(Imagem: Primeira página do jornal L'Aurore com a carta escrita por Emile Zola)
No final do século XIX aconteceu um grave erro judiciário na França. Esse caso ficou conhecido como O CASO DREYFUS.
Uma empregada da embaixada alemã, na França, encontrou uma carta em um cesto de lixo e a entregou ao serviço secreto francês. Na carta havia indícios de que existia um oficial francês que fazia espionagem para os alemães. Alfred Dreyfus foi apontado como sendo o oficial francês, que era judeu, que poderia ter escrito a carta. Havia um forte anti-semitismo na França. Porisso ele foi considerado o principal suspeito. Submetido a um processo fraudulento, a portas fechadas, a carta foi usada como instrumento de acusação. Alfred Dreyfus foi julgado e condenado a prisão perpétua na ILHA DO DIABO, Guiana Francesa.
Quando os oficiais de alta patente franceses se aperceberam de que havia fortes evidências da inocência de Dreyfus, tentaram ocultar o erro judicial. Tentaram acobertar essa fraude numa onda de nacionalismo que invadiu a França no final do século XIX. Realizou-se então um segundo julgamento o qual, mantendo a condenação, provocou a indignação de ÉMILE ZOLA, célebre escritor francês. Este, por sua vez, expôs o escândalo ao público por artigo publicado no jornal L'AURORE, numa famosa CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA intitulada “J’ACCUSE!” (Eu Acuso!). Nessa carta ZOLA fazia uma reprimenda à França, na pessoa de seu Presidente. Em um dos trechos, ele dizia:
“Como poderias querer a verdade e a justiça, quando enxovalham a tal ponto todas as tuas virtudes lendárias?"
Uma revisão do processo mostrou que um outro oficial do exército francês (Charles-Ferdinand Walsin Esterhazy) fora o verdadeiro autor das cartas e que agia como espião dos alemães.
Em decorrência disso, Dreyfus foi restabelecido parcialmente no exército francês. Ele nunca pediu nenhuma recompensa ao estado francês pela grande injustiça militar.
Emile Zola, o consagrado escritor francês, foi presumivelmente assassinado por desconhecidos quatro anos após ter publicado “J’ACCUSE!”.
O Caso Dreyfus é mostrado no filme “A vida de Emile Zola” (1937), dirigido por William Dieterle, e que ganhou o Oscar em 1938.
Feitas estas considerações, sinto-me também no direito de acusar.
Porisso, J’ACCUSE...
J’ACCUSE meus amigos Eduardo, Adnan e Abrahão, por terem me convencido de que uma garrafa de vinho tinto seco é bem melhor do que uma caixa de cerveja; dizem eles que no vinho há flavonóides, que faz bem para o coração...
J’ACCUSE minha esposa Denise, por insistir para que eu acorde às seis horas da madrugada e caminhe por uma hora, vários dias na semana, em um parque da cidade; segundo ela, um homem saudável é melhor que um desleixado...
J’ACCUSE meu tio Náufal por ter me inspirado o gosto pela música e pela literatura; afinal, sem música e literatura não há o que conversar...
J’ACCUSE meus amigos Daniel, Zé Américo e João, por insistirem em cantar comigo as músicas dos Beatles, mesmo que o dia esteja amanhecendo. Um homem é insignificante se não tem amigos...
J’ACCUSE meu amigo Renato, por gostar de ler e ouvir minhas histórias; alguém precisa nos ouvir e pensar no que dizemos, mesmo que seja alguma besteira...
J’ACCUSE meu professor Geraldo, por ter me ensinado onde fica cada nota no braço do violão; tocar violão sem respeito às cordas é uma indelicadeza, uma agressão...
J’ACCUSE meu amigo Abrahão por ter me receitado um remedinho bom prá caramba; ah... todo mundo precisa se cuidar, e eu não menos...
J’ACCUSE meu violão Di Giorgio, 1974, por me manter acordado até altas horas da madrugada; pois é ele quem abraço quando todos já foram dormir...
J’ACCUSE minha tia Anna por ter passado à minha esposa a receita do Trigo com Frango que minha avó fazia; no fim das contas, a reconciliação de Deus com o o diabo, ou de qualquer pessoa com seu inimigo se dará, não em torno de um prato de frango com quiabo conforme disse o Rubem Alves, mas sim em torno de um generoso prato de trigo com frango...
