Minha intenção é publicar aqui as coisas que leio, vejo, penso ou observo, e que me fazem sentir que acrescentam. Afinal, as coisas só se tornam inteiramente bonitas quando podem ser compartilhadas e se mostram repletas de significados comuns.
Era um senhor de uns cinquenta anos de idade. Caminhava alcoolizado pela cidade, sozinho, trajando um terno escuro surrado, gravata e sapatos sociais. Frequentemente eu o via pelas esquinas esbravejando os acontecimentos da época. Ninguém queria ouvi-lo. Era motivo de riso. Ele gesticulava indignado, inconformado. Às vezes cantava... voz rouca, voz bêbada.
- "Ignorantes!" - exclamava com frequência.
Alguns diziam que havia sofrido uma grande perda familiar; outros, que havia sido um respeitado professor de matemática; outros, ainda, diziam que ele simplesmente apareceu na cidade, adotou-a como sua, e vivia sozinho em uma pensão. Nunca soube ao certo quem ele era, e tampouco poderei sabê-lo - ninguém o sabia.
Chamavam-no Messias: Senhor Messias. Muitas vezes, sentado à porta de entrada da casa de minha avó, eu o via entregue, estirado na calçada.Não sei o que foi feito de sua vida. Ninguém mais fala dele; poucos têm vaga lembrança da sua existência. Desapareceu.
Trago ainda hoje a imagem daquele homem sofrido, diferenciado para o local e para a época. Passou pela simplicidade da minha pequena cidade, pela formação da minha infância descalça, e tornou-se frequente em minhas lembranças.
O dia passou meio arrastado. Uma triste notícia logo de manhã ditou o meu estado de espírito. Fiz algumas anotações durante a tarde, reli uma porção de coisas, mas acabei por me empurrar para um aglomerado de gente para sentir forte a pulsação da vida. Depois voltei... precisei de mim...
Os dias assim são de nuvens pesadas que encobrem meu céu imediato. Além delas, nada mais há que seja visível aos meus olhos.
Nessas horas os quadros do Van Gogh, bem como a leveza que encontro na leitura de crônicas, são meu melhor antídoto contra o acinzentado tristonho que se sobrepõe sobre a chama da vida. Pela enésima vez retomei instintivamente uma crônica do Rubem Braga: “A Outra Noite”. Reli o texto. Nela o autor conta que chegou de avião à noite em uma cidade grande, debaixo de um temporal, e tomou um táxi; o taxista se surpreendeu ao ouvi-lo contar que acima das nuvens havia uma outra noite; que as nuvens feias, vistas de cima, enluaradas, eram verdadeiros colchões de sonhos.
("A noite estrelada" - Vincent Van Gogh, 1889)
Fiquei pensando no que tudo isso representa: acabo por querer acreditar que, muito além das inevitáveis perdas, muito além das nuvens do inexplicável, há uma outra noite, clara, enluarada, cheia de estrelas...
Entre meus guardados antigos, encontrei o que um dia queria que fosse um poema, tamanha a minha pretensão na época. Talvez tenha sido escrito no embalo de boas doses de "Campari"... Foi em outubro de 1985 – portanto, 25 anos atrás. Acho que todos nós já tivemos situações semelhantes e pretensões desse tipo. Trata-se do registro de um momento em que houve um rompimento amoroso, mas nem me lembro quem teve essa sorte... Aliás, lembro-me sim, mas isso não vem ao caso. Ademais, essa passagem não interessa a ninguém mais senão a mim mesmo e à minha história... que, humildemente reconheço, é totalmente insignificante e não serve prá nada... quem sabe, algum dia, para simples conhecimento dos meus filhos...
ATÉ NUNCA MAIS
O tempo em que houve encanto,
Já se foi.
O momento que foi marcante,
Já passou.
O amor que estava nascendo,
Já morreu.
Passei eu,
Passou você,
Passamos nós.
Acabou.
