segunda-feira, 6 de agosto de 2018

CORAÇÃO SELVAGEM - AOS 120


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Belchior, dele, "Coração Selvagem"
https://www.youtube.com/watch?v=fR1XQgNiT0M


"Vem viver comigo, vem correr perigo"
(Belchior)


     "Coração Selvagem", do Belchior, retrata muito bem o jeito que eu gostaria de ser: eternamente jovem, instintivo, valente, intenso, despreocupado, inconsequente...

     Gostaria que os meus amigos, quando ouvissem "Coração Selvagem", lembrassem de mim. E, com essa lembrança, lhes ocorresse um pensamento:

     - "Puxa, essa música é a cara do Elias!"

     Creio que assim seria se eu fosse menos angustiado, se eu tivesse menos medo de errar nas escolhas, se eu não me sentisse abatido com os desacertos... Assim seria se eu conseguisse me levantar com facilidade, dar um chute na insegurança, e ter ânimo para estar sempre recomeçando!

     Queria saber me desprender das certezas... Queria não ter medo de começar tudo de novo (com paixão), se preciso fosse.

Coração Selvagem
Belchior

Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim
Sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja
No seu copo, no seu colo e nesse bar

Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa
Eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde
Eu quero o corpo, tenho pressa de viver

Mas quando você me amar
Me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo
Tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro ver e saber que eu te amo

Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente
Sim, já é outra viagem
E o meu coração selvagem tem essa pressa de viver

Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida
Vida, pisa devagar, meu coração, cuidado, é frágil
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela

Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser

Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo, vem morrer comigo
Meu bem, meu bem, meu bem

Talvez eu morra jovem, alguma curva no caminho
Algum punhal de amor traído completará o meu destino

Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo, vem morrer comigo
Meu bem, meu bem, meu bem

Meu bem, meu bem, meu bem
Que outros cantores chamam baby
Que outros cantores chamam baby
Que outros cantores chamam baby


     Mas acontece que não sou assim; nunca fui assim. E se nesses meus 60 anos não consegui ser nada do que "Coração Selvagem" propõe, como posso querer me imaginar "descolado", arriscado e inconsequente? Quando vou conseguir seguir adiante, por qualquer caminho que se puser à minha frente, sem sentir preocupação pela consequência das escolhas?

     Bom... para alterar esse meu jeito preocupado de ser, acho que vou precisar de mais uns sessenta anos - pelo menos. Mas não desisto: vou me esforçar pra chegar aos cento e vinte - de preferência com todos os meus amigos e familiares por perto, para que possam ver que consegui me tornar um pouco mais leve.

2 comentários:

  1. ...interessante isto ! É a cara do Elias.

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  2. Talvez só seja possível imaginar-se a agir como Belchior em Coração Selvagem ao descobrir uma paixão arrebatadora.
    Há menos de 10 dias eu sequer conhecia esta música. Coincidentemente, em uma experiência no Ceará, pude compreender na pele. Lamento o fato deste grande poeta já ter partido. Porém, ficará para sempre nas músicas. E poderá sempre despertar em nós intensos sentimentos.

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