O que importa para mim nas viagens é a comunicação sentimental que consigo estabelecer; é o desenvolvimento de uma relação de afeição com os lugares, com as pessoas, os prédios e os objetos que - sempre espero -, possam resultar em um silencioso aprendizado. Em especial, gosto das catedrais, dos centros históricos como um todo, e dos prédios onde funcionam os órgãos do Poder.
Minha intenção é publicar aqui as coisas que leio, vejo, penso ou observo, e que me fazem sentir que acrescentam. Afinal, as coisas só se tornam inteiramente bonitas quando podem ser compartilhadas e se mostram repletas de significados comuns.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
A CATEDRAL METROPOLITANA DE VITÓRIA
O que importa para mim nas viagens é a comunicação sentimental que consigo estabelecer; é o desenvolvimento de uma relação de afeição com os lugares, com as pessoas, os prédios e os objetos que - sempre espero -, possam resultar em um silencioso aprendizado. Em especial, gosto das catedrais, dos centros históricos como um todo, e dos prédios onde funcionam os órgãos do Poder.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
"POR VOLTA DA MEIA NOITE" (ou "LEMBRANÇAS DE UM HOMEM BOM")
Não se conta como foram seus dias no país distante. Mas dois anos se passaram até que ele voltasse. Voltou. Esperavam-no os pais, a companheira, e um filho pequeno.
Não ouvi contar, tampouco, dos seus primeiros dias após o retorno. Logo em seguida foi para o sul do Chile, também a trabalho. Levou a companheira e o filho. Era visto sozinho todas as noites no sofá da sala, luzes apagadas, barba por fazer, a mesma roupa do dia todo... ouvindo jazz... adormecido de uísque.
fonte: http://fineartamerica.com/featured/saxophonist-leonid-afremov.html)
Logo que chegou ao Chile mandou-me, por correio, com um abraço e uma pequena carta, uma fita K7. Na carta, a recomendação para que eu não deixasse de assistir o filme "Por Volta da Meia Noite"*. Na fita K7, as gravações de seus artistas preferidos. Gostava de música, em especial do sax tenor do Ben Webster, John Coltrane, Stan Getz, Dexter Gordon, Joe Henderson, Lester Young e muitos outros. Conhecia todos. Falava de cada um com muita paixão. Lembro-me de nossas conversas, do seu sorriso bom, da sua alegria de viver, dos papos sobre música; depois, das notícias do filho nos raros telefonemas que me fez. Mas, do retorno da Mauritânia em diante, não foi mais o mesmo - disseram-me os familiares.
Um dia, chegou-me a notícia: em uma estrada chilena, nos Andes Patagônicos, em alta velocidade, esborrachou-se contra um caminhão. Era ainda novo, deixou tudo. Deixou lembranças de um homem bom... e uma fita K7 com suas gravações favoritas, que ficou aqui, em uma das gavetas do meu escritório... e que ouço agora, depois de muitos anos.
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*"Round Midnight" (Por volta da meia noite) - dir. Bertrand Tavernier, 1986
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
SARAH VAUGHAN E A MÚSICA BRASILEIRA
Sarah Vaughan foi uma cantora norte-americana com uma das vozes mais maravilhosas que já ouvi. Nascida em 1924, fez sua primeira gravação em 1944. Cantava jazz. Porém, não se considerava uma cantora exclusivamente de jazz. Ela dizia que gostava de fazer e cantar todo tipo de música.
E foi por intermédio da MPB que eu a conheci em 1978 ou 79, por aí, quando em alguma estação de rádio a ouvi cantando "Travessia", em inglês, em uma gravação com o Milton Nascimento. Achei totalmente diferente aquela interpretação, e maravilhosa aquela voz forte, com passagens de graduações do grave para o agudo, e vice-versa, com elegância e delicadeza: muita técnica combinada com emoção!
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
"CONCIERTO DE ARANJUEZ": O SEGUNDO MOVIMENTO
maestro Daniel Baremboin, solista John Williams
terça-feira, 10 de setembro de 2013
ARANJUEZ, MON AMOUR
Eu era ainda muito jovem quando ouvi "Aranjuez mon amour" pela primeira vez. Tínhamos lá em casa um compacto simples; o cantor era Richard Anthony, em gravação de 1967.
