Minha intenção é publicar aqui as coisas que leio, vejo, penso ou observo, e que me fazem sentir que acrescentam. Afinal, as coisas só se tornam inteiramente bonitas quando podem ser compartilhadas e se mostram repletas de significados comuns.
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
ANITA "TROPICAL"
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
FALA-ME DE AMOR
Parlez-moi D'amour (Jean Lenoir)
Parlez-moi
d'amour Redites-moi
des choses tendres Votre beau
discours Mon cœur
n'est pas las de l'entendre Pourvu que
toujours Vous
répétiez ces mots suprêmes : "Je
vous aime"
Vous savez
bien Que dans
le fond je n'en crois rien Mais
cependant je veux encore Écouter ce
mot que j'adore Votre voix
aux sons caressants Qui le
murmure en frémissant Me berce
de sa belle histoire Et malgré
moi je veux y croire
Il est si
doux Mon cher
trésor, d'être un peu fou La vie est
parfois trop amère Si l'on ne
croit pas aux chimères Le chagrin
est vite apaisé Et se
console d'un baiser Du cœur on
guérit la blessure Par un
serment qui le rassure |
Fala-me de
amor
Fala-me de
amor Diga-me as
coisas ternas Seu belo
discurso Meu
coração não se cansa de ouvir Cuide para
que sempre Você repita
estas palavras supremas "eu
te amo"
Você sabe Que no
fundo eu não acredito nisso Mas, no entanto, eu ainda quero Ouvir estas
palavras que gosto de ouvir A sua voz
em sons carinhosos Que o
murmúrio emocionado Me embala com
sua bela história E, apesar
de mim, quero acreditar no que diz
É tão doce Meu
querido tesouro, ser um pouco louco A vida é
por vezes demasiado amarga se a gente
não acreditar em sonhos impossíveis A dor é
rapidamente apaziguada e consola-se
com um beijo Do coração
cura-se o ferimento Por um
juramento que o faz ressuscitar |
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
DO ANDAR DE CIMA
Enviei a uma amiga alguns textos redigidos por mim. Em retorno recebi comentários escritos e áudios gravados: uma companhia generosa para o andar de cima, de onde os problemas do mundo abaixo não nos incomodam. Olhando lá de cima, o barulho, as rivalidades, o ódio, nada disso parece fazer sentido... as ruas, as calçadas, as pessoas nas casas, nas lojas, nas cidades... a vida segue em paz. E à noite, de lá de cima, mirando as estrelas, um espetáculo gratuito se desenvolve. Coloco-me como espectador atento, silencioso, pacificado... Para lá eu vou quando consigo me inserir nos textos poéticos que leio... Para lá eu ia, para ficar pensando... para o andar de cima, para o telhado da velha casa amarela que mora em mim: para lá fui reconduzido ao ler as mensagens que me foram enviadas pela minha amiga...
Up On the Roof (G Giffin/Carole King)
When
this old world starts a getting me down And
people are just too much for me to face I'll
climb way up to the top of the stairs And all
my cares just drift right into space
On the
roof, it's peaceful as can be And
there the world below don't bother me, no, no
So when
I come home feeling tired and beat I'll go
up where the air is fresh and sweet I'll
get far away from the hustling crowd And all
the rat-race noise down in the street
On the
roof, that's the only place I know Look at
the city, baby Where
you just have to wish to make it so Let's
go up on the roof
And at
night the stars they put on a show for free And,
darling, you can share it all with me That's
what I said Keep on
telling you
That
right smack dab in the middle of town I found
a paradise that's troubleproof And if
this old world starts a getting you down There's
room enough for two |
De cima do telhado
Quando
esse velho mundo começa a me derrubar E fica difícil encarar as pessoas Eu subo até o topo da escada E todos os meus incômodos vão para o espaço
No telhado tudo está em paz E de lá, o mundo abaixo não me incomoda
Então, quando eu chego em casa cansado e abatido Eu subo para onde o ar é fresco e doce Eu vou para longe da multidão agitada E de toda barulheira na rua
No telhado, o único lugar que conheço Olhe
para a cidade, meu bem Onde você só precisa desejar para conquistar Vamos
subir no telhado
E à
noite as estrelas promovem um show de graça E,
querida, você pode compartilhar tudo isso comigo Foi isso o que eu disse E continuo te dizendo
Bem
ali no meio da cidade Encontrei um paraíso que é imune a problemas E se esse velho mundo começa a te derrubar Há
espaço suficiente para dois |
quarta-feira, 11 de setembro de 2024
ATÉ QUE A NOITE SEJA ETERNA...
As ruas, os automóveis, o incômodo barulho de motores de motocicletas... No caminho de tanta gente as árvores fazem sombra para que eu, para que todos os passantes, e também para que os cães, todos nós, nos descansemos dos cansaços de caminhadas indecisas...
- "Há em toda essa dinâmica um rastro, muitos estímulos, e um horizonte..."
Ao olhar para fora, da janela do meu escritório, e ao ver que o movimento diário se repete, fico buscando entender o que não há como ser entendido, mas inevitavelmente pensado...
