quinta-feira, 30 de junho de 2016

LOURA OU MORENA


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO LÊ)
(Paulo e Haroldo Tapajós -"Loura ou Morena" - de Vinícius de Moraes e Haroldo Tapajós)


"Eu amo em todas somente a mulher"
(Vinícius de Moraes)


     No final da década de 20, ainda muito jovem, um rapaz cheio de vida e imaginação andava angustiado, pensando no tipo de mulher pela qual ficaria tomado de amores. Seria ela loira, "de corpo bem feito, magro e perfeito"; ou seria ela de pele morena, cabelos negros - um irresistível convite para amar? Nessa dúvida esse jovem rapaz, Vinícius de Moraes, produziu sua primeira letra musical para um foxtrote de Haroldo Tapajós: "Loura ou Morena".

     "Olho as mulheres, que desespero, que desespero de amor", dizia ele na letra.

     Pois foi há poucos dias. Entrei no banheiro de um restaurante e me vi tomado pelo mesmo desespero diante de uma incerteza: loira ou morena?

     Logo que abri a porta me senti como se estivesse chegando no paraíso. Tive opções de escolha. Antes de aliviar meus excessos de líquido fiquei parado, maravilhado, olhando para três mulheres que, em belos cartazes, me convidavam para me aproximar. Elas estavam um pouco acima das três peças sanitárias onde, reservadamente, eu deveria me postar. Fiquei na dúvida se ocuparia a peça central ou qualquer uma das laterais. Afinal, por qualquer uma que optasse, inevitavelmente a sensação seria de estar fazendo pouco caso das demais. Magoar alguma delas, naquela situação, era o que eu menos queria.

(Banheiro de um restaurante - foto: arq. pessoal)

     Na primeira peça uma morena de cabelos armados, óculos escuros na ponta do nariz, ares de desejo e espanto, apoiada em um balcão, olharia atentamente para a minha intimidade que ficaria exposta; a segunda, uma loira vestida de um tomara-que-caia cor de laranja, com uma régua em mãos, iria dimensionar aquilo que, vulnerável diante das circunstâncias, também se apresentaria; e a terceira, pele clara, cabelos soltos, trajes escuros, com uma filmadora em mãos e um sorriso discreto nos lábios, filmaria o que quer que se pusesse à sua frente.

     Achei genial. Por alguns segundos fiquei parado, na dúvida, sofrendo, olhando para aquelas mulheres e pensando de qual delas deveria me aproximar.

     - "É a loirinha? a moreninha? Meu Deus, que horror!"

     Não me lembro por qual delas optei. Mas sei que fiquei ali, em paz, fazendo o que deveria fazer, e rindo, rindo muito, sozinho.

     Quando voltei para a mesa do restaurante minha mulher me aguardava. Observadora como ela é, de imediato quis saber o porquê daquele meu ar de felicidade contido em um sorrisinho juvenil. Sem pensar muito respondi a ela que havia encontrado três mulheres lindas, e que cada uma delas usava de uma estratégia diferente para que eu me aproximasse delas.

     Como ela não acreditou nem um pouquinho na história que eu lhe contei, fui obrigado a voltar ao banheiro e fotografar as mulheres que vi. Precisei mostrar a foto a ela, deixar tudo muito bem esclarecido, e eliminar qualquer possibilidade de desconfiança sem causa.

     Não me lembro bem o que jantei naquele restaurante, se a comida era boa ou ruim. Só sei que gostei, e que estou querendo voltar lá nem que seja só para entrar no banheiro por alguns minutos e poder sentir novamente aquela mesma terna e angustiante dúvida que senti - e que Vinícius havia sentido quando era jovem e compôs "Loura ou Morena".

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Loura ou Morena*
(Vinícius de Moraes/Haroldo Tapajós)

Se por acaso o amor me agarrar
Quero uma loira pra namorar
Corpo bem feito, magro e perfeito
E o azul do céu no olhar
Quero também que saiba dançar
Que seja clara como o luar
Se isso se der
Posso dizer que amo uma mulher

Mas se uma loura eu não encontrar
Uma morena é o tom
Uma pequena, linda morena
Meu Deus, que bom
Uma morena era o ideal
Mas a loirinha não era mau
Cabelo louro vale um tesouro
É um tipo fenomenal
Cabelos negros têm seu lugar
Pele morena convida a amar
Que vou fazer?

