(Eu, em visita ao "Morumbi" - arq. pessoal, 12out12)
Tudo bem, eu concordo que a fase não é das
melhores. Prá ser franco, é das piores! Vergonhosa! Mas, não sei por que, o
time da gente é coisa sagrada – a gente resiste, insiste, mantém sempre uma esperança,
nunca abandona.
Lembro-me com saudade do meu time nos anos 60:
Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias e Ferrari; Zequinha e Tarciso; Gildo, Vavá,
Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo. – “Que timaço!”
Nesse tempo, minha primeira década de vida, eu
tinha todos os grandes times em jogo de botão - e sofria muito com futebol.
Nesse tempo o Palmeiras andava bem! Era muito diferente dessa porcaria de hoje.
Mas esse tempo, “puts”, já vai longe...
Nesse tempo eu visitava todos os domingos o meu
tio Norival – torcedor fervoroso do São Paulo. Em geral eu o encontrava deitado
no sofá da sala de entrada, fumando e ouvindo no rádio os comentários
esportivos. Com a minha chegada ele me contava qual seria a escalação dos times
que iriam jogar – e me dava a escalação do São Paulo e a do Palmeiras, mesmo
que fossem outros os times que jogariam de fato. Escalados (os times), eu me sentava
no chão para ouvi-lo imitar o Fiori Gigliotti (1) narrando o jogo. E ele
caprichava nas frases celebrizadas pelo Fiori:
(Meu tio Norival - arq. pessoal)
- “Abrem-se as cortinas e comeeeeça o espetáculo!”
- no início do jogo.
- “O teeeempo paaaassa!” – nos momentos mais
angustiantes da partida, quando algum time precisava fazer um gol.
- "Goooooolllll.....Duduuuuu, o mooooço que veio de
Araraquara!” – em algum gol do Palmeiras, marcado pelo Dudu (2).
- “Agora não adiaaaanta chorar!” – logo após
narrar um gol.
(Fiori Gigliotti narrando um gol do Palmeiras)
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Nessas transmissões do meu tio o Palmeiras nunca
perdia. Na pior das hipóteses, se estivesse perdendo, para que eu não ficasse
triste, ele sempre arrumava, no último minuto, um gol de pênalti do Ademir da
Guia (3) para empatar o jogo.
Foi por isso que esse tempo que passou, ficou.
Eis então que, transitando pelo bairro do Morumbi,
passei pelo estádio do São Paulo (o “Cícero Pompeu de Toledo”, conhecido como “Morumbi”)
e resolvi descer do táxi. Caminhei em direção ao portão de entrada e,
encontrando-o aberto, entrei. Queria conhecer as arquibancadas, ver o gramado
onde ocorreram tantas partidas que ouvi sendo transmitidas tanto pelo rádio quanto pelo meu tio.
(Entrada principal do Estádio do Morumbi - arq. pessoal)
Entrei em um restaurante dentro do estádio, que
fica nas arquibancadas atrás do gol do lado do Portão 2, e sentei-me em uma
cadeira para ficar olhando.
(Estádio do Morumbi - vista interna - arq. pessoal)
(Estádio do Morumbi - vista interna - arq. pessoal)
Que belo estádio! Todo ajardinado, limpinho... Uma
garçonete perguntou-me se eu iria almoçar. Respondi que sim, que me trouxesse o
cardápio... e continuei olhando o estádio... o gramado verde, verdinho...
(Estádio do Morumbi - vista interna a partir do restaurante na arquibancada - arq. pessoal)
Mas a
moça demorou muito, tanto, mas tanto, que tive tempo de retomar minha lucidez.
Foi assim que, por estar em “território adversário”, meu coração alviverde falou
mais alto. E eu, incomodado por estar ali, levantei-me num movimento brusco e fui
embora assobiando o hino do Palmeiras, sem que a garçonete que se aproximava pudesse entender o
turbilhão de pensamentos que me estavam ocorrendo...
(1) FIORI GIGLIOTTI (1928-2006) –
radialista e locutor esportivo
(2) DUDU – apelido de Olegário Tolói
de Oliveira, nascido em Araraquara, SP, volante do Palmeiras na época da “Academia
de Futebol”
(3) ADEMIR DA GUIA – carioca, marcou
história no Palmeiras. Considerado pela crítica como um dos melhores jogadores do
futebol brasileiro de todos os tempos. Foi apelidado de “Divino”, pela classe com
que jogava.
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