(Video: Filme "Lavoura Arcaica", dirigido por Luiz Fernando Carvalho)
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A palavra DABKE significa “bater o pé no chão”. DABKE é uma dança folclórica de muitos países árabes. É dançada em grupo, com as pessoas de mãos dadas formando uma roda ou uma meia-lua com movimentação dos pés, que realizam uma variedade de batidas e passos no chão. A música e a dança são alegres e, em geral, são acompanhadas da flauta “mjwez”. O líder do DABKE (“raas”) conduz o cordão, olhando ora para o público, ora para os demais dançarinos. A ele é permitido improvisar no DABKE. Ele dança girando um lenço ou cordão de contas (“masbha”), enquanto os demais dançarinos mantêm o ritmo. Os dançarinos emitem sons para demonstrar energia e manter o ritmo. O líder deve ser como uma árvore, com os braços erguidos, com a postura ereta e altiva do tronco, e com os pés batendo no chão para manter o ritmo.
Nas grandes celebrações familiares, na casa de minha avó paterna, dançava-se o DABKE. Eu, pequeno, ficava atento a cada movimento, a cada passo, a cada som. Na foto, uma dessas ocasiões festivas.
(Ocasião festiva em família - Da esq. para a direita: minha avó [parte], A. Abboud, Jorge Khalil, Musso [tio], Jorge Barouf [tio-avô e flautista], Nogueira [tio] - foto: meados dos anos 60)
Raduan Nassar, em “Lavoura Arcaica”, (depois transformado em filme - dirigido por Luiz Fernando Carvalho) assim descreve um grupo de familiares e amigos dançando DABKE:
"(...) e eu pude acompanhar, assim recolhido junto a um tronco mais distante, os preparativos agitados para a dança. (...) E foi então a roda dos homens se formando. Primeiro meu pai de mangas arregaçadas arrebanhando os mais jovens. Todos eles se dando rijos os braços, cruzando os dedos firmes nos dedos da mão do outro, compondo ao redor das frutas o contorno sólido de um círculo (...). E logo meu velho tio, velho imigrante, mas pastor na sua infância, puxou do bolso a flauta, um caule delicado nas suas mãos pesadas, e se pôs então a soprar nela como um pássaro; suas bochechas se inflando como as bochechas de uma criança; e elas inflavam tanto, tanto, e ele sanguineo dava a impressão de que faria jorrar pelas orelhas, feito torneiras, todo o seu vinho. E ao som da flauta a roda começou, quase emperrada, a deslocar-se com lentidão, primeiro num sentido, depois no seu contrário, ensaiando devagar a sua força num vaivém duro e ritmado ao toque surdo e forte dos pés batidos virilmente contra o chão. (...) E os mais velhos que presenciavam, e mais as moças que aguardavam a sua vez, todos eles batiam palmas reforçando o ritmo..."
(Raduan Nassar, em “Lavoura Arcaica” - extrato do cap. 29)
Querido irmão, como ficar calada sem comentar se imagens como essa estão "grudadas" em nossas lembranças...também a força do bater dos pés , a energia dos dedos entrelaçados e dos cotovelos firmes apoiando uns nos outros? Que lindo e que feliz nós somos por termos vivido isto! Um beijo e não guarde para si tantas coisas bonitas que passam por sua cabeça...compartilhe sempre conosco pois isso é um presente para mim.
ResponderExcluirRitmo que se mantém até hoje, não é? Elias. Abraço. Flávia
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