Ah, eu não sei como é que vai ser
Olho as mulheres, que desespero
Que desespero de amor
É a loirinha, é a moreninha
Meu Deus, que horror!
Se da morena vou me lembrar
Logo na loura fico a pensar
Louras, morenas
Eu quero apenas a todas glorificar
Sou bem constante no amor leal
Louras, morenas, sois o ideal
Haja o que houver
Eu amo em todas somente a mulher

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*A melhor gravação de "Loura ou Morena", a meu ver, foi feita pelo "Quarteto em Cy", e pode ser ouvida no disco "Quarteto em Cy canta Vinícius de Moraes". Esse disco está, inteiro, no youtube:  https://www.youtube.com/watch?v=XdRUxInzxoM

quarta-feira, 22 de junho de 2016

ONTEM AO LUAR*


(Catulo da Paixão Cearense - 1863/1946 - fonte: http://www.clickideia.com.br/portal/conteudos/c/44/22609)



"Todo boêmio é feliz
porque quanto mais triste mais se ilude"
(João Bosco/Aldir Blanc)


     Catulo da Paixão Cearense foi boêmio e poeta. Iludido, violão nos braços, vivia pelas ruas e pelos bares. Sua casa de madeira, com paredes de pano - "Palácio Choupanal", como ele a chamava - vivia cheia de intelectuais e boêmios. Experimentou desilusões amorosas justamente pelo desajuste da vida que levava e que o impedia de proporcionar comodidade a quem quer que fosse.

     Em um de seus desacertos amorosos, ficou arrasado até o fundo da alma. Nessa condição, assumiu, diante da sua amada, que estava condenado a carregar pelo resto da vida a dor daquela paixão**.

     - "Mas, afinal, o que é a dor de uma paixão?" - perguntou-lhe ela, na tentativa de minimizar-lhe o sofrimento.   

     Se fosse um teórico, com frieza científica, mais que depressa ele tentaria explicar. Usaria palavras, análises, gráficos, exemplos... Se fosse mais atrevido ainda, ousaria até empregar equações matemáticas para explicar "a dor de uma paixão".

     Mas explicação assim posta é inconsistente, vazia e artificial.

     Paixão não se explica. Paixão se sente.

     E mais.

     Dói, lateja; é forte: muito forte.

     A dor de uma paixão não tem explicação! 

     Não, Catulo não era teórico. Era boêmio - e poeta. Não teve resposta conclusiva. Trocou passos sob o luar do sertão, fitou o azul do céu, sentiu o cheiro de flores amorosas, ouviu o silêncio, compreendeu a razão porque nascera roxa a flor do maracujá...

     E, na tentativa de falar sobre a fonte dos seus "ais", por intermédio de uma composição musical assim abordou a dor de sua paixão: 


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ACOMPANHANDO A LETRA ABAIXO)
(Paulo Tapajós -"Ontem ao luar")


 ONTEM AO LUAR
(Catulo da Paixão Cearense/Pedro de Alcântara)

Ontem, ao luar,
Nós dois em plena solidão,
Tu me perguntaste o que era a dor
De uma paixão.
Nada respondi!
Calmo assim fiquei!
Mas, fitando o azul do azul do céu,
A lua azul eu te mostrei...

Mostrando-a a ti,
Dos olhos meus correr
Senti
Uma nivea lágrima
E, assim, te respondi!
Fiquei a sorrir
Por ter o prazer
De ver
A lágrima nos olhos a sofrer.

A dor da paixão
Não tem explicação!
Como definir
O que só sei sentir!
É mister sofrer
Para se saber
O que no peito
O coração
Não quer dizer.

Pergunta ao luar,
Travesso e tão taful,
De noite a chorar
Na onda toda azul!
Pergunta, ao luar,
Do mar à canção,
Qual o mistério
Que há na dor de uma paixão.

Se tu desejas saber o que é o amor
E sentir o seu calor,
O amaríssimo travor
Do seu dulçor,
Sobe um monte à beira mar,
Ao luar,
Ouve a onda sobre a areia
A lacrimar!
Ouve o silêncio a falar
Na solidão
Do calado coração,
A penar,
A derramar
Os prantos seus!
Ouve o choro perenal,
A dor silente, universal
E a dor maior,
Que é a dor de Deus.


     Em vida recebeu todas as glórias, todas as honras. Adorado pelo povo, foi um boêmio inspirado e feliz - que morreu na pobreza.

_______________________________ 
*Inspirado na leitura de dados biográficos do boêmio e poeta maranhense Catulo da Paixão Cearense
**Conforme conta Paulo Tapajós em https://www.youtube.com/watch?v=J973HPM_l84

quinta-feira, 16 de junho de 2016

NA NATUREZA SELVAGEM


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR DURANTE A LEITURA)
(Eddie Vedder - "Guaranteed", do filme "Na natureza Selvagem")


     Na borda inferior do mapa múndi traço um eixo horizontal - o das "abscissas", o eixo "x". Na lateral esquerda, traço o das "ordenadas" - o eixo "y", vertical. Tenho então um referencial plano de coordenadas cartesianas no qual, na minha escala, localizo as cidades. Estão todas lá, conforme previsto.

