terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

UM BANCO NA PRAÇA


     Ficou um banco na praça. 

     Testemunha dos anos, de lá, com o olhar, atravessava as paredes - que não enxergava...  Ia além delas. Atravessava ruas, cidades e oceano, até tornar-se menino em alguma aldeia sofrida no Oriente Médio - de onde veio.

(Hussein no banco da praça - fonte: Lucas Amauri, postada no facebook)

     Foi-se o tempo, foi-se a aldeia, foi-se o menino, foi-se o homem: foi-se o Hussein - o "Beduíno".

     "Quem contará sua história?"

     Não deixou parentes, não deixou filhos; somente um banco vazio no canto da praça. 

     Hoje, no final da tarde, por ali transitarão apressados os automóveis e as bicicletas; os pedestres caminharão pelas calçadas e os pardais pousarão delicadamente nos jardins. Lá do alto os sinos de São Sebastião badalarão, solenemente, convocando os fiéis para a inflexibilidade da vida. 

(Hussein - Fonte: Dalva Altobelli Silveira, postada no facebook)


(Hussein - 01/fev/14 - seu último dia) 

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