A pulsação de estímulos é intensa... de vida que abraça, que chama, que convida para manifestações de amabilidades e cumplicidade de uns para com outros, mesmo que seja por uma troca involuntária de olhares...
A noite dá pouso e descanso ao dia. No escuro, com a cabeça no travesseiro, fecho os olhos e fico me perguntando:
- Para onde foram os que transitaram pelo meu caminho? Em quantos corações e em quantas lembranças permaneceu um pouco de mim? Quem se despertará na madrugada e se lembrará de ter me visto pelas calçadas? alguém irá pensar: "passou por mim um sujeito que parecia bom..."? Se, porventura, minha imagem reaparecer no sonho ou no pensamento de alguma pessoa, serei luz? ou levarei escuridão?
- "Ah... o amanhã..."
No silêncio do meu quarto tento dormir... Os que passaram por mim vão se distanciando sem terem sido abandonados: permaneceram, ficaram guardados... para reaparecerem em algum sonho, em alguma lembrança, em alguma noite... até que, do sono, a noite seja eterna.
Hey Tomorrow (Jim
Croce)
Hey,
tomorrow! Where
are you goin'? Do
you have some room for me?
'Cause
night is fallin' And
the dawn is callin' I'll
have a new day, if she'll have me
Hey
tomorrow! I
can't show you nothin' You've
seen it all pass by your door
So
many times I said I been changin' Then
slipped into patterns of What's
happened before
[Chorus] 'Cause
I've been wasted And
I've over-tasted All
the things that life gave to me And
I've been trusted Abused
and busted And
I've been taken by those close to me
Hey
tomorrow! You've
gotta believe that I'm
through wastin' what's left of me
|
Ei,
Amanhã
Ei,
amanhã! Onde
você está indo? Você
tem algum lugar para mim?
Porque
a noite está caindo E
o amanhecer está chamando Eu
terei um novo dia, se ela me acolher
Ei,
amanhã! Eu
não posso mostrar-lhe nada Você
já viu de tudo passar por sua porta
Tantas
vezes eu disse queestava mudando Em
seguida, voltei aos padrões Do
que já havia acontecido antes
[Refrão] Porque
eu ando exausto E
me excedi Em
todas as coisas que a vida me ofereceu E
fui bem-visto Maltratado
e desgastado E
fui tomado por aqueles perto de mim
Ei,
amanhã! Você
tem que acreditar que Estou
desperdiçando o que resta de mim
|
terça-feira, 3 de setembro de 2024
DO SENA AO SAPUCAÍ: A EPOPEIA DE UM NAVEGANTE
Por caminhos batidos por animais, procurando trajetos mais curtos, desviando dos incômodos do calor do sol, dos acidentes do relevo, os homens vão se locomovendo, fazendo nascer ruas que, inicialmente estreitas e sinuosas, dentro de um povoado, são o embrião das grandes avenidas das cidades. De forma análoga, dos pequenos cursos de água, córregos, riachos, regatos, ribeirões, os rios. Assim, por ruas e avenidas, riachos e rios, vamos nos deslocando no espaço público.
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
CLÓVIS, O GUERREIRO
segunda-feira, 3 de junho de 2024
A RECREATIVA
Ontem passei pela Nove... e, imaginando preservado o calçamento da Avenida, fiquei angustiado ao pensar em suas margens esquecidas em um tempo futuro, distante do meu período de existência... margens tomadas por prédios retos, frios, práticos, altos e impessoais... prédios espremidos construídos onde, um dia, havia existido um prédio diferenciado, um espaço para confraternização - um clube recreativo - às margens da Avenida.
A Recreativa conta uma... muitas... inúmeras histórias da cidade e de sua gente: histórias de sonhos, lutas e sacrifícios, que ensejaram a formação de laços de amizade e companheirismo entre muitas pessoas.
A sua sede social, na Av. Nove de Julho, é um prédio e espaço diferenciado? É! Tem valor cultural? Se tem!!! A começar pelos murais feitos nas paredes ao lado da calçada... Internamente, as suas piscinas... as quadras de tênis, o restaurante, os salões de festas... no coração de Ribeirão Preto: um belo cartão postal da cidade... da cidade que se enriquece, que se transforma... mas que - quero crer - saberá preservar e manter de pé suas referências...
terça-feira, 28 de maio de 2024
A DIVINA COMÉDIA
No exato sentido do termo, conforme costumava empregar minha avó quando queria dizer "hábil, esperto", o Dante Alighieri (1265-1321) foi "danado" mesmo: dispôs o inferno, o purgatório e o paraíso, em "A Divina Comédia"*, em estruturas e camadas: creio que ele, ao fazer essa montagem, inspirou-se nas muitas pessoas que haviam passado e que ainda estavam passando pela sua vida. E fez tudo isso com muita arte. Certamente ele também olhou para si mesmo, e tentou se situar naquelas camadas. Fiquei também tentando me situar: em qual estrutura estaria eu? em qual camada? No paraíso não me vi, posto que ando muito humanizado; no inferno, fiquei até com um certo receio de refletir sobre os diversos estágios, mas definitivamente as entidades não devem ter chegado ao consenso de que eu deva ficar por lá, correndo de um lado para outro sem parar, como forma de pagamento pelas minhas omissões e infrações… Mas ainda guardo uma certa esperança de me purificar: assim, em havendo esperança, o inferno, por enquanto, não parece ser o meu destino. Tentei me enxergar no purgatório, e penso que tenho zanzado pelos seus estágios, procurando me purificar, e mantendo uma certa esperança de atingir o paraíso. Assim, ainda nesse embate pela purificação, vou ficando por aqui, mantendo a vontade e o empenho para me tornar cada vez menos imperfeito.
