(Itzhak Perlman, Orq. Filarm. Israel - Vivaldi, "Quatro Estações", mov. III)
Há poucos anos me deparei, já tarde da noite, com um senhor comentando peças de música clássica na TV. Era o Arthur da Távola, um poeta e político carioca falecido recentemente, que dizia que seu maior sonho era ser maestro. Ele comentava um movimento de um concerto de BRAHMS, muito cheio de energia, e que parecia nos convidar a celebrar a vida, a levantar e sair correndo prá não sei onde... talvez em busca de coisas inatingíveis. No solo, um exímio violinista de quem eu nunca tinha ouvido falar. A cada nota mais expressiva, a cada variação de mensagem musical, a face do violinista traduzia os instintos de vida que a música lhe inspirava. Fiquei maravilhado com aquela interpretação. Despertei-me por inteiro. Ao término da apresentação o violinista abaixou-se em sua cadeira para pegar duas bengalas para poder levantar-se. Só então vi que ele era paralítico. Essa observação adicionou emoção à apresentação que eu havia visto. Fiquei pensando que limitações físicas não impedem as pessoas de procurarem desenvolver talentos... E que a beleza e a mensagem de cada um não é aquela que se evidencia aos olhos, mas sim aquela que nos fala ao coração.
Arthur da Távola volta à cena então, com sorriso nos olhos e emoção na fala, e nos apresenta o grande violinista: ITZHAK PERLMAN. Passei a conhecê-lo e a admirá-lo desde então, vendo-o acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Berlim. A partir daí ele passou a habitar minhas impressões musicais e tornou-se um conhecido próximo, muito embora ele não saiba disso.
Há poucos minutos, ainda juntando destroços meus após uma visita que havia feito, abro minha caixa postal e leio uma notícia encaminhada por um amigo: ITZHAK PERLMAN E ORQUESTRA FILARMÔNICA DE NOVA YORK EM UM CONCERTO PARA ELIMINAR A PÓLIO.
Ele, o Itzhak Perlman, que contraiu a paralisia infantil aos quatro anos de idade e superou sérios desafios para tornar-se um dos músicos mais consagrados do mundo tornara-se parceiro de uma organização internacional sem fins lucrativos, com o intuito de arrecadar fundos para cumprir compromissos assumidos por essa Organização com a Fundação Bill Gates e Melinda Gates.
Dizia a notícia que no próximo dia dois de dezembro, às 19:30 horas, em Nova Iorque, no Lincoln Center for Performing Arts, haverá uma apresentação beneficente para apoiar os esforços globais de erradicação da poliomielite. Assim, tomei conhecimento de que a possibilidade dessa apresentação resultou da junção de esforços dessa Organização Internacional com o ITZHAK PERLMAN e a Orquestra Filarmônica de Nova York, que irão se apresentar juntos. Vi que os ingressos para o concerto variam de 70 a 200 dólares, e a notícia termina convidando-nos a participarmos.
E então? Estamos todos convidados! Mas... Não dá prá ir? Muito caro? Muito longe? Outro compromisso já agendado para a mesma data? Não faz mal, fazemos nossa parte daqui mesmo. Convido a todos para colocarmos no aparelho de som o movimento numero três do concerto para violino e orquestra op. 77 de Brahms, com solo de Itzhak Perlman, fecharmos os olhos e nos deixarmos levar sem a necessidade de sairmos do lugar... e a agradecermos pessoas e Organizações assim que ainda se sensibilizam e tomam iniciativas para combater os grandes males da humanidade.
No vídeo acima postado, podemos ver um pouquinho do talento do Itzhak Perlman.
RP, setembro de 2009
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