segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA: MINHAS IMPRESSÕES A RESPEITO DA CIDADE DO MÉXICO - VI


("La Adelita" - louvando a participação da mulher na revolução mexicana)

Benito Juarez, Emiliano Zapata, Pancho Villa, Francisco Madero, Porfirio Diaz, e tantos outros nomes sempre foram para mim personagens de livros de História e das telas de cinema. Um belo dia, caminhando por uma estação de metrô, me dou conta de seu nome: “ZAPATA”. Há gente por todo lado, numa movimentação nervosa de cidade grande. Afasto-me um pouco da multidão, encosto-me em um canto qualquer, e me detenho a observar aquela agitação toda. Sem querer sou levado em pensamento à entrada do único cinema de Guará – o “Cine Guará” -, em meados dos anos 60 nas matinês de domingo, quando havia troca de gibis entre toda a meninada: Mandrake, Fantasma, Luluzinha, Capitão Marvel, Tio Patinhas, Zorro, Príncipe Valente e muitos outros. Pois foi no Cine Guará que pela primeira vez assisti “Viva Zapata”, filme de 1953 dirigido por Elia Kazan, que conta a história de Emiliano Zapata -  líder da revolução dos lavradores mexicanos contra a dominação dos grandes proprietários de terras que haviam tomado as terras dos camponeses.

Seguindo pelas estações, mais a frente, observo as imagens que ilustram seus nomes. Chego à Estación Juarez. Homenagem a Benito Juarez, estadista liberal mexicano que resistiu à ocupação francesa, derrubou o imperador Maximiliano, e restabeleceu a república: é lembrado como o maior e mais amado líder mexicano.

        Movido por essas histórias e esses meus pensamentos, dedico minha tarde a visitar o Museu Nacional de História, no Bosque de Chapultepec, do outro lado do Museu de Antropologia. Chego ali depois de passar pelo Monumento aos Meninos Heróis.

("Monumento aos Meninos Herois" - arq. pessoal)

É início de uma tarde de quarta-feira e o local está movimentadíssimo. O Palácio Nacional – que é o prédio onde está o Museu - foi construído no topo de um morro de onde se pode ver, além do Monumento aos Meninos Heróis, uma boa parte da Cidade do México.

(Vista da cidade, a partir do Palácio Nacional - arq. pessoal)

Esse Palácio foi inicialmente uma mansão de repouso, em seguida adaptado para sede militar, e depois residência oficial de vários presidentes republicanos - inclusive do imperador Maximiliano. Por fim, tornou-se o Museu Nacional de História em 1944. 

 


(vista da entrada do Palácio - arq. pessoal)


         Chegando ali minha ansiedade era muito grande para conhecer tudo. Iniciei meu passeio pelas salas onde estão as carruagens de Maximiliano e Benito Juarez - este, que exerceu grande parte de seu governo republicano dentro dessa carruagem.

(Carruagem de Benito Juarez - arq. pessoal)
       
        Passado o hall de entrada com as carruagens, o acesso à parte superior do Palácio é por uma escadaria com murais que ilustram a História do México.




 (Escadaria de acesso ao piso superior, com murais da História do México)

Das escadarias pode-se ver nas paredes também, além de outros, dois murais de Antonio González Orozco ilustrando a entrada triunfal de Benito Juarez no Palácio Nacional acompanhado de seu gabinete.



(Mural superior: entrada de Benito Juarez; Mural inferior: combatendo as forças francesas)


        Internamente, as salas são majestosas: sala de leituras do imperador Maximiliano, sala de jogos dos governantes que ali moraram, sala de reuniões de sobremesa e “fumódromo”, sala de jantar, sala de retratos, salão de chá e muitas outras salas. No piso superior, belíssimos são os vitrais que mostram as elegantes figuras de cinco deusas que encarnam na mitologia os atributos femininos. 



 (Vitrais com deusas da fertilidade - arq. pessoal)

        Na parte mais alta do Palácio está o Jardim de Alcazar, local predileto do imperador Maximiliano quando ali viveu.

(Jardim do Palácio - Alcazar - arq. pessoal)

        É, enfim, um lugar maravilhoso. Da sacada do Palácio, o que se vê é de grande beleza.

(Vista a partir de uma sacada do Palácio - arq. pessoal)

 Ao passar por aquele edifício, a imagem que me veio foi a do momento em que o então humilde povo mexicano, sustentando a república, depara-se com a imponência do Palácio e aprisiona o imperador Maximiliano. Ao mesmo tempo, a imponência do Palácio com a visão de uma capital pela frente contrasta-se com a porta de entrada do Cine Guará: adentrá-lo significava correr o mundo pela tela de um cinema. Foi ali que, em “Viva Zapata”, pela primeira vez, vi esse Palácio – hoje o Museu Nacional de História.

        Saí do Museu já no final da tarde carregado de personagens e histórias. Caminhando vagarosamente pelo enorme e movimentado Bosque de Chapultepec, comprei um saquinho de pipoca e, comendo, segui pensando na grandeza das coisas construídas pelo homem, suas histórias, seus feitos, sua ambição de poder... Mas pensei também na grandeza maior ainda existente nos homens que, sem construir edifícios materiais, erguem templos às virtudes e dedicam-se às causas que beneficiam e dignificam um povo todo - e que, porisso, merecem ser eternizados.

2 comentários:

  1. Elias, continuamos a viajem, estou de carona, e adorando a história deste povo através dos seus olhos!!! Beijos

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  2. Obrigado, Cleu, por seu carinho e sua atenção constantes.

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