(RP, outubro de 1985)
Tenho lembrança ainda de que, pretensiosamente, fiz o poeminha chegar à destinatária acompanhado de uma música gravada em uma fita k7: “ÚLTIMA FORMA”, com letra do Baden e do Paulo César Pinheiro, na belíssima interpretação do MPB-4. Desapareci por uns dias. No final,... bom... melhor deixar isso pra lá...
Por ocasião do aniversário de 80 anos do João Gilberto, completados na última sexta-feira, dez de junho (2011), lembrei-me de uma bela homenagem que a ele foi feita em 1971 pelo Miltinho (do MPB-4), Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro. Eles compuseram “DE PALAVRA EM PALAVRA”, formada pela junção de frases de algumas músicas que foram gravadas pelo João Gilberto.
Coloquei a letra, abaixo, com a referência a cada uma das músicas de onde originaram as frases pinçadas nas gravações do João Gilberto, bem como seus respectivos álbuns.
Ouça a música, acompanhe a letra.
(De Palavra em Palavra" - MPB-4)
DE PALAVRA EM PALAVRA
(Miltinho, Maurício Tapajós, Paulo César Pinheiro)
Manhã, tão bonita manhã
(“Manhã de Carnaval”, de Luiz Bonfá e Antonio Maria, gravada em 1959 no compacto duplo da Odeon “João Gilberto cantando as músicas do filme ‘Orfeu do Carnaval’”)
E muita calma pra pensar
(“Corcovado”, do Tom Jobim, gravada na Odeon, em 1960 no disco “O amor, o sorriso e a flor”)
Eu amei, ai de mim, muito mais do que devia amar
(“O amor em paz”, do Tom e Vinícius, gravado naOdeon em 1961, no disco “João Gilberto”)
Sim fiz projetos pensei
(“Só em teus Braços”, do Tom Jobim, gravada no disco “O amor, o sorriso e a flor” já mencionado)
Mas esse mundo é cheio de maldade e ilusão
(“Saudade da Bahia”, do Dorival Caymmi, gravada em 1961no disco “João Gilberto” já mencionado)
Pra que trocar sim por não se o resultado é solidão
(“Discussão”, de Tom Jobim e Newton Mendonça, gravada na Odeon em 1960,no disco “O amor, o sorriso e a flor”)
O amor o sorriso e a flor
(“Meditação”, de Tom Jobim e Newton Mendonça, gravada no disco “O amor, o sorriso e a flor”, já mencionado)
Meu sabiá, meu violão
(“Pra machucar meu coração”, de Ary Barroso, gravada na Verve, em1963, no disco “Getz/Gilberto”)
O que ficou pra machucar meu coração
(idem)
Pois é tantos versos eu fiz
(“A Primeira vez”, de Marçal e Bide, gravado em 1961 no disco “João Gilberto”, já mencionado)
Dizendo a todo mundo o que ninguém diz
(“Saudade da Bahia”, do Dorival Caymmi, mencionada acima)
Alimentei a ilusão de ser feliz
(“A Primeira vez”, citado acima)
O amor é a coisa mais triste quando se desfaz
(“O Amor em Paz”, de Tom e Vinícius, gravada em 1961, no disco “João Gilberto”, já mencionado)
Dói no coração de quem sonhou demais
(“Esse seu olhar”, de Tom Jobim, gravado em 1961, no disco “João Gilberto”, já mencionado)
Eu vivo sonhando,
(“Vivo sonhando”, de Tom Jobim, gravado na Verve, em 1963, no disco “Getz/Gilberto”)
ai que insensatez
(“Insensatez”, de Tom e Vinícius, no disco “João Gilberto”, já mencionado)
Até você voltar outra vez
(“Outra vez”, de Tom Jobim, gravado em 1960, no disco “O amor, o sorriso e a flor”, já mencionado)
Eu tenho esse amor para dar
(“Só em teus braços”, de Tom Jobim, gravadono disco “O Amor, o Sorriso e a Flor”, já mencionado)
Agora o que é que eu vou fazer
(idem)
Porque esse é o maior que você pode encontrar
(“Desafinado”, do Tom Jobim, gravado na Odeon, em 1959, no disco “Chega de Saudade”)
Mas de conversa em conversa
(“De conversa em conversa”, de Haroldo Barbosa, gravada naOrfeon,em 1970, no disco “João Gilberto en Mexico”)
Eu só quis dizer de palavra em palavra
(idem)
João Gilberto um abraço em você
(“Um abraço no Bonfá”, de João Gilberto, gravado no disco “O Amor, o sorriso e a flor”, já mencionado)
Hoba lá lá
(“Hoba-lá-lá”, de João Gilberto e Tom Jobim, Odeon, 1958, compacto, do outro lado de “Desafinado”)
Aos pés da santa cruz você se ajoelhou
(“Aos pés da cruz”, de Marino Pinto e Zé da Zilda, no disco “Chega de Saudade”, já mencionado)
Ah, mas que saudade eu tenho da bahia
(“Saudade da Bahia”, já mencionada)
Papai noel me deu
(“Presente de Natal”, de Nelcy Noronha, gravado no disco “João Gilberto”, já mencionado)
Dia de luz festa de sol e um barquinho a deslizar...
