sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O MUSEU NACIONAL DE ANTROPOLOGIA: MINHAS IMPRESSÕES A RESPEITO DA CIDADE DO MÉXICO - V


No período anterior aos espanhóis havia no México diferentes civilizações. Dentre elas, a olmeca, maia, zapoteca, mixteca, huasteca, tolteca e mexica (ou asteca). Para conhecermos um pouco desses antigos habitantes do México e da sua história, o que há de mais indicado é uma visita ao Museo Nacional de Antropologia que fica no bosque de Chapultepec. Pois para lá fomos nós. Tomamos o metrô e descemos na estação Auditorio, bem na entrada do Bosque. A avenida que separa o Museu do Bosque (Paseo de La Reforma), nesse trecho, é verde e úmida: há árvores por todos os lados. Caminhamos. A nossa direita, o Bosque; à nossa esquerda, o Museu.

(Avenida entre o Bosque e o Museu: Paseo de la Reforma - arq. pessoal)

Chegando no Museu, bem na calçada da Avenida, está o monolito que representa Tlátoc, o deus da chuva para os astecas. É uma peça enorme e belíssima. 

 (Monolito que representa o deus da chuva - entrada do Museu - arq. pessoal)

Na fachada de entrada do Museu está o escudo nacional do México: uma águia pousada sobre um cacto, com uma cobra no bico.




(foto de cima: entrada do Museu; detalhe - escudo nacional do México na fachada da entrada - arq. pessoal)

Entrando no Museu há um auditório, uma sala de exposições temporárias, os escritórios administrativos, uma livraria e uma loja de réplicas de peças do museu. Na parte superior, a Biblioteca Nacional de Antropologia e História. 

Logo em seguida, passando por uma porta onde compramos o bilhete de ingresso, há um enorme pátio, bem grande mesmo. Nesse pátio, chama a atenção uma enorme estrutura de concreto sustentada por um único pilar, como se fosse uma plataforma aérea sob a qual estão as muitas salas do museu. No térreo estão os achados arqueológicos do México antigo, com cada sala voltada para uma civilização ou região específica. No primeiro andar, as salas de etnografia.Tudo enorme e maravilhoso.

(pátio que dá acesso às várias salas do Museu - arq. pessoal)

(templo - ao fundo da sala dos astecas - arq. pessoal)

Além do deus da chuva na entrada do museu e de um templo asteca, eu estava ansioso por conhecer a pedra do sol, e as cabeças olmecas.  Eu havia visto uma réplica de uma cabeça olmeca pela primeira vez em Brasília, em dezembro/2010, quando conheci a embaixada do México e fiquei impressionado. Achei belíssima aquela homenagem aos antigos habitantes do México. Pude, agora, conhecer algumas cabeças olmecas originais no museu – e, claro, trouxe uma réplica para decorar meu local de trabalho.

 (cabeça que representa os chefes governantes Olmecas - arq. pessoal)

Quanto à Pedra do Sol, essa é uma paixão antiga. No Museu, essa pedra é o destaque da sala asteca. É enorme!! Belíssima! Vi várias réplicas dessa pedra quando visitei Tijuana, em 1974, e trouxe uma para presentear minha mãe. Essa réplica que trouxe, contudo, desapareceu... Pude então, agora, escolher uma outra réplica para marcar essa visita.  Essa pedra, indevidamente chamada de Calendário Asteca, conta o início do mundo asteca e traz inscrições ao redor do deus da terra ou do sol, no centro, representando os 20 dias do calendário ritual asteca - o qual tem 18 meses. Os astecas acreditavam que viviam no quinto e último sol que, para eles, era sinônimo de criação - e que já haviam existido quatro sóis. Tudo isso está entalhado na pedra do sol...

