Foto (fonte): https://7marte.com/2019/09/o-que-e-filme-noir.html
O cinema é uma das formas de expressão artística que tem o poder e a magia de despertar diferentes sensações. Para isso, o gênero ou estilo de filme contam muito.
O filme noir é um desses "gêneros" - ou, discute-se, não de "gênero", mas de "estilo", pois muitos entendem tratar-se de uma maneira de lidar com a imagem. O filme noir, em geral, trabalha com suspenses psicológicos que adentram a personalidade humana. Nesse "gênero" (chamemos assim), ninguém é santo: todos são, em algum momento, suspeitos. Diferente do maniqueísmo que era filmado até então, quando se identificava muito bem quem era o bandido e quem era o mocinho, no filme noir mulheres já são tratadas sem aquele perfil exclusivo de ingenuidade; os vilões às vezes nem são tão maus; e detetives já não são tão confiáveis quanto deveriam ser. Em geral, os traços marcantes do filme noir são as sombras, os ângulos de filmagem, cenas com fumaça e neblina - e eu acrescentaria, ainda, que a música também exerce um papel fundamental, pois cria todo um clima de mistério e suspense. Casacão, chapéu e cigarro, com histórias ligadas ao chamado "whodunit", ou seja, que descrevem investigação, com assassinato, são elementos que compõem os filmes noir. Neles, há quase sempre um indivíduo com muitas manias - em geral é o detetive, com falas fortes e absolutas. Há ainda muita narração em off, que reflete a necessária economia do número de cenas para a época; vejo, inclusive, um certo machismo no filme noir... se bem que a mulher já aparece mudando o seu perfil social nesse período: ela carrega ainda uma certa fragilidade, porém começa a ser vista como autora de gestos nem sempre nobres, muitas vezes falível, elaborando tramas e buscando atingir intentos de uma forma nem sempre muito ética.
O filme noir teve sua fase áurea de 1941 a 1958, nos Estados Unidos. Foram realizados, no "gênero" noir, dentre muitos outros, os seguintes filmes: "O falcão maltês" (Relíquia macabra) - (1941), dirigido por John Huston; "Pacto de sangue" (1944), "Farrapo humano" (1945), e "Crepúsculo dos deuses" (1950), dirigidos por Billy Wilder; "Laura" - (1944), por Otto Preminger; "Gilda" (1946), por Charles Vidor; "A dama de Shangai" (1948), por Orson Welles.
Humphrey Bogart ("Relíquia macabra"), Rita Hayworth ("Gilda", "A dama de Shangai"), Dana Andrews ("Laura"), Glenn Ford ("Gilda"), Barbara Stanwyck ("Pacto de sangue"), Lauren Bacall (À beira do abismo"), são alguns dos atores e atrizes associados ao filme noir.
Apesar de serem muito pobres em locações e cenários, de mostrarem cenas "forçadas", tais como aquelas em que, exemplificativamente, detetives aparecem no apartamento de qualquer suspeito, sem qualquer anúncio prévio, para interrogá-lo sempre que assim desejam, gosto dos filmes noir... Acho especialmente interessantes os seus títulos, tão fortes e macabros que, só de me deparar com eles, já sinto um certo arrepio: "A curva do destino", "Alma torturada", "O homem dos olhos esbugalhados", "Assassinos", "O beijo da morte"...
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