quarta-feira, 22 de junho de 2011

A OUTRA NOITE


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("Vincent - Starry Starry Night", Don McLean)


Ao Zezo,
que um dia, inesperadamente,
partiu para a eternidade.


     O dia passou meio arrastado. Uma triste notícia logo de manhã ditou o meu estado de espírito. Fiz algumas anotações durante a tarde, reli uma porção de coisas, mas acabei por me empurrar para um aglomerado de gente para sentir forte a pulsação da vida. Depois voltei... precisei de mim... 

     Os dias assim são de nuvens pesadas que encobrem meu céu imediato. Além delas, nada mais há que seja visível aos meus olhos.

     Nessas horas os quadros do Van Gogh, bem como a leveza que encontro na leitura de crônicas, são meu melhor antídoto contra o acinzentado tristonho que se sobrepõe sobre a chama da vida. 

     Pela enésima vez retomei instintivamente uma crônica do Rubem Braga: “A Outra Noite”. Reli o texto. Nela o autor conta que chegou de avião à noite em uma cidade grande, debaixo de um temporal, e tomou um táxi; o taxista se surpreendeu ao ouvi-lo contar que acima das nuvens havia uma outra noite; que as nuvens feias, vistas de cima, enluaradas, eram verdadeiros colchões de sonhos.

("A noite estrelada" - Vincent Van Gogh, 1889)

     Fiquei pensando no que tudo isso representa: acabo por querer acreditar que, muito além das inevitáveis perdas, muito além das nuvens do inexplicável, há uma outra noite, clara, enluarada, cheia de estrelas... 


RP, 21jun2011

3 comentários:

  1. Olá Elias passando pra admirar as lindas palavras que vc. escreve em seu blog.
    Vc. está um excelente poeta , parabéns.Bjs

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  2. Elias, a dor da perda é um grande temporal...com a certeza de que quando ele passar haverá sempre uma noite de lua cheia e um céu salpicado de estrelas!!! Parabéns mais uma vez!!! Beijos

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  3. Minhas amigas, Sueli e Cleu... muito obrigado pelas respectivas mensagens.

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