 ("Pedra do Sol" - conhecida como "Sol Asteca" - arq. pessoal)

Depois de um dia inteiro dentro do Museu, ouvindo os guias darem suas explicações (a outros visitantes), os grupos de turistas atentos, e ainda com muita coisa que não conseguimos ver, saímos lá de dentro muito cansados. Mas, na saída do Museu havia uma dezena de barraquinhas onde as pessoas se aglomeravam para ver as peças de artesanato expostas para venda... e também para comer tacos, doces, pipoca... Vimos ouro em forma de fruta: mangas!!. Havia muitas barraquinhas de frutas, como há muitas delas espalhadas por todas as regiões da cidade por onde passamos. Em especial as mangas que vendiam ali encheram minha  boca de desejo: eram cortadas em fatias e enfiadas em um copo de plástico. Amarelinhas... Não resistindo ao convite dos olhos e ao impulso do estômago, escolhemos um copo e, com um garfinho de plástico, metidos no meio daquele povo simpático, “enchemos a cara” – e a boca – de manga. Não contentes repetimos a dose, com a maravilhosa sensação de que estávamos tomados pelo espírito de todos os deuses e espíritos dos antigos habitantes do México. 

  (uma manga fatiada em um copo, na saída do Museu)

Ciudad de Mexico, agosto/2011

sábado, 20 de agosto de 2011

FRIDA KAHLO: MINHAS IMPRESSÕES A RESPEITO DA CIDADE DO MÉXICO - IV


("Paloma Negra" - Chavela Vargas)

 “Coyoacán” significa “lugar dos coiotes”. É um bairro artístico e boêmio. Foi nesse lugar que Hernán Cortez, colonizador espanhol, destruidor do império asteca e sanguinário “prá caramba”, fundou a primeira prefeitura do México.

Nesse bairro, na Calle Londres, 247, Frida Kahlo nasceu, viveu com o muralista Diego Rivera, e morreu. Sua casa, hoje, é o Museu Frida Kahlo, também conhecido como “Casa Azul”.



        Frida Kahlo, uma das artistas mais importantes do século XX, despontou na arte e na vida, apesar de ter sido acometida de paralisia infantil, e dos graves problemas de coluna decorrentes de um acidente de trânsito. Todos esses sofrimentos, inclusive os de forte paixão, estão traduzidos em sua obra e na intensidade das cores dos seus trabalhos. 

   

De San Pedro de lon Pinos, com duas conexões nas estações Tacubaya e Centro Médico, descemos na estação Coyoacán ao lado de um Centro comercial. Dali caminhamos por umas oito quadras, passando pelo parque Viveros de Coyoacán, chegando ao nosso destino: Museu Frida Kahlo. A casa na esquina é de um azul bem escuro, diferente, que chama a atenção de quem por ali passa.

Compramos o boleto de ingresso (65 pesos), pagamos mais sessenta para podermos tirar fotos, e entramos. A casa é enorme. Logo na entrada subimos uma pequena escada que dá acesso às salas, onde estão expostas algumas de suas obras, além de inúmeros objetos relacionados ao seu marido, Diego Rivera. Ali, além das pinturas de Frida, estão expostos diários, cartas, cerâmicas e outros objetos. Estão ali também a cadeira de rodas de Frida e um dos coletes ortopédicos que ela usava.

        Há em exposição menos obras do que imaginávamos que tivesse. Creio que grande parte de seu trabalho encontra-se em outros museus espalhados pelo mundo. Contudo, chamou-me a atenção a vivacidade das cores dentro daquela casa/museu. Cozinha de piso amarelo ouro; cadeiras e mesa igualmente amarelas; nas paredes, há uma centena de pequenos objetos dependurados. Uma festa! Em tom de brincadeira, e tomado pelo meu espírito de brasileiro convicto, “à moda Villa-Lobos”, disse a minha companheira que a Frida certamente havia estado na Bahia, de onde brotou toda inspiração para o desenvolvimento de seu trabalho... 