(“O Barquinho”, de Menescal e Bôscoli, gravado em 1961 no disco “João Gilberto”, já mencionado)
G-E-N-I-A-L !!!
Com isso, quero também externar minhas homenagens ao João Gilberto... (e aos autores Miltinho/Maurício Tapajós/Paulo César Pinheiro).
Que tal, então, o João Gilberto nos agradecer com música ?? Aí vai.
("Estate", de Bruno Martino - do disco "Amoroso", 1977)
Li uma vez um texto que dizia que podemos amenizar nossas inquietações e colocar em ordem nossos pensamentos quando conversamos com Deus. Há pouco tempo fiquei me lembrando disso e me propus a organizar-me seguindo essa orientação.
Contudo, de imediato deparei-me com uma grande dificuldade: “Onde ir para encontrar-me com Deus e conversar com Ele?”Como guardo tudo o que encontro, recortes, revistas, livros antigos, artigos de jornal, velharias, passei a procurar o texto que sugeria uma conversa com Deus. Queria saber se no texto havia também uma orientação quanto ao local aonde ir para o encontro com Ele.
Depois de um certo tempo de procura achei o artigo dobrado no meio de um livro do Tolstói. O autor era desconhecido. Mal pude lê-lo na íntegra, tamanha a minha inquietação. Queria logo, de imediato, resolver a questão: “onde encontrar Deus?”
No final do texto, confesso, a orientação me deixou decepcionado:
- “Não há dificuldade alguma em encontrar Deus para poder falar com ele”, dizia o artigo. “Levante-se uma hora mais cedo do que o seu horário habitual, sente-se diante da janela, fique olhando para a rua, e espere. Você vai perceber que Deus vai aparecer e você vai conversar com Ele.”
(Fonte: bir-libir-loque.blogspot.com)
Qual o que ?!? Levantar-me de madrugada para ficar olhando pela janela a rua vazia? Pareceu-me uma sugestão grotesca, uma ofensa ao meu sossego, um deboche ao meu bom senso.
Deixei a orientação de lado, mas não consegui parar de pensar no que havia sido sugerido pelo artigo: conversar com Deus. Com o tempo, passei a acreditar que levantar uma hora mais cedo não me seria um sacrifício tão grande. Valeria pelo menos para desencargo de consciência, para desvendar a farsa do autor desconhecido e, por extensão, para pôr à prova a presença de Deus.
Um belo dia, ainda escuro, acordei com a cabeça cheia de pensamentos desencontrados e não pude dormir mais. Lembrei-me então da ideia de esperar Deus e decidi, sem nenhuma esperança, ir até a janela para ver se Ele vinha conversar comigo. Esperei, esperei... não vi nada. Por questões de insônia fiz o mesmo nos dias seguintes, e nos outros dias mais. Passei então a acordar mais cedo e ficar esperando por Deus.
