e que remonta a muitos anos antes de Cristo. Os romanos a conquistaram, também e ainda, antes de Cristo. Como meio de demonstrar ao Oriente, naquela época, o poder de sua cultura, os romanos nela construíram grandes templos - o maior complexo de templos daquele Império, os quais foram, depois, destruídos por terremotos. No local onde suas ruínas se encontram, um dos festivais culturais mais importantes do Oriente Médio é realizado anualmente, desde 1955: o Festival Internacional de Baalbek.
Hoje assisti on line a transmissão desse Festival. A região libanesa denominada "vale do Bekaa", onde Baalbek está localizada, trouxe-me de volta o anel do sr. Houssain e o olhar impreciso do Chafic. Isso porque, hoje, veio de Baalbek uma voz, um canto, uma ligação do homem com a eternidade... As apresentações no espetáculo trouxeram a expressão da força da cultura libanesa... Guitarras, tambores, instrumentos de sopro, teclados... Baalbek foi hoje a voz da humanidade, a voz de uma nova geração que visitou seus antepassados, que se reinventou, que se levantou, e que mostrou a genialidade criativa do povo daquele país... daquele país que cabia, por inteiro, no anel de um imigrante, e no olhar de um desbravador.
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