     Cidades são pontos previstos e localizáveis nos mapas.

     No tempo das minhas primeiras descobertas, dois eixos apenas não eram suficientes. Havia a necessidade de um terceiro eixo - o eixo "z", do plano espacial. Nessa dimensão do mapa, não havia cidades, mas espaços vazios.

     Estendendo esse espaço vazio na escala que proponho, na direção do observador, consigo localizá-lo hoje no espaço - no eixo "z".

     Tudo mapeado, esquadrinhado e previsto.

     As pessoas, não sendo cidades localizáveis em mapas existentes no plano "xy", não podem funcionar sem a dimensão do espaço. Sei que estamos programados; que estamos funcionando em conformidade com o plano "xy" traçado, sem nos darmos conta de que o plano "z" anda meio esquecido: "caiu em desuso."

     Olho para o plano "xy" do mapa. Me localizo e me vejo irreconhecível. Apesar de estar perfeitamente localizável no referencial cartesiano plano traçado, não consigo estender a linha imaginária no plano espacial para me achar.

     Lembro que conheci muita gente para quem um plano apenas nunca foi e nunca será suficiente.

     Ao localizar e unir pontos em um gráfico "xy" de Termodinâmica, meu amigo C deixou de lado os números programados e completou a curva traçada com as imagens da mente. Gostou mais da ideia do que do número. Seu gráfico virou um seio enorme, com um mamilo bem traçado: uma obra de arte! Entregou-a ao mestre e, zerado, se foi: virou cartunista e hoje é dono de uma livraria.

     Volta e meia me lembro do C e das pessoas que se desviaram do plano "xy". Todos admiráveis.

     Reconheço que é necessário sermos localizáveis e programados nos gráficos planos. Assim temos valor econômico. Mas tenho pensado muito a respeito do lugar que ocupam os seres que identificamos como viajantes não dimensionados no terceiro plano - o plano dos espaços vazios. Conseguem sobreviver com a genialidade que possuem? Há lugar para eles? São aceitos?

     Penso em alguns seres fora dos gráficos planos por quem sinto admiração e ternura. Traduzem liberdade e desapego. Haverá espaço no mundo de hoje para estes seres abençoados que abrem nossos olhos e propõem? Ou o reconhecimento está na relação direta com o conteúdo econômico, e só isso conta?

     Christopher* tomou as rédeas de seus impulsos e foi para o Alasca sem nenhum centavo no bolso: chegou, resistiu, não voltou.


(fonte: http://www.extremos.com.br/noticias/130912_como_chris_mccandless_morreu/)

     Um plano só - o da tecnologia aliada à economia - não foi suficiente para o VM. Programado, não estava inteiro, não encontrava a felicidade... Optou pela anarquia criativa do pensamento: virou poeta.

     R, meu amigo de muitos anos, precisou que o eixo do terceiro plano não tivesse escalas: ele ia além. Nunca teve rédeas. Perdeu bens sem se sentir menor com isso. Jovem, adoeceu: tornou-se referência criativa quando virou saudade.

     O "Buffallo Bill", "amigo musical", plantou, criou, argumentou... Ficou só, vive sozinho em um rancho à beira do rio. Com frequência ligo para saber como ele está - e sempre terminamos o papo comentando os antigos discos do Neil Young e do Bob Dylan.

     Nessas reflexões ingênuas e amorfas me procuro e me localizo no plano "xy". Com angústia observo o terceiro plano repleto de possibilidades no espaço infinito, sem nenhuma escala demarcada. Ali reside o calor da vida criativa... e é para lá que todos nós precisamos aprender a caminhar.

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*Christopher Mc Candless - sua história está no belíssimo filme "Na natureza selvagem" (direção Sean Penn, 2008 - título original: "Into the wild")

quarta-feira, 8 de junho de 2016

CONVERSANDO COM O TEMPO*


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO LÊ,
E ACOMPANHAR A LETRA DEPOIS DA LEITURA)
(Aldir Blanc: "Resposta ao tempo", dele e Ronaldo Bastos)
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=fgHfzDgOwtY


"Ele aprisiona, eu liberto;
(...) ele adormece as paixões, eu desperto"
(em "Resposta ao Tempo")


     O homem amadurecido é chamado a dialogar; é preciso tocar em questões difíceis e inevitáveis. Difíceis porque requerem introspecção, envolvem idas e vindas, perdas e ganhos, risos e dores; inevitáveis porque são próprias do amadurecimento.

