sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MARIZA: EM PORTUGAL, PELO FADO


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Mariza em "Gente da Minha Terra", no  "Concerto em Lisboa" - 2006
(os arranjos desse show são do brasileiro Jacques Morelembaum)


     Essa é a MARIZA. Nasceu em Moçambique e, ainda criança, foi morar em Portugal. MARIZA é fadista. Eu a descobri há poucos anos em um vídeo do youtube. Depois de ouvi-la cantar “Gente da Minha Terra” passei a querer compreender melhor o fado e os fadistas. A meu ver, nenhum transmite tamanho conteúdo emocional quanto Mariza... nem mesmo Amália Rodrigues ou Carlos do Carmo. Em um pequeno paralelo, a Mariza está para o fado assim como o Piazzolla e o Goyaneche estão para o tango, a Billie Holiday para o jazz, e a Elizeth Cardoso para a música brasileira.

     Além de muito bonita, Mariza canta, encanta, e inspira. Me inspirou a gostar de fado, me inspirou a querer conhecer Portugal.


     Pela proximidade geográfica, o Brasil sempre procurou encontrar maiores afinidades com as nações da América latina. Contudo, em função das diferentes colonizações (espanhola e portuguesa), as diferenças culturais são enormes. Ouvindo um pouco de fado, não é difícil constatarmos: a alma brasileira identifica-se muito mais com a alma do povo português do que com a dos povos da América do Sul. Estamos muito mais próximos de Portugal do que dos nossos vizinhos sul americanos.


     Há, em especial, a afinidade sentimental contida na palavra “saudade”. Em relação a ela, Vinícius de Moraes (com Homem Cristo, português), em 1968, assim sentiu a distância e a proximidade de sua terra natal:



O sal das minhas lágrimas de amor criou o mar
Que existe entre nós dois para nos unir e separar
Pudesse eu te dizer a dor que dói dentro de mim
Que mói meu coração nesta paixão que não tem fim

Ausência tão cruel, saudade tão fatal,
Saudades do Brasil em Portugal.

Meu bem, sempre que ouvires um lamento
Crescer desolador na voz do vento
Sou eu em solidão pensando em ti
Chorando todo o tempo que perdi

     Nesse fado Vinícius observa que o mar que separa é o mesmo mar que une... separe e une; lágrima, distância, união: e isso, traduzindo "saudade", ilustra a forte identidade luso-brasileira.

2 comentários:

  1. Sem dúvida, uma belíssima analogia. O mar a nós separar e paradoxalmente a nos unir. Quanta poesia; quanta saudade!

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    1. Obrigado pela visita ao blog e pelo comentário: seja sempre bem vindo/a.

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