 

        Depois de ter levado uma pequena bronca amistosa, e de ter esboçado espontaneamente um sorriso infantil em decorrência da brincadeira, eu e a companheira descemos as escadas internas que dão acesso a um quintal. Enorme e belíssimo. Há uma fonte ao pé dos degraus, com muitas plantas, além de um templo asteca construído em homenagem a esse povo, ainda no tempo de Frida e Diego. 



        Sentamo-nos ali no quintal por um momento, olhando tudo aquilo, conscientes de que estávamos em um lugar onde a vida pulsou forte... e ainda pulsa com toda energia que ali chega e se renova, trazida por turistas de todo o mundo... nós inclusive. Quanto a mim, especificamente, a sensação foi de que recebi muito mais energia, encanto e estímulo do que levei... 



        Dali voltamos para o Hotel, não sem antes comprarmos em uma barraquinha do bairro uma cesta com a pintura do rosto da Frida.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

EL RINCÓN DEL MARIACHI: MINHAS IMPRESSÕES A RESPEITO DA CIDADE DO MÉXICO - III


Plaza Garibaldi... Em uma das esquinas estava a casa de shows: EL RINCON DEL MARIACHI. Dali de dentro vinha o som impecável de um grupo Mariachi que acompanhava um jovem cantor vestido de branco (Gabriel Castro). Olhamos tudo, detalhadamente, e não resistmos: impossível sair dali, deixar de lado aquele universo maravilhoso... Sentamo-nos à uma mesa em frente ao palco com os ouvidos atentos e os olhos vidrados em tudo que nos estava sendo apresentado naquele ambiente: pouca luz, enfeites coloridos por todos os lados, salão pequeno, “clima” de “boteco undergroud”... música e artistas de altíssima qualidade. Um verdadeiro mundo encantado para quem simplesmente tinha guardado na mente apenas imagens projetadas pelo cinema e pelo imaginário. Era exatamente como eu queria que fosse – com exceção das “Peleas de Gallos” que ali havia, segundo mostrava o folheto promocional.

Embalados pela Cerveza Indio, de fabricação mexicana, tequila e tacos, assistimos a apresentação de dois cantores, uma cantora, e um casal de bailarinos. No intervalo de uma música para outra os artistas perguntavam para cada casal da platéia de onde vinham e o que gostariam que cantassem. Ao descobrirem-nos brasileiros, gingavam o corpo e cantarolavam “Aquarela do Brasil”, do Ary Barroso. Claro que eu os ajudava na letra... O terceiro cantor, Juan Manuel, vestido de roupa de couro preta justíssima e também de sombrero preto - apelidado “El Bohemio de Mexico” -, ofereceu-me o microfone para “ilustrar” sua interpretação de uma das músicas que apresentava. Eu, com a timidez deixada para trás lá nos meus trinta anos, fazia o que podia para não decepcionar a ele ou a todos que ali estavam... e, “por supuesto”, não desapontar a mim mesmo. No final, disse que queria que lhe pedíssemos uma música. Eu, embalado pelo entusiasmo constante de minha companheira, sugeri de imediato “La Calandria”. Ele admitindo não se lembrar da letra, cantarolou trechos com a ajuda dos mariachis que o acompanhavam. Em seguida apresentou-a brilhantemente - com meu auxílio, modéstia à parte - nos trechos onde as palavras da letra lhe faltavam. No final foram muitos os aplausos (a ele, obviamente). 

(foto de cima - com Juan Manuel - "El Bohemio de Mexico"; foto do meio - Hafze-Ba no palco - "La Voz Angelical"; foto de baixo - com Hafze-Ba)

Trouxemos daquela praça e daquela apresentação vários abraços e muitas fotos dos cantores com esse brasileiro que, com muito prazer, escolheu de cada artista um CD com dedicatória e autógrafo marcando nossa estada ali naquela noite... que ficará eternamente na minha lembrança.

