sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

IACANGA, SP, 1983: O DESPERTAR NO CÉU


    Ontem fui dormir às duas e meia da manhã. Estava em Iacanga, no Festival de Águas Claras, Fazenda Santa Virgínia.

Fonte: https://medium.com/jornaldois/por-que-o-festival-de-iacanga-n%C3%A3o-aconteceria-hoje-c63353077dec 

    Depois de muito agito fiquei ali, adormecido, rodeado de jovens idealistas, anestesiado de cantos e ecos, no meio do descampado. Às cinco e meia da madrugada, sob um frio descomunal, fui despertado pela voz do João Gilberto que vinha... do céu? ...da mata? ...de alguma barraca?... Na nossa barraca, todos desconfortavelmente adormecidos: Beth, Lula, Joaquim, Paulinho e Susana. Não! A voz suave do João Gilberto e os acordes de violão estavam presentes, próximos, e vinham do palco... do palco onde haviam estado diversos outros artistas. Era quase manhã, antes do dia chegar. No palco, o João Gilberto cantava para saudar os primeiros anúncios da claridade... E eu ali, vinte e poucos anos, no meio do mato, rodeado de amigos, jovens idealistas... eles e eu... nós... revisitando o Festival, ouvindo o João Gilberto...

    - "Psssiu.... vou cantar a primeira música, uma homenagem direta a vocês, que resistiram bravamente..."

CLIQUE NA SETA PARA OUVIR

https://www.youtube.com/watch?v=JIhRbqenpII

    - "Isso aqui, ô ô, é um pouquinho do Brasil, iá iá, desse Brasil que canta e é feliz..."

    Na madrugada da minha sala de estar, com o livro do Zuza ("Amoroso") sobre a mesinha de centro, fiquei ouvindo o João Gilberto...

    E, feliz, apesar de todos os desconfortos da vida, duas e meia da manhã, desliguei o Youtube, o televisor, levantei-me do sofá, e fui dormir... 

Capa do livro "Amoroso" (Zuza Homem de Mello)


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