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(Pink Floyd - "Us and them")
Sempre que estamos sozinhos temos que, de alguma forma, enfrentar os pensamentos que involuntariamente nos vêm - em especial quando estamos em uma poltrona de avião, em fileira com poltronas individuais, como eu me encontrava na semana passada. Nessas situações ficamos olhando o nada, tentando nos desviar de pensamentos ruins, pensando em coisas insignificantes ou ainda tentando decifrar os estímulos que nossas mentes nos apresentam.
Pois eu, na situação em que estava, saí do avião com o olhar e fiquei olhando pela janelinha o que Deus me apresentava. Vi poucas núvens logo abaixo, num dia de sol que se seguia a vários dias de chuva. Além das núvens, uma imensidão de verde de vários tons e em formas geométricas distintas umas das outras, delimitadas por cursos de água ou pequenas estradas em linhas bem definidas; além das núvens um silêncio imperativo, sem a agitação dos homens, sem a trepidação das cidades... uma paz definitiva.
(Foto: chegando em Ribeirão Preto, vista aérea - feita por mim, em 10/03/11)
Viajando assim, nessa outra viagem que fazia... verde, chão, núvem, avião... fiquei pensando nas primeiras viagens dos aviadores, em aviões primitivos, sem instrumentos de alta precisão, traçando as primeiras rotas de voo, enfrentando toda sorte de riscos imagináveis. Situações assim viveu o Exupéry, piloto de correio aéreo (além de grande escritor), que fez sua última viagem - sem retorno - nos anos finais da segunda guerra mundial.
Ele comentava, em uma de suas reflexões, a inversão do céu. Ele dizia que aqueles que se encontram na terra olham para cima e veem o céu azul, as estrelas cintilando, tudo em perfeita harmonia. Por sua vez, os pilotos de avião, assim como ele, quando olhavam para baixo, viam as luzes acesas das cidades e enxergavam em cada luzinha a possibilidade de uma família reunida, de alguém meditando, trabalhando, conversando... Na escuridão da noite de piloto de avião que geralmente viajava sozinho a cidade iluminada representava o seu céu, o seu ideal de constelação que harmoniosamente brilha, com gente sorrindo, com casais se amando, e com crianças brincando...
Ele comentava, em uma de suas reflexões, a inversão do céu. Ele dizia que aqueles que se encontram na terra olham para cima e veem o céu azul, as estrelas cintilando, tudo em perfeita harmonia. Por sua vez, os pilotos de avião, assim como ele, quando olhavam para baixo, viam as luzes acesas das cidades e enxergavam em cada luzinha a possibilidade de uma família reunida, de alguém meditando, trabalhando, conversando... Na escuridão da noite de piloto de avião que geralmente viajava sozinho a cidade iluminada representava o seu céu, o seu ideal de constelação que harmoniosamente brilha, com gente sorrindo, com casais se amando, e com crianças brincando...
(Foto: cidade do Cairo, Egito - vista aérea - em http://surfwithberserk.com/the-view-from-space)
Nessas reflexões do piloto-escritor senti a valorização do pulsar da vida, face ao medo da morte...
E foi com pensamentos assim que, sem que tivesse me dado conta, o avião pousou... no céu do Exupéry, no solo de São Paulo.
RP, 17MAR2011
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