... e acuso muitos outros seres e objetos a quem quero bem. Afinal, cada um deles tem um pouco de culpa por eu ser como sou.
Uma empregada da embaixada alemã, na França, encontrou uma carta em um cesto de lixo e a entregou ao serviço secreto francês. Na carta havia indícios de que existia um oficial francês que fazia espionagem para os alemães. Alfred Dreyfus foi apontado como sendo o oficial francês, que era judeu, que poderia ter escrito a carta. Havia um forte anti-semitismo na França. Porisso ele foi considerado o principal suspeito. Submetido a um processo fraudulento, a portas fechadas, a carta foi usada como instrumento de acusação. Alfred Dreyfus foi julgado e condenado a prisão perpétua na ILHA DO DIABO, Guiana Francesa.
Quando os oficiais de alta patente franceses se aperceberam de que havia fortes evidências da inocência de Dreyfus, tentaram ocultar o erro judicial. Tentaram acobertar essa fraude numa onda de nacionalismo que invadiu a França no final do século XIX. Realizou-se então um segundo julgamento o qual, mantendo a condenação, provocou a indignação de ÉMILE ZOLA, célebre escritor francês. Este, por sua vez, expôs o escândalo ao público por artigo publicado no jornal L'AURORE, numa famosa CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA intitulada “J’ACCUSE!” (Eu Acuso!). Nessa carta ZOLA fazia uma reprimenda à França, na pessoa de seu Presidente. Em um dos trechos, ele dizia:
“Como poderias querer a verdade e a justiça, quando enxovalham a tal ponto todas as tuas virtudes lendárias?"
Uma revisão do processo mostrou que um outro oficial do exército francês (Charles-Ferdinand Walsin Esterhazy) fora o verdadeiro autor das cartas e que agia como espião dos alemães.
Em decorrência disso, Dreyfus foi restabelecido parcialmente no exército francês. Ele nunca pediu nenhuma recompensa ao estado francês pela grande injustiça militar.
Emile Zola, o consagrado escritor francês, foi presumivelmente assassinado por desconhecidos quatro anos após ter publicado “J’ACCUSE!”.
O Caso Dreyfus é mostrado no filme “A vida de Emile Zola” (1937), dirigido por William Dieterle, e que ganhou o Oscar em 1938.
Feitas estas considerações, sinto-me também no direito de acusar.
Porisso, J’ACCUSE...
J’ACCUSE meus amigos Eduardo, Adnan e Abrahão, por terem me convencido de que uma garrafa de vinho tinto seco é bem melhor do que uma caixa de cerveja; dizem eles que no vinho há flavonóides, que faz bem para o coração...
J’ACCUSE minha esposa Denise, por insistir para que eu acorde às seis horas da madrugada e caminhe por uma hora, vários dias na semana, em um parque da cidade; segundo ela, um homem saudável é melhor que um desleixado...
J’ACCUSE meu tio Náufal por ter me inspirado o gosto pela música e pela literatura; afinal, sem música e literatura não há o que conversar...
J’ACCUSE meus amigos Daniel, Zé Américo e João, por insistirem em cantar comigo as músicas dos Beatles, mesmo que o dia esteja amanhecendo. Um homem é insignificante se não tem amigos...
J’ACCUSE meu amigo Renato, por gostar de ler e ouvir minhas histórias; alguém precisa nos ouvir e pensar no que dizemos, mesmo que seja alguma besteira...
J’ACCUSE meu professor Geraldo, por ter me ensinado onde fica cada nota no braço do violão; tocar violão sem respeito às cordas é uma indelicadeza, uma agressão...
J’ACCUSE meu amigo Abrahão por ter me receitado um remedinho bom prá caramba; ah... todo mundo precisa se cuidar, e eu não menos...
J’ACCUSE meu violão Di Giorgio, 1974, por me manter acordado até altas horas da madrugada; pois é ele quem abraço quando todos já foram dormir...
J’ACCUSE minha tia Anna por ter passado à minha esposa a receita do Trigo com Frango que minha avó fazia; no fim das contas, a reconciliação de Deus com o o diabo, ou de qualquer pessoa com seu inimigo se dará, não em torno de um prato de frango com quiabo conforme disse o Rubem Alves, mas sim em torno de um generoso prato de trigo com frango...
... e acuso muitos outros seres e objetos a quem quero bem. Afinal, cada um deles tem um pouco de culpa por eu ser como sou.
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