domingo, 5 de maio de 2024
A VINGANÇA DAS ÁGUAS
Depois de algum tempo voltei aos treinos noturnos de natação. Treinando, movimentando o corpo, vou cuidando de mim, quieto, em silêncio. Dentro d'água sou alvo de uma série de questões que, sem saber de onde vêm, ficam borbulhando em minha mente.
Dentro d'água todos os sons e movimentos exteriores se distanciam, são secundários, desinteressantes... Enquanto nado, mergulho nas questões que vão borbulhando sem que eu as formule... Com força, bato as pernas na água... vou girando os braços, dando braçadas... e me pergunto voluntariamente: "Será que as águas promovem essa corrente impetuosa de questões como forma de vingança pela agressão que imponho a elas?"
Já na borda da piscina, cansado, respiro devagar e elaboro uma pergunta simples vinda lá do fundo do estômago: "O que será que teremos em casa hoje, para o jantar?"... e saio da piscina sem nenhuma resposta...
terça-feira, 2 de abril de 2024
O PALÁCIO MONROE
Para celebrar os cem anos de aquisição dos territórios da Nova França da América do Norte (Luisiana), os Estados Unidos promoveram a Exposição Universal de 1904 na cidade de Saint Louis (no estado do Missouri). Muitos países, dentre eles o Brasil, foram convidados a participar daquela que seria a 18ª Exposição Universal. Até então, as seguintes Exposições Universais, nos respectivos anos mencionados, haviam sido realizadas*: Londres (1851, 1862), Paris (1855, 1867, 1878, 1889, 1900), Porto (1865), Viena (1873), Filadélfia (1876), Sydney (1879), Melbourne (1880), Nova Orleans (1884), Barcelona (1888), Chicago (1893), Bruxelas (1897), e Buffalo (1901).
Para sediar o pavilhão do Brasil na Exposição Universal de Saint Louis, o engenheiro militar Francisco Marcelino de Sousa Aguiar projetou um palácio em estrutura metálica, o qual deveria ser montado no local da Exposição e, ao seu final, desmontado e remontado no Brasil. Na Exposição o Palácio foi um grande sucesso, chegando a vencer o principal prêmio de arquitetura.
Finda a Exposição, o Palácio foi desmontado - conforme previsto. Sua cúpula e as suas estruturas metálicas foram transportadas para serem remontadas na cidade do Rio de Janeiro, onde foi reinaugurado em 1906 para sediar a 3ª. Conferência Pan-Americana. Nessa ocasião, por sugestão de Joaquim Nabuco e do Barão do Rio Branco, o até então chamado Palácio de São Luiz foi renomeado "Palácio Monroe" - em homenagem ao presidente James Monroe, que governou os Estados Unidos de 1817 a 1825, e que, quando presidente, havia propagado a ideia de que fossem coibidas as interferências da Europa na América ("Doutrina Monroe" - "América para os americanos").
Depois da 3ª. Conferência Pan-Americana, o Palácio Monroe sediou a Câmara dos Deputados de 1914 a 1922; o Senado Federal de 1925 a 1960, e o Tribunal Superior Eleitoral (1945 a 1946). Com a inauguração de Brasília, e consequentemente a transferência da sede do Senado para a Praça dos Três Poderes, o Palácio Monroe passou a ter a função de escritório de representação (do Senado). Alvo de críticas fundadas em ideias de progresso a partir daí, argumentava-se que o Palácio atrapalhava o trânsito, que ia contra as convenções estéticas da época, que impediria a construção de uma linha do metrô, e que acarretava muito gasto público. Assim, em 1975 o Senado devolveu o edifício ao governo federal, e, em 1976, o Palácio Monroe foi demolido. Atualmente, no local, há um chafariz e um estacionamento subterrâneo explorado por empresa privada.
O Palácio Monroe pode ser visto em fotos antigas (muitas delas pela Internet), na imagem do reverso da cédula de 200 réis emitida em 1919, e, por acaso, em uma breve cena tomada por helicóptero, no filme "Roberto Carlos em ritmo de aventura" (1968; Dir. Roberto Farias).
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*O Brasil organizou a Exposição Universal de 1922, no Rio, em comemoração aos 100 anos de independência do Brasil.
**Trecho da crônica "O convento", publicada na Gazeta da Tarde em 21/7/1911 - republicada em "Cronistas do Rio" - org. por Beatriz Resende - Autêntica Editora, 2017