quarta-feira, 26 de março de 2014

CRAZY


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR)
("Crazy" - Patsy Cline)


     Uma das estações de rádio que gosto de ouvir no computador chama-se SKY.FM-OLDIES. Tem um bom astral. Em sua programação estão as músicas norte-americanas que fizeram sucesso de 1960 até uns 15 anos atrás, por aí. Agora há pouco puseram para tocar “Crazy”, interpretada por Patsy Cline. Lembro-me de que gostei dessa música desde a primeira vez que a ouvi na trilha sonora de um filme - isso muito antes do aparecimento do micro computador. E, logo em seguida, comprei o LP para ouvi-la sempre que quisesse. Gostava (e ainda gosto) de cantá-la em casa acompanhando-me ao violão - para tortura de ouvidos que eventualmente me ouviam. 

      Aqui no Brasil essa música fez sucesso na voz do Julio Iglesias em disco seu do ano de 1994. Nunca fui muito atraído para as gravações do Julio Iglesias. Por isso, só descobri agora que essa música foi um dos temas da telenovela “A Viagem” da rede Globo (dir. Ivani Ribeiro, 1994). 

      "Crazy", composta por Willie Nelson em 1961, é uma música “country”. Foi também um dos temas do filme “Coal Miner’s daughter – o destino mudou sua vida” (Michael Apted, 1980) -, que conta a vida de uma grande cantora, Loretta Lynn, amiga de Patsy. Belíssimo filme. Gosto de revê-lo.

     Patsy Cline morreu em um acidente de avião, em março de 1963, aos 30 anos de idade. Sua gravação de "Crazy", em 1962, fez muito sucesso nos Estados Unidos.

      Gosto das duas gravações, tanto da Patsy Cline quando do Julio Iglesias. Mas gosto em especial da gravação de Beverly D'Angelo que está na trilha sonora do filme. 

(Capa da disco da trilha sonora do filme. Na imagem, Loretta, a personagem da Sissy Spacek - em: http://theband.hiof.no/band_pictures/coal_miners_daughter.jpg)


     Mas, como toda história de vida é única, todo artista coloca muito de si mesmo nas gravações que faz. No presente caso tanto a história da Patsy Clyne quanto da Loretta Lynn e do Julio Iglesias são interessantes. Cada história traduz um estilo de vida ilustrando os traços de um tempo. E nós, ao ouvirmos essas gravações, inevitavelmente somos levados a nos perguntar: 

     - "Qual delas é melhor? qual traduz com maior coerência a emoção da música refletida no estilo de vida pessoal transmitido pelo artista?" 

     Talvez a resposta a essas perguntas esteja na combinação do nosso perfil pessoal com as imagens que cada interpretação suscita... 

     ...ou então, pensando bem, não há gravação melhor ou pior, mais ou menos coerente: cada uma, assim como cada um de nós, tem a beleza (e a loucura) própria de seu tempo. 


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR)
("Crazy - Julio Iglesias)


quinta-feira, 13 de março de 2014

NASCENTE



(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR)
Milton Nascimento -"Nascente", de Flávio Venturini e M. Antunes
 

     Os anos compreendidos entre 1976 e 1980, durante os quais estive na universidade, foram muito marcantes para mim. Uma noite, não me lembro precisamente em qual desses anos, sem nenhuma companhia, em um evento pouco prestigiado no salão do Diretório Acadêmico, indiferente a tudo o que se passava ao meu redor, um rapaz subiu ao palco com um violão, e começou a cantar uma música que me fez acordar daquela apatia em que eu me encontrava. Despertei. Fiquei atento à letra... "Clareia... manhã... (...)"

     Sem procurar aplauso dos poucos ali presentes, o rapaz cantava na quase escuridão, com a face direcionada para uma garota. Ela, de pé diante do palco, cantava também, direcionando seu olhar a ele. A música..., linda..., eu a ouvia pela primeira vez. Eu a ouvia atentamente, letra e melodia, e sentia o coração bater forte ao imaginar o que parecia ser o nascimento de uma história de amor... uma história que poderia ser momentânea, temporária ou duradoura... quem poderia dizer?


Fonte: http://daydreamore.files.wordpress.com/2012/12/black-and-white-boy-girl-guitar-life-favim-com-352005.jpg

     Nunca mais me esqueci daquele momento, naquela noite que, para mim, foi protagonizada por dois jovens, embalados por "Nascente" - a música que, depois, descobri qual era.

     Lembro-me que saí do Diretório com ideias de infinito, de eternidade... E caminhando pela calçada, encostei-me em uma parede, diante de um carrinho de lanches que fazia ponto na esquina. Com um sanduíche em minhas mãos, segui o meu caminho até a praça central da cidade. Sentei-me em um banco entre os jardins, e fiquei quieto, pensando, esperando o dia amanhecer.

     Não sei porque, mas hoje me lembrei daquele casal, que nunca conheci, com o desejo de que, naquela noite, entre eles, um grande amor havia nascido... e que aquele grande amor, nascido na inspiração de uma música tão bonita, manteve-se intenso por todos os anos passados, desde então, para durar até os dias de hoje, para durar para sempre.



*NASCENTE
(Flávio Venturini/Murilo Antunes)

Clareia
Manhã
O sol vai esconder
A clara estrela
Ardente
Pérola do céu
Refletindo
Teus olhos
A luz do dia a contemplar
Teu corpo
Sedento
Louco de prazer
E desejos
Ardentes