Acabo de abrir uma pasta onde guardei escritos antigos. Dentre muitos deles, releio uma anotação que fiz em setembro de 1996 contando um diálogo com minha filha, e uma situação de sofrimento de meu filho. Transcrevo-os abaixo.
QUEM INVENTOU O SOL?
Quinta-feira passada, num calor infernal, logo depois do almoço, fui levar minha filha de seis anos para a escola. Dentro do carro tivemos o seguinte diálogo:
Ela: “Pai, quem foi que fez o calor?”
Eu: “Foi o sol, minha filha”.
Ela: “Pai, quem foi que fez o sol?”
Eu, depois de refletir um pouco sobre a resposta que lhe daria, respondi a ela:
- Foi Deus.
Na sequência, a pergunta:
- E quem fez Deus?
Eu, já um tanto perdido, respondi a ela confusamente que aquela era uma pergunta muito difícil de ser respondida...
Meio pensativa, um tanto conformada com a minha limitação, e ainda querendo consolar-me, ela complementou:
- Acho que só a vovó sabe quem fez Deus, né pai? ... porque ela reza muito.
SOFRIMENTO...
Na sexta-feira passada, mesmo havendo uma festa programada na “escolinha” do meu filho de quatro anos de idade, ele, depois do almoço, disse que não queria ir à festa; que preferia ficar em casa. Parecia que estava com medo de alguma coisa, que estava meio preocupado. Concordamos, eu e minha esposa, em deixá-lo em casa, mas ficamos preocupados em tentar descobrir os motivos de tal pedido. Feitas as devidas averiguações, fomos informados de que uma colega dele havia lhe dito que a mãe dela iria amarrá-lo e levá-lo preso. Descobrimos também, em seguida, que ela - a mãe – é policial, e que todos os dias vai à “escolinha”, devidamente fardada, levar a filha. Portanto, o medo de meu filho era de ser amarrado e preso: quatro anos de idade... quanta fantasia... quanto sofrimento!!!
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