     O homem amadurecido ouve o interlocutor chamá-lo com austeridade.

     O interlocutor e o homem amadurecido se sentam, calados.


Aldir Blanc - fonte: https://www.revistaforum.com.br/tag/aldir-blanc/


     O interlocutor acha graça do silêncio e do jeito sem-jeito do homem amadurecido. O interlocutor nada diz, porém ri e zomba dos sofrimentos, angústias e choros experimentados pelo homem amadurecido.

     Para o interlocutor o esquecimento é fácil, as coisas passam, são apagadas. Mas o homem amadurecido não esquece. A capacidade de não esquecer é, ao mesmo tempo, uma vantagem e uma dor para o homem amadurecido. Diferente das possibilidades do interlocutor, o homem amadurecido  pode reviver. Reviver e sentir. E, sentindo, está sujeito a rir ou chorar.

     O interlocutor cuida de mostrar as folhas de outono contidas no coração do homem amadurecido, e que ditam sua finitude...

     O homem amadurecido relembra amores perdidos. O interlocutor sorri; ele ri dos abandonos sofridos pelo homem amadurecido. O interlocutor sabe passar, esquecer... O homem amadurecido guarda, revê, não consegue, definitivamente, fazer passar, esquecer...

     O interlocutor, incapaz de rever, tem a capacidade de fazer cicatrizar, aprisionar e fazer adormecer a chama da vida; o homem amadurecido, diferente do interlocutor, pode libertar, revisitar, reacender velhas paixões...

     No interlocutor, então, que passa sem sentir, é despertada a vontade de poder amar para também poder reviver... Mas o interlocutor não consegue passar pelas diversas fases pelas quais passou o homem amadurecido. O interlocutor, por ser infinito - e justamente por isso - é uma eterna criança e, como tal, desprovida do privilégio de poder amadurecer... e sentir. 


*leitura que faço da música "Resposta ao Tempo", de Aldir Blanc e Ronaldo Bastos
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RESPOSTA AO TEMPO
(Aldir Blanc/Ronaldo Bastos)

Batidas na porta da frente, é o tempo
Eu bebo um pouquinho prá ter argumento

Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar, e eu não sei

Num dia azul de verão sinto o vento
Há folhas no meu coração, é o tempo.

Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar, e eu também não sei

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto

E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

quarta-feira, 1 de junho de 2016

TODO O TEMPO DO MUNDO


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO LÊ)
(Louis Armstrong: "We have all the time in the world", de John Barry/Hal David)


Para a Denise,
no dia do seu aniversário.


     Uma flor, uma música, um objeto qualquer, além de terem seu uso ou sentido próprios, também podem evocar e representar uma pessoa.

     Sempre que tenho diante de mim um girassol, vejo nele os sorrisos da minha esposa. Na beleza do amarelo de seu núcleo central e de suas pétalas estão o calor e o entusiasmo pela vida; na extensão de seu caule, a altivez que aponta para o sublime.    

Estudo Orienta o Plantio de Amendoim e Girassol
http://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/girassol/estudo-orienta-o-plantio-de-amendoim-e-girassol.html

     Tanto o girassol quanto a minha esposa estão sempre posicionados na direção do sol para poderem embelezar.

     Pessoas e flores assim trazem em si a alegria e a felicidade de que o mundo tanto necessita, e por esse simples motivo precisam viver por muitos e muitos anos.

     - Feliz aniversário!

(Denise)

WE HAVE ALL THE TIME IN THE WORLD

We have all the time in the world
Time enough for life to unfold
All the precious things love has in store

We have all the love in the world
If that's all we have, you will find
We need nothing more

Every step of the way will find us
With the cares of the world far behind us

We have all the time in the world
Just for love
Nothing more, nothing less
Only love

Every step of the way will find us
With the cares of the world far behind us

We have all the time in the world
Just for love
Nothing more, nothing less
Only love

Only Love 
NÓS TEMOS TODO O TEMPO DO MUNDO

Nós temos todo o tempo do mundo
tempo suficiente para que a vida faça surgir
as coisas preciosas que o amor reserva

Nós temos todo o amor do mundo
Se isso é tudo o que temos
Você vai ver que
Não precisamos de mais nada

Cada passo do caminho
vai encontrar-nos
Com os cuidados do mundo
muito atrás de nós

Nós temos todo o tempo do mundo
Só para o amor
Nada mais, nada menos
Somente amor

Cada passo do caminho
vai encontrar-nos
Com os cuidados do mundo
muito atrás de nós

Nós temos todo o tempo do mundo
Só para o amor
Nada mais, nada menos
Somente amor

Somente amor