quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O PALÁCIO DOS BANDEIRANTES




("Palácio dos Bandeirantes" - arq. pessoal, 12out12)


Gosto de visitar museus e centros de decisão e poder. Em geral estão instalados em prédios suntuosos cujas histórias ficam esperando para serem conhecidas. Sedes de Governo, residências oficiais de governantes, ministérios e secretarias, tudo, de preferência bem antigo, evoca fatos passados impregnados em suas paredes, varandas, jardins e corredores: adoro isso. 

Foi assim que, em viagem a São Paulo no último feriado, dediquei boa parte de uma tarde para visitar, no Morumbi, o Palácio dos Bandeirantes: a sede do governo do Estado. 


(Palácio dos Bandeirantes: fachada - arq. pessoal, 12out12)


De início o motorista de táxi, tomando conhecimento do meu destino, e não resistindo à oportunidade de “brincar”, sugeriu uma certa intimidade (não sei se minha ou dele) com o governador:

        - Vai bater um papinho com o Geraldo (1)? 

E lá fui eu, com o cotovelo apoiado na janela do carro, atento a tudo. O bairro do Morumbi, depois do Rio Pinheiros, abriu-se em árvores – uma pequena floresta urbanizada “em sobe e desce” de morros e mansões inavistáveis pela dimensão de seus muros: um charme detectável pela suntuosidade de seus portões e luminárias, posto que pelas suas ruas não se vê sequer um pedestre ou estabelecimento comercial para se fazer qualquer avaliação!

Identifiquei-me uma vez na guarita do Palácio, uma segunda vez na porta de entrada do prédio, e iniciei a visita. Quanto silêncio! É certo que era feriado, mas, além de mim e do meu guia, não havia ninguém mais ali dentro. Achei isso muito bom – pois assim poderia estabelecer uma cumplicidade maior com os móveis, os fatos históricos, as obras de arte e os personagens expostos nos quadros das paredes.

(Palácio dos Bandeirantes: salão nobre e mezanino - arq. pessoal, 12out12)

As partes abertas à visitação são apenas o hall do salão nobre e o mezanino. No hall nobre estão expostas obras de artistas renomados onde pude ver, dentre outras, o enorme painel “Criação, Expansão e Desenvolvimento do Brasil”, de Antônio Henrique do Amaral, e “Semeaduras”, de Clóvis Graciano. Além de painéis, quadros, esculturas e outras obras de arte, troféus e mimos ofertados aos representantes do governo do Estado ornam os corredores do Palácio.

(Palácio dos Bandeirantes, salão nobre: "Criação, expansão e desenvolvimento do Brasil" - Antônio Henrique do Amaral - arq. pessoal, 12out12)

(Pal. Bandeirantes: corredor interno ornado com esculturas - arq. pessoal)



O acesso ao mezanino é feito por duas escadas que ficam à esquerda e à direita de um auditório - o Auditório Ulisses Guimarães. Em suas paredes estão expostos, sequencialmente, os quadros com as pinturas das figuras dos governadores do Estado ao longo do tempo. É claro que a figura de um governador de Estado deve parecer sóbria. No entanto, chamou-me a atenção o quão escuros e sombrios foram pintados.

(Pal. Bandeirantes: Escadaria de acesso ao mezanino - Governadores do Estado - arq. pessoal, 12out12)

No mezanino, o espaço é reservado para exposições circunstanciais. Estavam expostos ali os “cusquenhos” - telas do período barroco andino pertencentes ao acervo dos Palácios (Bandeirantes e Boa Vista) do governo do Estado.

  (Pal. Bandeirantes: "São Lucas Evangelista" - escola cusquenha, séc. XVIII - óleo sobre tela - acervo artístico-cultural dos Palácios - fonte saopaulo.sp.gov.br)

Mas a área externa do Palácio foi também, para mim, um atrativo à parte. Suas árvores, suas esculturas, a presença de aves, tudo isso deu ao Palácio um ar de cidade pequena e juventude revisitada. Isso porque, olhando o Palácio pelo lado de fora, revi na lembrança livros e figuras do meu tempo de colégio onde ele era retratado – quando então nem imaginava que um dia, em uma tarde qualquer, iria visitá-lo pessoalmente.  


(Pal. Bandeirantes: vista externa, a partir da porta principal - arq. pessoal)

Depois de uma hora de visita tomei um táxi que me levou a uma confeitaria. Ali me sentei a uma mesa e pedi uma xícara de café bem forte com um pastel de Santa Clara. E da mesa, olhando o escoar da água do chuvisqueiro pela sarjeta, fiquei pensando em coisas que, de tão insignificantes, já nem me lembro mais...

(1) referência ao Governador do Estado de SP, Geraldo Alckimin)

RP, 16out12

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