Ciudad de Mexico, 02ago2011    

PLAZA GARIBALDI: MINHAS IMPRESSÕES A RESPEITO DA CIDADE DO MÉXICO - II

Num final de tarde tomamos o metrô na estação Chilpancingo. Depois de duas conexões chegamos ao nosso destino: Estación Garibaldi! Saímos do metrô exatamente dentro de uma feira enorme de artesanato. Caminhamos por entre as barraquinhas dos artesãos e depois pelas ruas, já no final do horário comercial, a procura da Plaza Garibaldi. Eu havia lido em algum guia que a visita era imperdível para aqueles que são movidos a música, e que gostam de “enfronhar-se” pelas coisas tradicionais do povo: ver gente, barracas, sentir cheiro de rua, ouvir sons, enxergar luzes coloridas, cantar, tomar tequila...

No final de uma das ruas de segurança suspeita, com as lojas já fechadas e os trabalhadores se dirigindo para o metrô em direção oposta à que seguíamos, deparamo-nos com uma região fechada para o tráfego de veículos, repleta de cores e bandeiras do México, bares e restaurantes animados, cheios de vida... e de gente.  



Ainda não havia escurecido, apesar de já serem mais de oito horas da noite. À medida que seguíamos nessa enorme calçada, sem trânsito de veículos, o movimento de pessoas aumentava. Percebi que estava caminhando por entre estátuas de ídolos da música mexicana, sentindo como se estivesse caminhando por sobre um tapete vermelho, e recebendo as boas vindas de Pedro Infante, Jorge Negrete, Javier Solis e muitos outros... 





Chegamos, então, à praça. “Plaza Garibaldi”. Do meu lado direito, em um restaurante com uma grande quantidade de mesas e cadeiras na calçada, um grupo mariachi cantava alegremente para uma família. Parei para olhar...



À minha frente estava a “Plaza Garibaldi”, repleta de gente alegre, mariachis e vendedores de lenços femininos coloridos e roupas com motivos mexicanos. Presenteei minha companheira com um lenço bordô maravilhoso, comprado de um ambulante simpaticíssimo que em agradecimento pediu-me para que eu vestisse um poncho com as cores do México e tirasse uma foto ao seu lado.



Os Mariachis ali na praça estavam vestidos com roupas justas, em geral com sombreros, e ainda carregavam por todo lado seu instrumento musical. Fiquei parado, olhando, até que um dos membros de um dos grupos Mariachis veio com muita cordialidade e simpatia oferecer-me, ao custo de cién pesos, uma música, com toda pompa e requinte do estilo mexicano. Perguntei como era a dinâmica da praça, com a ideia de que em algum momento aquele incontável número de mariachis iria se organizar para uma apresentação mais formal. Que nada, a dinâmica era aquela mesmo: diversos grupos de mariachis, cada um tocando sua música para um cliente, numa “bagunça” maravilhosa de sons, vozes, e danças. Conversei com todos que se aproximavam, e não pedi que cantassem especialmente para mim posto que não queria deixar passar meu tempo detido diante de um grupo somente: queria aproximar-me de todos, ouvir todos... e cantar com todos! 



Ali mesmo na praça estava o Museu da Tequila e do Mezcal. Não pude visitá-lo porque estava fechado em virtude do horário. Mas entramos em um Mercado (Mercado San Camilito) ali na praça, construído em arcadas que lembram aquelas do Palácio do Governo Mexicano no Zócalo (ponto central da Cidade do México). Ali dentro a desordem estava organizada em cores, luzes, mesas e pequenos restaurantes, um ao lado do outro, cada um deles com garçons que se aproximavam para oferecer bebidas e pratos típicos mexicanos. Muito gentis todos eles, gostavam de ser fotografados, posavam para fotos, sorriam, e transmitiam uma vitalidade contagiante.