Mas, sentado ali sozinho na frente da janela, olhando para a rua, comecei a prestar atenção nas coisas, e a achar interessantes os primeiros movimentos do dia: alguns pardais cantando nos galhos das árvores, a luz do sol começando a iluminar os andares superiores do prédio vizinho, um cachorro vagando pela calçada, o guarda noturno encerrando o seu trabalho, um veículo cruzando a esquina... as primeiras manifestações de vida...
Observando as coisas assim o tempo ia passando, um segundo de cada vez, um após o outro... E, enquanto esperava por Deus, ia refletindo sobre as coisas que ainda estavam por fazer. A cada dia, no silêncio da manhã, havia um movimento novo, uma nova descoberta. Sentia de fato uma certa cumplicidade com o começo do dia, e gostava de esperar por Deus sozinho, olhando a rua pela janela. Sem que me desse conta percebi que as ideias por si mesmas iam se ajustando de tal forma que, ao findar uma hora de espera, todas as manhãs, antes de sair de casa, já tinha organizadas na minha mente as tarefas do dia.
De alguma forma, desenvolvendo meu trabalho de uma forma mais organizada, compreendendo e aceitando minhas limitações, passei a dormir melhor, sem embaraços que pudessem atormentar minhas noites de sono.
Não tive nem o impacto nem a surpresa de me sentar frente a frente com Deus para, dialogando com ele, receber seus ensinamentos e suas palavras de ordem. Mas, na verdade, compreendi que Deus é leveza, bondade e suavidade; compreendi que Ele esteve comigo em todas as manhãs sem precisar se expor, sem precisar se exibir, sem precisar falar, ajudando-me a me organizar. Bastou para isso uma simples vontade minha.
Quando me calo, onde quer que eu esteja, quando me entrego a mim mesmo com os cinco sentidos, procurando compreender meus atos e organizar os meus pensamentos, tenho a sensação de que não estou sozinho: nesses momentos, estou conversando com Deus.
("Um homem chamado Alfredo" - Vinícius e Toquinho)
"Há tanta gente sozinha,
que a gente mal adivinha"
(Vinícius e Toquinho em
"Um homem chamado Alfredo)
Logo que me casei, há muitos anos, fui morar em um prédio com vaga na garagem para apenas um carro. Como eu e minha esposa tínhamos cada um o seu próprio carro, precisamos procurar algum lugar para guardar um deles - o meu, evidentemente.
Foi aí que, indicado pelo porteiro do prédio, conheci Damião - dono de um estacionamento vizinho de casa. Acertado o preço, combinamos as regras:
- “Doutor”, disse-me ele, “depois das seis o portão do estacionamento já vai estar fechado, mas o senhor pode entrar e sair a hora que quiser: fique à vontade” – e entregou-me a chave.
Com o passar dos dias percebi que o Damião morava sozinho em um cômodo minúsculo dentro do próprio estacionamento. Ali ele cozinhava, assistia TV, fazia sua higiene pessoal e cuidava da sua roupa.
Nos finais de tarde, quando eu chegava, o Damião vinha para o lado do meu carro querendo puxar assunto. Falava de futebol, de culinária, do movimento do dia... Mas gostava também de falar de sua cidadezinha natal no nordeste, onde viveu até os primeiros anos da adolescência com os pais. Contava que depois veio sozinho para o sul e acabou por fixar-se em Ribeirão Preto, onde já vivia há muito tempo.
Da sacada do apartamento onde eu morava, no início dos finais de semana, eu sempre o via com uma latinha de cerveja na mão observando o movimento. Eu descia, ia até lá onde ele estava, e ficava ouvindo, conversando, e trocando histórias de carros, manobras e motoristas.
Ele me parecia muito só e carente de gente que se dispusesse a ouvi-lo. Nos seus quase setenta anos de idade, calvo, cabelos brancos, barba branca, percebi que vivia na ilusão de ter uma companheira. Dizia que seria bom encontrar alguém para que um cuidasse do outro; que não era bom viver sozinho. Contudo, nas poucas vezes que entrava no assunto, um tanto quanto desiludido lamentava:
- “Não dá, doutor”, dizia ele, “as mulheres hoje estão cheias de problemas, de vaidade; só querem luxo, viver na moleza, explorar a gente. Elas não sabem nem pregar um botão na camisa, quanto mais fazer um franguinho com batata e um arrozinho branco pra gente comer junto”.