Como a letra, escrita por Guy Bontempelli*, era em francês e eu não tinha condição de entendê-la, debruçava-me em frente à vitrola e, olhando o disco girar, as imagens se sucediam a cada vez que ouvia a música. Ao longo dos anos, a imagem que a música me inspirou foi a de uma viagem aérea... uma viagem a lugares distantes, sobrevoando países, observando de cima seus edifícios, ouvindo seus sons e sentindo o pulsar de vida existente no povo de cada lugar por onde essa viagem acontecesse... uma viagem longa e compassada...
Só depois de ter ouvido o Richard Anthony é que fui descobrir, anos mais tarde, que "Aranjuez mon amour" havia nascido do segundo movimento do "Concierto de Aranjuez", composto pelo espanhol Joaquin Rodrigo em 1939.
Minha esposa e as demais pessoas que estevam naquele grupo não entenderam nada...
- "Isso mesmo!", disse o companheiro da amiga, "foi por tudo que a cidade inspirou no Joaquin Rodrigo que ele compôs o 'Concierto de Aranjuez'".
Mesmo com tal descoberta, a viagem que sempre imagino, ao ouvir o "concierto", em nada foi alterada. Pelo contrário. Agora, ao ouvir o segundo movimento do "concierto", vejo também cavaleiros medievais, castelos, reis e rainhas sendo formados ao som do seu primeiro movimento.
E, aliando a minha viagem, no segundo movimento, com os cavaleiros medievais do primeiro (movimento), o terceiro (movimento) acrescenta a imagem desses mesmos cavaleiros, em campos floridos, empunhando as bandeiras de seus reinos, em incansáveis passeios no entorno de seus castelos.
ARANJUEZ, MON AMOUR
Mon amour, sur
l'eau des fontaines, mon amour Ou le vent les
amènent, mon amour Le soir tombé,
on voit flotter Des pétales de
roses
Mon amour et
des murs se gercent mon amour Au soleil au
vent à l'averse et aux années qui vont passant Depuis le
matin de mai qu'ils sont venus Et qu'en chantant, soudain ils ont écrit sur les murs du bout de leur fusil De bien
étranges choses
Mon amour, le
rosier suit les traces, mon amour Sur le mur et
enlace, mon amour Leurs noms
gravés et chaque été D'un beau
rouge sont les roses
Mon amour,
sèche les fontaines, mon amour Au soleil au
vent de la plaine et aux années qui vont passant Depuis le
matin de mai qu'il sont venus La fleur au
cœur, les pieds nus, le pas lent Et les yeux
éclairés d'un étrange sourire
Et sur ce mur
lorsque le soir descend On croirait
voir des taches de sang Ce ne sont que
des roses ! Aranjuez, mon
amour |
ARANJUEZ, MEU
AMOR
Meu amor,
sobre a água das fontes, meu amor Onde o vento
as levam, meu amor Ao cair da
noite, vemos flutuar Pétalas de
rosas
Meu amor e
paredes se desmancham meu amor Ao sol, ao
vento, à chuva, e aos anos que vão passando Desde a manhã
de maio que eles vieram E quando
cantando, de repente escreveram nas paredes com a ponta do seu fuzil Coisas bem
estranhas
Meu amor, a
roseira segue os seus sinais, meu amor Na parede e
abraça, meu amor Seus nomes
gravados e a cada verão De um lindo
vermelho são as rosas
Meu amor,
seque as fontes, meu amor Ao sol, ao
vento da planície, e aos anos que vão passando Desde a manhã
de maio que eles vieram A flor no
coração, pés descalços, o passo lento E os olhos
iluminados por um estranho sorriso
E nesta
parede, quando a noite cai Acreditaríamos
ver manchas de sangue São apenas
rosas Aranjuez, meu
amor |
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
CONFIDÊNCIAS DE UM VIOLÃO DEIXADO NO CANTO DA SALA
Ao meu violão