 
Ao sairmos desse mercado, voltando para a área da praça, a luz do dia já havia terminado e o movimento de pessoas e mariachis havia – em muito – aumentado. Encantado com tudo aquilo, e fotografando todas as formas de expressão daquele povo, percebi ao meu lado um senhor convidando-nos, a mim e a minha companheira, para conhecermos. Nós o seguimos com passos incertos por estarmos nos afastando daquela bagunça alegre que em muito nos agradava, mas resolvemos segui-lo na expectativa de podermos conhecer algo que não sabiamos o que era, nem quanto custava. Mas fomos...

Chegamos na porta da casa de shows: “El Rincón Del Mariachi”. Bom, mas o que vimos ali... conto depois.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

MINHAS IMPRESSÕES A RESPEITO DA CIDADE DO MÉXICO - I

 
A Cidade do Mexico vista de cima, à noite, reluz ouro e prata. As luzes amarelas e brancas da cidade, dispostas em blocos bem definidos, sugerem a existência de etnias distintas. Contudo, caminhando pelas calçadas e praças, envolvido na multidão que circula pelas ruas e pelas estações de metrô, observo seres humanos cordiais, simpáticos e prontos para conversar, dar atenção e prestar informações. Todos! São pessoas simples, com cabelos negros e estatura homogênea, com cor de pele resultante da miscigenação do europeu com o indígena, com predominância dos genes deste. São baixos em estatura. Raramente vejo algum homem calvo, dificilmente percebo pessoas de cabelos brancos ou obesas. Percebo que sou alvo de olhares pelo tipo físico, cabelos brancos e calvície acentuada. Sinto vontade de conversar com cada um destes seres que passam por mim; vontade de perguntar-lhes de suas vidas, de seus hábitos, de seus afazeres... Inicio um diálogo sempre que me sinto confortável para isso, e me alegro quando, perguntando se percebem pelo meu sotaque de onde sou, recebo em resposta um sorriso e uma expressão de alegria: “Ah, amigos de Brasil!”  

(Plaza Garibaldi - "Ah, amigos de Brasil !!" - arquivo pessoal)


De pé ou sentado, espremido nos bancos dos trens do metrô, observo a multidão chacoalhando conforme o carro se movimenta. Em geral entre uma estação e outra um jovem liga um aparelho de som adaptado a uma mochila que carrega em suas costas e, em alto volume, passa uma por uma das músicas que tem gravado em CDs que traz para vender. “Solamente diez pesos”, gritam o tempo todo... "Baratíssimo!", penso eu. Esforço-me para me conter e não comprar todos: mambo, bolero, pasodoble, mariachis... tem de tudo, e de ótima qualidade... Quando, mesmo espremido, consigo tirar do bolso a carteira de moedas, encho a mão de dinheiro e compro de tudo com a alegria de menino deslumbrado que adquire um mundo inteiro de informações de um povo que vive em uma região do mundo culturalmente riquíssima, na certeza de que recebo muito mais do que estou dando em troca. 

(Estação de metrô da Ciudad de Mexico: Zocalo - arquivo pessoal - 03ago2011) 


Ciudad de Mexico, 04agosto2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SEIS DE AGOSTO


Em retribuição aos cumprimentos dos amigos pelo dia seis de agosto, e a quem possa interessar, nos meus cinquenta e poucos anos:


Sapato Velho

Composição: Mu - Claudio Nucci - Paulinho Tapajós

Você lembra, lembra!
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho
De cowboy...
Você lembra, lembra!
Eu costumava andar
Bem mais de mil léguas
Prá poder buscar
Flores-de-maio azuis
E os seus cabelos enfeitar...
Água da fonte
Cansei de beber
Prá não envelhecer
Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo pôr-de-sol
Hoje não colho mais
As flores-de-maio
Nem sou mais veloz
Como os heróis...
É! Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...
Água da fonte
Cansei de beber
Prá não envelhecer
Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo pôr-de-sol
Hoje não colho mais
As flores-de-maio
Nem sou mais veloz
Como os heróis...
É! Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...
Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...
("Um par de sapatos" - Vincent Van Gogh, 1886)

(foto: "aquele tempo" - 1978 - arquivo pessoal)