Um belo dia, chegando para guardar o carro, vi o Damião aflito, falante e esperançoso. Muito brilho saltava dos seus olhos. Enquanto eu abria a porta do carro, ele se aproximou e disse-me com convicção:
- “Eh, doutor, logo vou ter uma companheira, escolhida a dedo. O senhor vai ter uma surpresa!”
Perguntei a ele quem era ela, o que fazia, que idade tinha, mas ele, sorrindo como quem tranca um segredo dentro do peito, reservou-se ao direito de não revelá-lo. Respeitei seu capricho, mas fiquei curioso, torcendo para que fosse alguém que de fato conseguisse ver no Damião a alma boa que ali morava, sua nobreza de propósitos, sua simplicidade, sua pureza de espírito...
Naquele final de semana sentei-me na sacada de casa lendo um jornal local, no qual havia um anúncio que dizia o seguinte:
HOMEM HONESTO, SOLTEIRO, TRABALHADOR,
SEM VÍCIO, DE BOA IDADE,
PROCURA COMPANHEIRA PARA COMPROMISSO SÉRIO PARA UMA VIDA TODA.
FAVOR MANDAR CARTA COM FOTO. RUA X, nº Y.
Foi aí que notei que o endereço era o do estacionamento.
A partir de então fiquei mais atento ainda às conversas com o Damião, querendo que ele tomasse a iniciativa de me contar alguma coisa. Mas os dias iam se passando, e ele não comentava nada. Percebi que o brilho nos seus olhos ia se apagando, e seu entusiasmo diminuindo. Não perguntei nada a ele, e ele também não entrou mais no assunto. Alguns anos já se passaram desde que me mudei para um bairro distante dali. Eventualmente passo de carro no meio da tarde em frente ao estacionamento do Damião. Buzino e aceno para ele quando o vejo no portão. Outro dia, em uma padaria, vi o porteiro do prédio que havia me indicado o estacionamento do Damião, e que ainda mantém o mesmo emprego. Perguntei quais notícias tinha dele, e ele me contou que o Damião continuava como sempre: sozinho, com poucos amigos, trabalhando com muita responsabilidade, e morando do mesmo jeito. Contou-me também que nos finais de tarde de vez em quando o vê no portão do estacionamento olhando os carros na rua. Fiquei contente com a notícia. Quero ainda acreditar que não morreu nele a esperança de receber de algum carro da rua um sorriso de mulher que reacenda seu entusiasmo. Torço para que ele encontre alguém – ou melhor, para que alguém consiga enxergar nessa alma simples e boa um companheiro para a vida toda – conforme dizia o anúncio no jornal. Penso que são muitas as pessoas assim, soltas na vida, responsáveis, porém sozinhas, esquecidas, solitárias... Entristeço-me ao pensar que pode chegar um dia em que as portas do estacionamento não mais amanheçam abertas; ou que seu dono não mais possa vir à porta olhar os carros transitando; ou ainda que eu não tenha mais motivo para buzinar do meu carro e acenar para um conhecido no portão de um estacionamento... Quem se lembrará de sua passagem, de suas histórias, de seu projeto de vida? Já me disseram que o homem é um ser desamparado, em transição, e que precisa de estímulo constante para se sentir vivo. Refletindo sobre a sequência dos dias do Damião, desde a época em que o conheci, fico me perguntando: “qual o sentido de tudo?”; “do que precisa um homem para sentir-se feliz e realizado?”; “o que em nossas vidas verdadeiramente vale a pena?” Creio que cabe a cada um de nós fazermos a busca pelas nossas próprias verdades para, na sequência, conseguirmos encontrar o verdadeiro gosto e sentido da arte de viver.